"Audiência com Moro foi repetitiva, morna, mas necessária"

O ministro da Justiça Sergio Moro esteve na CCJ e passou mais de seis horas prestando esclarecimentos aos senadores

por Pedro Bezerra Souza qui, 20/06/2019 - 10:59
Chico Peixoto/LeiaJa Imagens/Arquivo Moro respondeu o questionamento de dezenas de senadores Chico Peixoto/LeiaJa Imagens/Arquivo

Durante mais de seis horas o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, esteve prestando uma série de esclarecimentos na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado nesta quarta-feira (19). Moro foi convidado à audiência após a polêmica dos vazamentos de troca de mensagens suas com procuradores da Operação Lava Jato, na época em que era juiz federal.

A divulgação das informações foi feita pelo site The Intercept, que foi fundado pelo jornalista Glenn Greenwald. Greenwald, por sua vez, é marido do deputado federal David Miranda (PSOL) - que ocupa a cadeira na Câmara Federal deixada após a desistência do mandato de Jean Wyllys (PSOL).

O fato do vazamento de informações ter sido feito por um jornalista que tem relações pessoais (e também profissionais) com a Oposição do governo deu muito pano para manga na hora dos questionamentos feitos pelos senadores a Moro.

“A participação do ministro Moro na CCJ foi longa, por vezes caiu na repetição de respostas e deixou a ocasião morta. Porém, foi importante. O fato de ele ter se disponibilizado a enfrentar as tantas perguntas feitas a ele mostrou coragem, mas ainda não é possível dizer se convenceu”, afirma a cientista política Larissa Leonel.

Sergio Moro foi duramente criticado por dezenas de senadores da Oposição. O destaque foi o líder do Partido dos Trabalhadores no Senado, Humberto Costa. O petista bastante expressivo em sua posição e ainda deu conselhos ao ministro: “Não desafie o jornalista (se referindo a Greenwald)” e “cuidado com a aproximação com Deltan Dallagnol”.

Entretanto, houve os parlamentares que aproveitaram o momento para demonstrar seu apoio a Moro. O filho do presidente Jair Bolsonaro, Flávio Bolsonaro (PSL), reafirmou que Moro é “o herói do Brasil” e não deixou de fazer uma série de acusações contra Glenn Greenwald, David Miranda e Jean Wyllys.

O pernambucano Fernando Bezerra Coelho (MDB) é outro exemplo de senador que abraçou a causa do ministro. O senador usou seu tempo para fazer uma série de elogios a Moro e assegurar que acredita piamente no que é dito pelo ministro do presidente Bolsonaro.

“Já era esperado que houvesse essa dualidade de posicionamento entre os senadores. Do mesmo jeito que houve quem alfinetou, houve quem enalteceu o ministro. Mas os discursos terminavam, sempre, caindo na repetição: Moro disse incansavelmente que houve sensacionalismo do The Intercept e que um crime foi cometido. A Oposição o acusou a todo momento de parcialidade e a Situação insistiu na tese do herói brasileiro”, detalha Leonel.

Sobre o fato de Moro não impugnar as mensagens divulgadas pelo The Intercept e insistir no argumento de que foi a atuação de um hacker, pode ser entendido como uma forma de confissão. “Quando ele não contesta as mensagens, apenas alega que elas podem estar editadas, como ele fez na CCJ, significa que ele reconhece que as conversas são diálogos por ele realizados. No âmbito jurídico há a máxima de que ‘quem cala, confessa’, por isso neste ponto ele pode ter saído prejudicado da audiência”, explica o advogado Fernando Cavalcanti.

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