Bolsonaro cede à pressão e libera sorteios na TV aberta

A prática foi proibida no fim da década de 90 por ser considerada nociva ao consumidor

por Victor Gouveia ter, 21/07/2020 - 10:32
Divulgação/SBT Enquanto a prática era liberada, Silvio Santos conseguiu fazer fortuna com os sistemas de capitalização Divulgação/SBT

Nessa segunda-feira (20), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sancionou a lei que permite a volta de sorteios feitos por emissoras de TV. A prática foi proibida no fim da década de 90 por ser considerada nociva ao consumidor, contudo o retorno das premiações é um aceno aos canais aliados ao Governo.

Em março, o presidente já havia editado a Medida Provisória (MP), que evoluiu para lei como uma alternativa às emissoras abertas para minimizar os impactos econômicos da pandemia e ampliar a competição de mercado. Na época, a MP foi pedida por Edir Macedo, da Record, Marcelo Carvalho, da Rede TV, e Silvio Santos, do SBT.

O apoio de Bolsonaro ao grupo de emissoras ultrapassa meras questões de transmissão. Neste mês, ele se meteu na confusão envolvendo a suspeita de lavagem de dinheiro e evasão de divisa por parte de integrantes da igreja de Edir Macedo - a Universal do Reino de Deus - em Angola. Uma carta foi enviada ao presidente João Manuel Lourenço, na qual foi pedida proteção aos cerca de 65 pastores brasileiros que pregam a religião no país africano.

A autorização para a volta de sorteios agrada muito mais ao Silvio Santos, que fez fortuna com os sistemas de capitalização enquanto eram liberados. Desde o início do mandato, o dono do SBT caminha ao lado de Bolsonaro e chegou a tentar retornar com a extinta “Semana do Presidente”, transmitida em apoio ao Regime Militar.

Em maio, uma edição do telejornal SBT Brasil chegou a ser cancelada às pressas por reclamação do presidente, que recentemente voltou atrás em uma de suas promessas e recriou o Ministério das Comunicação, o entregando ao genro de Silvio e deputado federal Fábio Faria (PSD).

O apresentador também foi beneficiado com a MP que quebrou o monopólio da TV Globo sobre os direitos de transmissão de partidas de futebol e faturou, pelo menos, R$ 3,6 milhões com o confronto entre Flamengo e Fluminense, pela final do Campeonato Carioca de 2020.

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