Em tom de ameaça, Heleno publica nota defendendo Bolsonaro

General disse, em nota, que pedido de apreensão do celular do presidente era "inacreditável" e poderia ter "consequências imprevisíveis" para a estabilidade nacional; parlamentares e membros da OAB repudiam postura

sex, 22/05/2020 - 17:08

General disse que pedido do STF é tentativa de "comprometer harmonia entre os poderes". (Antonio Cruz/Agência Brasil)

Na tarde desta sexta (22), o general Augusto Heleno, Ministro de Estado Chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República publicou, em suas redes sociais, uma nota em defesa da não apreensão do celular do presidente Jair Bolsonaro. Em tom ameaçador, Heleno disse que o pedido feito pelo Supremo Tribunal Federal (STF) é "inacreditável" e ainda acrescentou que "tal atitude" poderia ter "consequências imprevisíveis para a estabilidade nacional". O posicionamento foi rechaçado por parlamentares, membros da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e até pelo próprio STF.

“Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República alerta as autoridades constituídas que tal atitude é uma evidente tentativa de comprometer a harmonia entre os poderes e poderá ter consequências imprevisíveis para a estabilidade nacional”, escreveu Heleno.

O presidente da OAB, Fernando Santa Cruz reagiu à publicação. “General Heleno, as instituições rechaçam o anacronismo de sua nota. Saia de 64 e tente contribuir com 2020, se puder. Se não puder, #fiqueemcasa", escreveu.

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Segundo a Folha de São Paulo, o STF tomou a postura como uma atitude de “desespero”. A mesma interpretação está sendo feita por parlamentares da oposição. “Essa nota desesperada do General Heleno revela as faces autoritárias desse governo. Uma postura inadequada, um verdadeiro papel de ‘Xeleléu’. A ditadura não voltará. E logo esse governo sairá de cena pelo bem dos brasileiros”, afirmou o senador Humberto Costa (PT-PE).

O deputado Alessandro Molon (PSB-RJ) anunciou, em suas redes sociais, que irá representar contra o General Heleno por crime comum, com base na Lei de Segurança Nacional, e por crime de responsabilidade. “A nossa democracia não pode se curvar neste momento, sob o risco de cruzarmos a última barreira que nos distingue de um regime totalitário. Basta”, comentou.

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