Impeachment é um disfarce de eleição indireta, crava Dilma

De passagem por Pernambuco, nesta sexta-feira (6), a presidente também afirmou que não será varrida para "debaixo do tapete" e não pretende renunciar

por Giselly Santos sex, 06/05/2016 - 17:37
Chico Peixoto/LeiaJáImagens/Arquivo Em terras sertanejas, Dilma Rousseff também pontuou que ficará de coração partido caso não esteja presente na inauguração da Transposição do Rio São Francisco, prevista para 2017 Chico Peixoto/LeiaJáImagens/Arquivo

Horas depois do parecer que recomenda a admissibilidade do impeachment ser aprovado em comissão no Senado, a presidente Dilma Rousseff (PT) afirmou que o processo em tramitação é um disfarce para eleições indiretas. Cumprindo agenda em Cabrobó, no Sertão de Pernambuco, a petista reforçou a falta de legitimidade do pedido de afastamento dela da Presidência e disparou contra os que apontam cortes nos programas sociais como a solução para a crise econômica nacional. 

“O impeachment é uma forma disfarçada de eleição indireta. Isso acontece porque se eles forem para eleição direta o povo não vota neles”, cravou após visitar a Estação de Bombeamento EBI-2, do Eixo Norte do Projeto de Integração do Rio São Francisco. Sem citar nomes, Dilma Rousseff justificou a ausência de votos direcionados a oposição pela falta de propostas, principalmente as sociais. 

Pontuando ter sido eleita com o voto de 54 milhões de brasileiros, “maioria deles, isso inclusive foi objeto de alguns preconceitos, eu conquistei aqui no Nordeste”, Dilma alegou que os defensores do impeachment acham os projetos sociais, como o Bolsa Família, um tipo de “gasto desnecessário”. “Na minha eleição eu me comprometi com várias coisas, ninguém votou em mim por conta dos meus belos olhos. Votaram em mim porque eu tinha compromisso, porque eu tinha programa e lá estava escrito: o Bolsa Família é muito importante, o Minha Casa, Minha Vida gera lar e a integração do São Francisco, a água para todos, desta solução fantástica”, observou a presidente. 

Com notáveis possibilidades de começar a ser julgada, caso o impeachment seja instaurado, a presidente disse que tinha orgulho das escolhas que fez para a gestão. “O governo deve ser julgado pelas escolhas que fez. Tenho imenso orgulho das escolhas que fiz. Este golpe tem um motivo: o Brasil mudou nestes 13 anos. As pessoas ganharam auto-estima e dignidade”, observou.

Sobre a defesa da oposição de que ele renunciasse ao cargo, evitando assim um julgamento e a possibilidade da perda de direitos eleitorais, Dilma Rousseff reafirmou que não pretende deixar o comando do país. “Eles sempre quiseram que eu renunciasse. Sabe o tapete, você levanta e esconde a sujeira, se eu renunciar vou para debaixo do tapete. Não vou para debaixo do tapete. Vou ficar aqui brigando. Eles estão condenando uma pessoa inocente”, declarou. 

Em terras sertanejas, Dilma Rousseff também pontuou que ficará de coração partido caso não esteja presente na inauguração da Transposição do Rio São Francisco, prevista para 2017. “Se tiver uma coisa que eu vou ficar muito triste na minha vida é não ver aqui o dia em que a dona Maria ou o senhor João vai abrir a torneira e ver água saindo. Meu coração vai ficar partido. É uma grande injustiça. Nós lutamos para fazer esta obra e fizemos os projetos”, frisou, lembrando que a intervenção é uma das prioridades da gestão dela e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). 

A presidente voltou ainda a alertar que para um impeachment legal é necessário a comprovação de crime de responsabilidade. “Ora eu não tenho conta no exterior, não recebo propina, então eles inventaram uma coisa chamada pedalada fiscal”, disparou, lembrando que ela não é a única a recorrer às chamadas pedaladas fiscais e aos decretos complementares. “Sou acusada de seis decretos, do mesmo tipo dos meus seis ele [Fernando Henrique Cardoso] fez 30”, acrescentou. 

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