Governo Bolsonaro é acusado de flertar com o nazismo
Governo lançou propaganda para apresentar ações em combate à Covid-19 no Brasil, mas, segundo internautas, teria feito uma nova alusão ao regime totalitarista alemão, parafraseando o lema do campo de extermínio de Auschwitz
Em mais postura acusada de flerte com a ideologia nazista, o Governo Federal, segundo internautas, teria parafraseado o lema cravado na entrada do campo de extermínio de Auschwitz para apresentar as ações propostas para reduzir os impactos da Covid-19 no Brasil. A campanha, lançada neste domingo (11), foi criticada nas redes sociais.
Enquanto caminhavam para a morte, judeus, poloneses, ciganos e prisioneiros soviéticos olhavam para o céu pela última vez e se deparavam com a frase: "arbeit macht frei", posta no portal de onde seria o local da sua execução. Traduzido, o lema nazista significa "o trabalho liberta".
"'O Trabalho Liberta', em alemão 'Arbeit macht frei'. Lema encontrado nos portões de entrada do campo de extermínio de Auschwitz durante o nazismo, e também na campanha da SECOM do governo brasileiro para incentivar o cidadão a se expor ao covid. Psicopatas", criticou um internauta.
"'O trabalho liberta', frase encravada no mais famoso campo de concentração do mundo, onde milhares de seres humanos foram exterminados pelos nazistas em Auschwitz. Essa frase é utilizada novamente pelo presidente fascista e genocida em sua propaganda para matar mais brasileiros", postou Leonel Radde, policial civil do Rio Grande do Sul.
Para mostrar o trabalho durante a pandemia, a assessoria do Governo fez uma publicação atacando jornalistas e a imprensa, e postou um vídeo compilado com ações para estimular a retomada das atividades normais, mesmo com a crescente no número de casos e óbitos da doença. Aos 10 segundos finais, a peça publicitária expõe a frase: "o trabalho, a união e a verdade nos libertarão". Para usuários das redes sociais, uma referência à frase difundida durante o regime totalitarista imposto por Adolf Hitler.
Texto de ideologia nazista
Essa não é a primeira vez que o governo Jair Bolsonaro (sem partido) repercute textos acusados de alusão ao nazismo. Após a recente polêmica protagonizada pela secretária da Cultura, Regina Duarte, que minimizou as atrocidades cometidas por Hitler durante uma entrevista, seu antecessor, Roberto Alvim, foi demitido em janeiro justamente por fazer um discurso semelhante ao do ministro da Propaganda da Alemanha Nazista.
No vídeo que culminou em sua saída, Alvim divulgou um concurso nacional de artes afirmando que “A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional, será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional, e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes do nosso povo – ou então não será nada".
Já Joseph Goebbels, o líder de propaganda e idealizador do regime, declarou que “A arte alemã da próxima década será heroica, será ferreamente romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grande páthos e igualmente imperativa e vinculante, ou então não será nada", aponta o livro "Joseph Goebbels: Uma biografia", escrito pelo historiador Peter Longerich.
Nazismo de esquerda
Embora reassuma seus supostos valores cristãos exaltando Israel, Bolsonaro parece não conhecer a história do Estado. Em uma visita ao Museu do Holocausto Yad Vashem, em Jerusalém, ele foi duramente criticado pelos próprios israelenses ao afirmar que não tinha dúvidas que o nazismo era comunista. O discurso foi endossado pelo ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, que explicou em entrevista que o nazismo era de esquerda.
No entanto, o ponto de virada da Segunda Guerra Mundial iniciou com a tentativa alemã de expandir pela União Soviética. A Batalha de Stalingrado, na qual o Exército Vermelho se opôs à frente de Hitler, foi um episódio chave para a derrocada do terceiro Reich.
Após a infeliz comparação, a Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República respondeu às acusações de que estaria se baseando no nazismo para promover o fim do isolamento social no Brasil. “Repudiamos veementemente qualquer associação desta postagem com quaisquer ideologias totalitárias e genocidas. O Estado Brasileiro sempre foi um grande parceiro da comunidade judaica, bem como do Estado de Israel, como provam os fatos, para além das ilações forçadas e maldosas”, publicou.