Doação de empresas para campanhas é suicídio, diz Humberto
Senado deve votar texto base da reforma política nesta quarta-feira (2). Financiamento de campanha é um dos temas mais polêmicos sobre o assunto
O texto base da proposta da reforma política deve ser analisado pelos senadores nesta quarta-feira (2). O debate sobre as novas regras, no entanto, iniciou de forma acalorada nessa terça (1°) quando o tema financiamento de campanha foi exposto pelos parlamentares. O líder do PT na Casa, senador Humberto Costa, defendeu o fim da doação de empresas privadas nas campanhas eleitorais como medida mais importante da reforma. O petista é um dos que respondem a processos no Supremo Tribunal Federal (STF) por indícios de participação nas irregularidades em contratos da Petrobras para o pagamento de propinas em campanhas.
“Continuar com esse modelo é suicídio político”, declarou. Segundo Humberto, a proibição de tal financiamento é a maior contribuição que o Congresso Nacional pode dar para o fortalecimento da democracia e o fim da corrupção e do poderio econômico nas disputas.
“Se não votarmos o fim das doações eleitorais privadas, não teremos feito absolutamente nada. Teremos feito arremedo de reforma. É preciso promover uma reforma política significativa e forte nesse setor. Cabe a nós decidirmos se continuaremos com esse modelo cheio de mazelas ou se vamos dar um passo para o futuro do Brasil”, acrescentou.
Para Humberto, uma simples avaliação dos maiores escândalos da história recente do Brasil mostra que, ainda na ditadura militar e passando pelo governo de transição e os eleitos posteriormente, o tema do financiamento de pleitos sempre esteve presente como raiz do problema.
Atualmente, de acordo com o senador, buscar financiamento para campanhas no país tornou-se uma atividade insalubre e de altíssimo risco, tanto aos políticos quanto aos empresários. “Quantas empresas foram arroladas em processos da Lava Jato? Quais serão as empresas que doarão nos pleitos municipais do ano que vem? Só aquelas que têm relação com as prefeituras, quase que obrigadas, com medo de retaliação”, disse.
Ele ressaltou ainda que há situações de uma mesma empresa ser criminalizada ao doar recursos para um partido 'A' e inocentada ao financiar um partido 'B'. “Para o A, a Justiça pode julgar que é feito com caixa específico de recursos ilegais. Para o B, diz que é dinheiro lícito. É uma situação absurda", lamenta.
Primeiramente, os parlamentares irão votar o texto base da proposta, depois, irão analisar destaques e emendas ao texto. A decisão final sobre o tema será da Câmara dos Deputados, de onde os projetos tiveram origem.