Professor Ivanildo ataca os políticos de carreira

Candidato do PRTB à prefeitura de Belém responsabiliza os políticos tradicionais por "tudo o que há de ruim, de desgraça, de corrupção"

qua, 28/09/2016 - 17:20
Divulgação Professor Ivanildo promete "ajeitar" Belém Divulgação

Candidato à prefeitura de Belém pelo PRTB, o professor Ivanildo Gomes afirma não seguir ideologias partidárias e diz que não balança bandeiras. O mote de sua campanha gira em torno do fato de ser um cidadão, e não um político de carreira.

Casado, Ivanildo Gomes tem 61 anos e é  licenciado em Letras-UFPA, Mestre em Linguística, Especialista em Língua Portuguesa, Pós-Graduado em MBA em Gestão de Projetos na Administração Pública, Pós-Graduando em Libras, Moderador em DG e Analista de Pesquisa de Mercado, Opinião e Pesquisa. Veja, a seguir, a entrevista do candidato, mais uma da série preparada pelo LeiaJá. 

* Quem é o professor Ivanildo?

O professor Ivanildo é um cidadão que se apresenta como um não político. Político, na acepção da palavra que eu uso, é político de carreira; aquele que faz carreira política, que opta pela carreira política. Eu sou cidadão, professor de escola pública, licenciado em Letras, Mestre em Linguística, especialista na área de administração de projetos na gestão pública, gestão de pessoas, gestão por competência, pregoeiro, licitador, servidor público da SEDUC há 24 anos e cristão católico praticante. Fundei um movimento de solidariedade que presta ajuda assistencial às pessoas que precisam e que nunca pensou em ser candidato a cargo público algum, veio de um movimento no Brasil contra a corrupção e que atendeu a um pedido dos promotores de Curitiba e de apoio total juiz Sérgio Moro, apoio à Lava Jato. Um dos dez itens contra a corrupção seria não reeleger político profissional e o cidadão de bem se lançar candidato às eleições para verificar se o povo brasileiro realmente quer acabar com a corrupção, quer dizer não à política que está aí, quer dizer não aos políticos de carreira e que não votam também por ideologia. Este é o professor Ivanildo.

* O senhor recebeu um convite para aderir ao partido e ingressar na carreira política? Como se deu esse processo?

Eu não ingressei na carreira política, eu estou disputando um cargo público, que é o de gestor da cidade, até pela formação que eu tenho dentro da área de gestão, e minha formação humana e cidadã enquanto professor que está em sala de aula. Eu responsabilizo os maus políticos por tudo que há de ruim, de desgraça, de corrupção, de morte por falta de assistência médica, por falta de oportunidade, pelo crescimento da violência. Eu culpo os políticos de carreira; é por isso que eu não aceito nenhuma comparação ao me chamarem de ‘ah, você está concorrendo a cargo político’. Não. Público é diferente, público não é político. Político é aquele que você faz a distribuição, depois, dos cargos e você vende a sua alma ao diabo. Público é aquilo que você é servidor, como eu sou. O meu patrão é o aluno que está na sala de aula, é o pai, é a mãe dele, é o cidadão. Eu sou a favor da eleição sem partido, eu me sinto mal sendo candidato por um partido, porque eu não defendo bandeira de partido, eu defendo a bandeira do cidadão. A lei é clara, quem vota tem o direito de ser votado, então se eu quisesse ser candidato a um cargo público bastava eu pegar meu título de eleitor, ir ao TRE e dizer que eu quero concorrer à eleição, e isso me faz bem, porque eu não defendo ideologias, eu defendo ideias. Não aceito nenhuma acepção a mim dizendo se eu sou de direita ou se eu sou de esquerda. Eu tenho braço esquerdo e braço direito, e tenho um tronco no centro. Eu sou cristão, a minha única ideologia, se existir, é Deus, meu único mentor é Jesus Cristo. Então, eu fui convidado a entrar no partido para ser candidato, declinei três vezes; eu já não entrei pelo partido, entrei pela pessoa, que é presidente do partido aqui na região, e que também faz trabalho humanitário. A minha campanha é feita exatamente como qualquer cidadão quer: é uma campanha limpa, é uma campanha que eu não faço carreata, pois eu sei o que é passar uma carreata barulhenta na porta de quem tem criança ou de uma pessoa hipertensa, como eu sou, que tem uma sogra com Alzheimer e sei como ela fica quando passa uma carreata com barulho. Então, a minha campanha talvez não seja conhecida; as pessoas estranham o fato de e eu ser um candidato, mas eu sou um candidato com princípios.

* Apesar de dizer que não lhe agrada a questão partidária, o PRTB é um partido que diz lutar em defesa da família. Como o senhor se relaciona com a luta em defesa da família no partido?

Com relação ao partido, não é que eu desgoste, é que eu não optei por partido. O lema do partido é um lema que eu defendo: ‘Família e pátria’. Quem não defende família e pátria? Agora, defender família e pátria não é assumir ideologias. Eu sou contra qualquer forma de ideologia que leve ao sectarismo, ao radicalismo, pra isso nós estamos vivendo o Estado Islâmico, pra isso nós tivemos o nazismo, pra isso nós tivemos o fascismo, então nós não podemos ser xiitas nem de esquerda, nem de direita; e eu não sou de esquerda nem de direita, eu sou um ser humano cristão, católico, que frequenta uma igreja que tem exatamente os meus princípios, e a família é um deles, pois sou um bom pai, tenho filhos maravilhosos, tenho minha esposa há 28 anos, e acho que a família é a base de tudo.

* O senhor afirma que é cristão. Isso pode de alguma forma afetar no apoio ou na forma de conduzir políticas públicas para a população LGBT da cidade?

Se todos nós tivéssemos o princípio cristão que eu tenho baseado no são Francisco de Assis e numa passagem bíblica, ‘tive fome, me deste o que comer, tive sede, me deste o que beber’, padrinho e tio de Maicon, aluno de Letras e homossexual, você acha que como cristão eu aceito qualquer tipo de discriminação? Jesus Cristo não discriminou ninguém. Meu princípio diz que todos somos iguais, porque a natureza nos limita, nós nascemos pelo mesmo processo da criação, somos limitados pela natureza humana, um pobre, um rico, um branco, um negro, um homem, uma mulher, um hétero, um homossexual. Se nós pegarmos todos e colocarmos dentro de uma câmara de gás por uma hora, ao abrir, o que você vai encontrar ali dentro são seres humanos mortos. Nós somos humanos, nós podemos ter pigmentos de pele diferentes, nós podemos ter opção sexual ou prazer sexual diferentes, eu posso pensar e agir de forma diferente, mas nós somos iguais na natureza. Se um de nós perder uma perna, o rico pode pegar a perna mais moderna e mecânica, um pobre pode colocar uma muleta de madeira, mas mesmo assim é uma perna artificial, porque somos limitados. Então, eu não imagino, nunca pensei em alguém que faz um governo que diferencia. O governo é para tornar todos iguais.

* E para o senhor, qual é o conceito de família?

O conceito de família é: todos aqueles que vivem debaixo do mesmo teto, ou mesmo separados que têm uma relação de afetividade, de amor, que ultrapassa o que a concepção de amor possa querer explicar. Independentemente de tudo. Família é família. Não quero nem saber como família vai ser constituída ou não, família é família. Família é um princípio que eu não preciso ser teu pai para te ter como filho.

* Hoje, qual o senhor considera ser o maior problema da capital?

O maior problema da capital é infraestrutura. Isso no todo; Belém não cumpre lei orgânica. Belém eu chamo de Belém da metade e Belém da maldade. Belém da metade porque todas as obras que se busca fazer aqui, elas começam e não terminam, o dinheiro acaba e ninguém sabe para onde vai. Belém não termina obra. BRT tem oito anos. Temos a macrodrenagem do Tucundúba, várias que começaram há vinte anos atrás, nunca terminaram e a cidade vai alagar de novo. Nós temos um sério problema: não se cumpre o código de postura de Belém. Em Belém se faz o que quer, se bota o que quer onde quer e atrapalha a vida de todo mundo. Ninguém se movimenta porque pensa em voto, político pensa em voto, eles não vão mexer agora em Belém porque podem perder voto. Mas se eu fosse elencar um problema, seria a falta da revitalização do centro histórico de Belém.

* Então esse é o seu principal lema na candidatura?

A infraestrutura, porque é o que tu sentes. Quando chove, o que que tu sentes? Quando tu sais da tua casa que tu pisas na lama, tu sentes o quê? Falta do asfalto. Quando tu vais querer passear na cidade, tu não tens para onde ir, não tens onde caminhar, quando queres ir no cartão-postal, você tapa o nariz ou então você esconde o celular porque você vai ser assaltado. Então nós temos um problema de lixo, de sujeira, temos problema de desorganização urbana com vendas, com tudo, falta de acessibilidade, pessoas com deficiência física e idosos não têm como andar em Belém, as calçadas são irregulares ou tomadas de mato. Quando você atinge esse problema da infraestrutura, da má infraestrutura, você consegue resolver outros problemas. Essa é a eleição mais triste que eu já vi na minha vida, porque a palavra que mais se usa é guarda municipal. Não se fala mais nem de professor, nem de educação; e outra coisa, a educação é ruim, que já tem candidato que sabe que nesse município a educação é realmente um inferno, tanto é inferno que ele tá prometendo até os céus.

* E caso eleito, existem grandes obras planejadas, fora as que estão por terminar?

Pretendo transformar as escolas em escolas-creches. Não é ensino integral. Não é construir, porque elas já estão construídas nos bairros, é transformar, adaptar para que a criança entre lá 7 da manhã e só saia de lá às 18 horas. E mexer na equipe que vai trabalhar dentro da escola municipal. Eu vou fazer concurso e um projeto de lei para que a equipe de todas as escolas municipais e fundamentais seja multidisciplinar, tenha obrigatoriamente o professor, o diretor, o psicólogo, o assistente social, o nutricionista, o psicopedagogo, o fonoaudiólogo, para que eles possam atuar e fazer concurso para médicos, para que esses possam fazer parte também dessa equipe, para que a criança fique ali o dia todo, além de contar, claro, com os profissionais que já existem, de educação física, arte e todos os outros. Então, é transformar essa escola. Essa é também a maneira que eu tenho de combater a violência. Eu sou contra, apesar de haver concurso, mas dizer que vai contratar 500 guardas municipais e motorizar. Não. Guarda municipal tem que trabalhar como uma guarda comunitária, ela tem que estar andando nas ruas, nas calçadas, fazendo que se cumpra o código de postura nos prédios públicos; escola que for pública vai ter que ter faixa de pedestre, porque só se coloca faixa em escola particular, não se coloca em escola pública, educação fiscal, educação cidadã dentro da escola, educação de trânsito, porque eu preciso educar a criança, porque amanhã ela vai ser adulta. Em Belém a política parece que é a política da promessa, eles ficam prometendo, e sabe por que isso? Eu sei porque eu trabalho com pesquisa. Porque o povo brasileiro paraense gosta de ouvir promessa. Não é à toa que nós somos devotos, a maioria, de Nossa Senhora de Nazaré e a eleição é em outubro: porque o povo gosta de promessa.

* O senhor acredita que em quatro anos consegue solucionar pelo menos 80% dos problemas de Belém?

Quatro anos não dá para fazer tudo. Mas dá para você arrumar Belém em um. Em um tu fazes a cidade voltar a ser uma cidade onde você tenha praças. As praças já existem, então tu não vais construir a praça. Tu já tens as praças, tu já tens os logradouros, tu já tens as calçadas, tu já tens a infraestrutura que Belém precisa. O que tá faltando é você arrumar. Ajeitar Belém, tu ajeitas em um ano. Eu não imagino numa Belém com obras faraônicas, eu imagino uma Belém para resolver infraestrutura, por exemplo, alagamento, nós temos que resolver alagamento, porque nós temos uma cidade que alaga. Como prefeito, eu não prometo nenhuma obra faraônica, eu prometo pegar o que tem e ajeitar.

* O senhor acredita que pode ganhar?

Eu? Claro que não. Quando eu vim à eleição, eu já sabia que não poderia ganhar, porque o que todo mundo pergunta, o que todo mundo diz, ‘você não é conhecido’. Eu acho que Belém perdeu.

Por Mateus Miranda e Arthur Siqueira.

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