Temer diz que votou em Bolsonaro e 'o governo vai bem'
Em entrevista, o ex-presidente avaliou como positivo o trabalho do atual governo porque, segundo ele, Bolsonaro está dando sequência ao que foi feito pelo seu mandato
O ex-presidente da República Michel Temer (MDB), que agora encontra-se afastado do círculo político, confessou, em entrevista ao Estado de São Paulo, ter votado em Jair Bolsonaro no segundo turno das eleições presidenciais de 2018. A justificativa do político pareceu ressentida, uma vez que ele disse ter escolhido votar "em quem não falou mal do seu governo", uma crítica ao então candidato opositor Fernando Haddad (PT).
“Acabei votando nele (Bolsonaro) por uma razão. Eu recebia muitas críticas indevidas da outra candidatura (Fernando Haddad). Votei em quem não falou mal do meu governo”, declarou o ex-presidente em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo.
Perguntado sobre a avaliação dele para o primeiro ano de Bolsonaro na presidência, Temer respondeu que a gestão está indo bem, pois está dando sequência ao trabalho feito por ele em dois anos e meio de governo. Michel Temer afirmou que pegou “uma estrada esburacada”, ao se referir ao governo anterior de Dilma Rousseff, deposta em 2016.
“Peguei uma estrada esburacada. O PIB estava negativo 4%. Um ano e sete meses depois o PIB estava positivo 1.1%, além da queda da inflação e da recuperação das estatais. Entreguei uma estrada asfaltada. O governo Bolsonaro, diferente do que é comum em outros governos que invalidam anterior, deu sequência. Bolsonaro está dando sequência ao que eu fiz”, explicou.
“Bolsonaro me pediu para dar conselhos”
Temer diz ter sido procurado pelo já eleito Jair Bolsonaro para dar conselhos. “Quando ele me visitou logo após a eleição, me pediu modestamente para dar conselhos. Eu disse que não daria conselhos para quem foi eleito com quase 60 milhões de votos, mas disse que daria palpites. Disse que a relação com China é importantíssima. Não podemos ser unilateralistas. E verifiquei que, tempos depois, ele foi à China”, ponderou.
Ao mesmo tempo, Temer parece não concordar com o estilo de Jair Bolsonaro. Na opinião dele, o presidente “diz uma determinada coisa, mas a sua ação é diversa”.
“Lula radicalizou”
Colocando-se em uma postura de pacificador, Michel Temer analisa que a soltura de Lula poderia ter sido positiva caso ele tivesse se dedicado, durante o tempo em que esteve na prisão, à “unificação do país”, o que na opinião de Temer não aconteceu. De acordo com emedebista, o petista radicalizou.
“Se Lula radicaliza de um lado, dá chance ao Bolsonaro para ficar na posição inversa. Talvez eles tenham isso em mente”, concluiu.