Chesf: sem diálogo do governo, Câmara apoia judicialização

Durante uma reunião com representantes das Frentes Parlamentares em Defesa da Chesf, o pessebista endossou a tese dos colegiados de judicializar o processo caso o Governo não abra o diálogo sobre a venda dos ativos da estatal

por Giselly Santos seg, 02/10/2017 - 15:45
Rafael Bandeira/LeiaJáImagens Rafael Bandeira/LeiaJáImagens

O governador Paulo Câmara (PSB) elevou o tom ao falar do processo de privatização da Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf), uma das empresas sob a tutela da Eletrobras, nesta segunda-feira (2). Durante uma reunião com representantes das Frentes Parlamentares em Defesa da Chesf, o pessebista endossou a tese dos colegiados de judicializar o processo caso o Governo Federal não abra o diálogo sobre a venda dos ativos da estatal. 

“A partir do momento que não tem respostas claras temos que solicitar as respostas nos meios cabíveis. Cabe uma judicialização desde que não haja mais o entendimento. Esperamos que haja, por parte do Governo Federal, a clareza de sentar à mesa e tirar  as dúvidas de todos nós”, cravou. Paulo Câmara lembrou que ele enviou para o presidente Michel Temer (PMDB) uma carta, subscrita pelos demais governadores do Nordeste, questionando alguns pontos da privatização da Eletrobras e sugerindo que a Chesf fosse retirada do pacote, mas até o momento não receberam nenhuma resposta.

“A carta foi protocolada no dia 5 e até hoje não houve um sinal de diálogo. Será que nos governadores não merecemos um telefonema? Uma reunião? Isso mostra que nós estamos certos com as nossas preocupações”, disparou. “O processo que envolve a privatização da Eletrobras envolve outras questões que estão por trás, como o aumento da conta de energia e a utilização do Rio São Francisco. Não podemos aceitar um processo sem ter clareza de qual é o objetivo dele”, acrescentou.

Além de cobrar diálogo, o governador frisou que o processo não é transparente. “O que está se vendo é que há uma clara intenção de fazer a venda para tapar o rombo das contas públicas, isso vai afetar a rede elétrica, a economia e o Rio São Francisco. Isso é impedir projetos futuros de desenvolvimento”, observou. “Este debate é muito sério e precisa ser feito com respeito a população. Gostaria muito de estar errado, me mostre que estou errado… Se este filme não for bem feito pode ocasionar estragos para a população. A Cemig é um exemplo claro de como vai ser este processo. Este é o jogo. Um empréstimo com juros, num setor estratégico”, complementou.

Durante a reunião, ele recebeu uma carranca, símbolo da região, para "espantar o espírito maligno da privatização" e um dossiê com o impacto da privatização da empresa. O governador reforçou também o apoio dele às articulações das Frentes. No próximo dia 19, a Frente da Câmara dos Deputados vai se reunir com a produradora-geral da República, Raquel Dodge, para tratar sobre o assunto. Já o colegiado na Alepe pretende entrar com uma ação civil pública contrária à venda da Chesf. 

COMENTÁRIOS dos leitores