Após longa fritura, cai ministro da Saúde Mandetta

Em seu Twitter, o agora ex-ministro anunciou sua demissão

por Lara Tôrres qui, 16/04/2020 - 16:32
Marcello Casal Jr/Agência Brasil Marcello Casal Jr/Agência Brasil

O ministro da Saúde Luís Henrique Mandetta, que já vinha sofrendo uma longa fritura no governo por desentendimentos com o presidente Jair Messias Bolsonaro (sem partido), acaba de anunciar sua demissão no meio da crise de saúde causada pela Covid-19 e para assumir o cargo, o presidente convidou o médico oncologista Nelson Teich. 

Por meio de sua conta no Twitter, o agora ex-ministro diz que acabou de receber a notícia do próprio Bolsonaro e agradeceu pelo período à frente da pasta.

Confira:

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O clima entre o ex-ministro e o presidente já não era dos melhores a algum tempo devido a divergências de opinião a respeito de como lidar com o desafio que é conter a Covid-19. Enquanto Bolsonaro defende isolar apenas pessoas dos grupos de risco e a reabertura de empresas com volta ao trabalho, Mandetta, que é médico, é a favor da quarentena voluntária para toda a população que não presta serviços essenciais.

Mandetta sofreu ameaças de demissão que não se concretizaram diversas vezes nas últimas semanas e chegou até mesmo a ser alvo de conversas entre o deputado federal Osmar Terra com ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, que afirmou categoricamente que no lugar do presidente “teria cortado a cabeça dele (Mandetta)” em uma chamada acidentalmente ouvida por um repórter do canal de notícias CNN. 

No entanto, parece ter sido uma entrevista ao Fantástico, da TV Globo, que é frequentemente atacada pelo presidente, a gota d’água para Bolsonaro mandar Mandetta, que perdeu nesse momento o apoio da ala militar do governo, embora. No último domingo, Mandetta fez várias críticas veladas à postura do presidente, que frequentemente descumpre medidas de prevenção à COVID-19, o que levou a reações internas no governo e, ao que tudo indica, à perda de apoio e sua consequente demissão.

Substituto

Mandetta será substituído no cargo pelo médico oncologista Nelson Teich, que esteve reunido com o presidente na manhã desta quinta-feira (16). Teich foi consultor da área da saúde durante a campanha de Bolsonaro e fundou, no ano de 2018, o Instituto COI, que realiza pesquisas sobre o câncer.

Em currículo publicado nas redes sociais, o oncologista e novo ministro afirma ter sido consultor do secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Denizar Vianna, entre setembro de 2019 e março deste ano. Ambos foram sócios no Midi Instituto de Educação e Pesquisa, empresa fechada em fevereiro de 2019.

A página de Teich no LinkedIn no dia 3 de abril traz uma postagem sobre o enfrentamento à crise de saúde causada pela Covid-19. No texto, o médico e agora ministro critica as “discussões polarizadas entre saúde e economia”.

“Esse tipo de problema é desastroso porque trata estratégias complementares e sinérgicas como se fossem antagônicas. A situação foi conduzida de uma forma inadequada, como se tivéssemos que fazer escolhas entre pessoas e dinheiro, entre pacientes e empresas, entre o bem e o mal”, afirmou ele no post.

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