Dilma contra Bolsonaro: 'O fascismo não admite diferenças'

A ex-presidente, no entanto, disse não acreditar no avanço do totalitarismo militar no Brasil

por Taciana Carvalho qui, 17/01/2019 - 19:34
Reprodução/YouTube/Weltspiegel Petista acredita que, de forma sutil, Governo não será fiel à Constituição Reprodução/YouTube/Weltspiegel

Apesar de não acreditar que o governo Bolsonaro possa avançar para o totalitarismo militar por achar que essa não é a “tendência” do neofascismo atual, a ex-presidente Dilma Rousseff não poupou críticas ao presidente Jair Bolsonaro (PSL) durante uma entrevista concedida ao jornal espanhol eldiario.es. 

A ex-presidente, ao ser questionada sobre qual a atual situação do Brasil, falou que setores do judiciário e militar se uniram para que, por meio da eleição, chegasse ao poder “a extrema direita de corte fascista de Bolsonaro” com o objetivo de desmontar as bases democráticas. “Os militares cuidarão para que não haja ruptura formal da Constituição para, em troca, deixá-la sem efeito”, alertou.

Dilma também falou que a característica do fascismo é sua incapacidade de admitir a diferença. “No plano político, o presidente o tem verbalizado ao dizer que não basta derrotar o PT, tem que destruí-lo: prisão ou exílio”. 

A petista pontuou que a intolerância também é social e cultural contra mulheres, negros, indígenas e classe LGBT. Ainda disse que há um apelo pela violência. “Desde converter nosso gesto em campanha, que é o “L” de Lula com o polegar e o indicador, em um ameaçador revólver, até a proposta de impunidade policia para matar suspeitos”. 

A aliada de Lula ainda foi questionada por qual motivo a população não preferiu o PT votando no então candidato Fernando Haddad e, sim, Bolsonaro, mesmo no Brasil o voto sendo obrigatório e a maioria sendo mulheres, pobres e negros. Segundo a ex-candidata ao Senado, houve um discurso baseado em dois pilares: a corrupção e a segurança.

“Disseram que a criminalidade vinha da destruição da família. Que a culpa é das feministas, promiscuas, abortistas, famílias monoparentais onde os filhos saem criminosos. Defendem essas mentiras, querem facilicar o acesso as armas e nos ameaçam”, lamentou. 

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