Empresa doou R$ 159,9 mil para compra do avião de Campos

A doação, segundo a Polícia Federal, pode ter sido meio de retribuição de favores, pois a Lídermac firmou contratos com o Governo de Pernambuco na ordem de R$ 75 milhões durante a gestão de Eduardo Campos

por Giselly Santos ter, 31/01/2017 - 12:37

A empresa Lídermac é o principal alvo da Operação Vórtex, deflagrada nesta terça-feira (31) pela Polícia Federal de Pernambuco para investigar irregularidades na compra do avião Cessna Citation PR-AFA utilizado pelo ex-governador Eduardo Campos (PSB) em 2014, quando um acidente aéreo provocou a morte dele e de mais seis pessoas. 

Do segmento de equipamentos de construção, a Lídermac repassou, em julho de 2014, o valor de R$ 159.910 para a Câmara & Vasconcelos e, de acordo com a PF, dois dias depois este mesmo montante foi transferido para a dona da aeronave utilizando a conta da Câmara & Vasconcelos apenas como uma conta de passagem. 

Em coletiva à imprensa para dar detalhes sobre a Operação, o superintendente da PF em Pernambuco, Marcello Diniz Cordeiro, não confirmou o nome da empresa investigada, mas afirmou que o que despertou a atenção foi o fato dela ter vários contratos firmados com o Governo de Pernambuco. As contratações investigadas são de 2010 a 2016 e giram no valor de R$ 87 milhões, sendo R$ 75 milhões firmados apenas durante a gestão de Eduardo Campos.

"Não é que estes contratos sejam irregulares, mas o fato de ter usado uma empresa como conta de passagem é típico da lavagem de dinheiro", explicou o superintendente. Mas, de acordo com ele, os contratos podem ter sido a “motivação” para contribuir com a compra da aeronave. Até porque, a Lídermac é responsável por doações milionárias a campanhas de partidos e políticos ligados ao ex-governador. 

"A suspeita é de que poderia haver uma relação muito próxima da empresa com partidos políticos, que tenham contribuído firmando contratos com órgãos públicos para conseguir uma retribuição através de doações de campanhas políticas", salientou Diniz. “Quanto mais aumentava os contratos com o governo estadual mais aumentava as doações”, acrescentou. 

A investigação é um desmembramento da Operação Turbulência e também levou para depor de forma coercitiva os donos da Lídermac: Rodrigo Leicht Carneiro Leão - genro do ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) José Múcio Magalhães -, Gerson Carneiro Leão Neto, Gláucio José Carneiro Leão Filho e Camila Leicht Carneiro Leão. 

Apesar das suspeitas, a Polícia Federal destacou que ainda não há um inquérito ou indiciamentos contra os empresários ou a empresa. 

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