Cunha diz que apoiaria Bolsonaro para evitar volta do PT

Ex-presidente da Câmara também vê ‘sabotagem’ ao presidente da República

por Vitória Silva ter, 13/04/2021 - 11:12
Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil Ex-deputado federal Eduardo Cunha Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O ex-deputado federal Eduardo Cunha (MDB), cassado e preso desde 2016 pela operação Lava Jato, revelou em entrevista ao jornal Folha de São Paulo que, se estivesse no poder, apoiaria o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para evitar uma volta do Partido dos Trabalhadores à chefia do Poder Executivo. Traçando uma linha entre os últimos cinco anos, até a atual gestão bolsonarista, também diz ver ‘sabotagem’ por parte da imprensa e de Rodrigo Maia (DEM-RJ).

"Quem elegeu Bolsonaro porque não queria a volta do PT tem a obrigação de dar a governabilidade a ele", afirma o ex-presidente da Câmara. "Se estivesse no poder, eu o apoiaria”, completa falando que Bolsonaro sofre uma “perseguição implacável de quase totalidade da mídia”.

Cunha também menciona o ex-presidente Michel Temer (MDB), que assumiu interinamente o Executivo após o impeachment de Dilma Rousseff (PT), em 2016, em um pedido protocolado pelo próprio ex-deputado. O preso analisa o cenário político e o processo contra Dilma Rousseff no livro "Tchau, Querida: O Diário do Impeachment", que será lançado neste sábado (17).

“No momento em que Temer se viu sabotado na articulação política, ele decidiu atuar pelo impeachment, tanto que saiu da articulação como sinalização de que não estava mais alinhado com o governo. Nesse momento, o impeachment era o seu objetivo”, relata Eduardo Cunha emendando que Michel Temer passou a trabalhar pelo afastamento da petista em agosto de 2015, mais de três meses antes da abertura do processo. Temer nega a informação.

Perguntado se acredita em uma traição do vice para com a presidente, à época, o ex-chefe da Câmara se mostra inseguro sobre uma real relação de confiança entre a petista e o emedebista.

“A palavra traição significa rompimento de um compromisso que nem sei se existia. Ao contrário do que Temer passou a pregar, ele foi articulador e atuante a favor do impeachment. A meu ver, Dilma é quem traiu seus eleitores, assim como traiu todos os brasileiros com os seus crimes de responsabilidade. A reeleição de Dilma foi para o país o equivalente à pandemia. Foi a Covid-14”, comparou.

Cunha, mais uma vez, não poupou críticas à conduta do ex-juiz da Lava Jato, Sérgio Moro, a quem acredita ter servido de ‘troféu político’ para reafirmar a legitimidade da operação.

“Moro era o chefe de uma organização política que, usando os mesmos critérios da Lava Jato, poderia ser considerada uma organização criminosa. Eu fui para Moro o troféu político para contraponto de sua suposta isenção, para que ele pudesse afirmar que não perseguia Lula, pois também tinha o maior adversário do PT. Sua parcialidade não era só com o Lula, mas também com relação a mim”, observa o ex-deputado.

Por fim, retomou o seu bordão “Que Deus tenha misericórdia dessa nação”, dito durante o voto a favor do impeachment de Dilma Rousseff. Cinco anos depois, acredita que ter conseguido tirar Dilma e o PT da frente do país já foi um ato de “misericórdia de Deus com o Brasil” e que ele (Deus) “continue tendo essa misericórdia e não permita que o PT volte”.

“É preciso ter em conta que vivemos em uma dupla opção, entre o PT e o anti-PT. Nunca existiu terceira via em todas as eleições desde 1989 e não existirá na próxima. Não vejo ninguém para isso. Entre Bolsonaro e o PT, não tenho a menor dúvida de ficar com Bolsonaro. Qualquer opção é melhor que a volta do PT”, finaliza.

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