Jayme Asfora apoia Ivan na Comissão de Direitos Humanos
Contrário a manutenção de Michele Collins à frente do colegiado na Camara Municipal do Recife, Asfora disse que o Legislativo local presenciou debates que não se coadunam com o compromisso com os direitos humanos, como a defesa da submissão da mulher ao homem
Com o início das atividades parlamentares nesta quarta-feira (1°), a Câmara dos Vereadores do Recife também retomará os trabalhos das comissões permanentes, temáticas e temporárias. A escolha de quem vai conduzir os colegiados tem gerado discussões internas, principalmente em torno da Comissão de Direitos Humanos. Apesar do indicativo de que a presidente do grupo será a vereadora Michele Collins (PP), o vereador Jayme Asfora (PMDB) anunciou hoje o seu apoio a indicação do vereador Ivan Moraes (PSOL) para assumir o posto.
Segundo o peemedebista, Ivan atende aos anseios da própria sociedade que exige que o cargo seja ocupado por quem esteja engajado em lutas importantes como o combate à homofobia, ao racismo e ao machismo, entre outras.
"Conheço a trajetória de Ivan Moraes – que já foi coordenador do Movimento Nacional de Direitos Humanos e atuou no Centro Luiz Freire –, e já estivemos juntos em algumas trincheiras. Por isso, sei que ele entende que é preciso trabalhar para avançar nas conquistas e não permitir retrocessos", explicou Asfora sobre a decisão.
Para o vereador, que já foi membro da Comissão na Legislatura passada e presidiu a Comissão Nacional de Direitos Humanos da OAB Federal entre 2010 e 2012, o compromisso de Ivan Moraes com as bandeiras que são importantes para as minorias e para os segmentos da população mais fragilizados se traduz no apoio que ele também recebeu de mais de 100 entidades representativas da área.
Sob a ótica de Jayme Asfora, é necessário que haja uma oxigenação da Comissão e que a mesma produza avanços.
Influência religiosa
Contrário à indicação de Collins para presidente da comissão, Asfora lembrou da época em que o deputado Marcos Feliciano foi presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal e, por exemplo, “o espaço foi usado pelo mesmo para trazer à tona pautas conservadoras e esdruxúlas como o da 'cura gay'”.
“Recentemente, o Legislativo recifense também presenciou debates que não se coadunam com o compromisso com os direitos humanos, como a defesa da submissão da mulher ao homem; a crítica aos investimentos no acesso da população LGBT a políticas públicas; o impedimento do debate sobre o respeito ao próximo, independente de orientação sexual, nas escolas; entre outros. É esse espaço que não podemos abrir”, argumentou Asfora, fazendo até uma analogia com as recentes medidas conservadoras de Donald Trump. “Quem achava que tudo que ele falava seria pirotecnia, agora está tendo que se deparar com esses decretos reacionários e radicais, que causam sofrimento e transtorno a inúmeras famílias. Não se pode arriscar”, conclui.