Humberto: 'É perfeitamente possível trazer Dilma de volta'
Líder do PT afirmou que ainda acredita na reversão dos votos de senadores e pontuou que intensificará as articulações para a próxima etapa do processo de impeachment
Líder do PT no Senado, Humberto Costa (PT) lamentou a aprovação do relatório do senador Antônio Anastasia (PSDB-MG), que tornou a presidente afastada Dilma Rousseff (PT) ré do processo de impeachment, mas afirmou acreditar na reversão dos votos dos senadores para o julgamento final. O parlamentar aposta na estratégia do convencimento, o que será uma tarefa difícil, visto que da admissibilidade, quando a petista foi afastada do cargo, para esta votação, Dilma perdeu um voto e o impeachment ganhou quatro.
“É perfeitamente possível conquistarmos os votos necessários para trazer a presidente de volta. Este trabalho vai ser feito na base do convencimento, mas esperamos que outros fatores supervenientes possam contribuir para mudar os votos dos senadores”, salientou, pontuando que a bancada vai se concentrar na votação final.
Indagado sobre a estratégia não ter dado certo para a apreciação do parecer da fase de pronúncia, o senador amenizou. “O posicionamento definitivo dos senadores vai ser decidido na última semana. Mantivemos os votos que tivemos naquela votação da admissibilidade, agora vamos intensificar as conversas. Eles, mesmo com toda máquina, as verbas e a conversa, não tiveram o crescimento que alardearam”, argumentou.
Minutos antes da aprovação da continuidade do processo, por 59 votos a 21, Humberto Costa foi à tribuna do Senado para reafirmar a posição contrária da bancada ao relatório. O parlamentar afirmou que considerava o texto produzido pelo tucano absolutamente falho e sem provas sobre a prática de crime de responsabilidade, primordial para o afastamento da chefe do Executivo – como prevê a Constituição Federal.
“Em nenhum momento durante todos esses meses de trabalho, nem o senador Anastasia, nem as testemunhas e os senadores que apoiam esse impeachment conseguiram comprovar a existência de crime de responsabilidade praticado pela presidenta da República. Infelizmente, diante da situação, não podemos tratar a questão como outra coisa a não ser golpe. É um golpe parlamentar”, considerou.
Próximas etapas
A votação concluiu uma sessão iniciada na manhã do dia anterior e que durou cerca de 17 horas. Ela foi presidida pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski. Foram 47 discursos de senadores e manifestações dos advogados da acusação, Miguel Reale Júnior, e da defesa, José Eduardo Cardozo.
A partir de agora, abre-se um prazo de 48 horas para que a acusação ofereça seu libelo (narração do fato em julgamento e pedido da pena) e indique até seis testemunhas para serem ouvidas em Plenário. Logo depois, a defesa terá outras 48 horas para apresentar o seu contraditório, além de também indicar até seis testemunhas.
Concluída essa etapa, Lewandowski marcará a data do início do julgamento, notificando as partes com antecedência de dez dias.