Datafolha: 76% apoiam impeachment em caso de crime

Ouvidos pela pesquisa acreditam que, caso Bolsonaro cumpra as ameaças ao STF feitas no 7 de Setembro, o processo deve ser aberto. Presidente tem apoio mais ferrenho entre mais ricos e empresários, que não veem necessidade para o impeachment

por Vitória Silva sab, 18/09/2021 - 09:55
Marcelo Camargo/Agência Brasil O presidente da República, Jair Bolsonaro Marcelo Camargo/Agência Brasil

É majoritária a parte da população brasileira que apoia o impeachment em caso de crime de responsabilidade comprovado: para 76% deles, a abertura deve ocorrer se o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fizer o prometido no seu discurso do 7 de Setembro, em São Paulo. À ocasião, o mandatário afirmou que não vai mais cumprir ordens judiciais do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, com quem teve conversa recente, mediada por Michel Temer (PSDB), e na qual se mostrou disposto a uma “trégua”. 

Os resultados são de uma pesquisa nacional do Datafolha, divulgada neste sábado (18), e feita em 190 cidades com 3.667 eleitores de 13 a 15 de setembro. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou menos. Acreditam que o presidente não deveria ser punido nessas circunstâncias 21% dos ouvidos, e 3% não souberam opinar. 

No dia em que participou de dois grandes protestos golpistas contra o Supremo, em São Paulo e Brasília, o chefe do Executivo teceu ameaças sérias ao STF, em especial a Moraes. Primeiro, em Brasília, disse que o presidente do Supremo, Luiz Fux, deveria enquadrar Moraes, sob pena de ver uma intervenção em seu poder. Em São Paulo, à tarde, exortou a desobediência judicial. 

"Nós devemos sim, porque eu falo em nome de vocês, determinar que todos os presos políticos sejam postos em liberdade. Dizer a vocês, que qualquer decisão do senhor Alexandre de Moraes, esse presidente não mais cumprirá. A paciência do nosso povo já se esgotou", afirmou Bolsonaro na avenida Paulista. 

São mais incisivos acerca do golpismo da fala os jovens de 16 a 24 anos (86% defendem o impeachment no caso), os mais pobres (82%) e, claro, aqueles que reprovam o presidente (94%). 

Já os mais tolerantes com o desrespeito legal são os mais ricos (32% não veem necessidade de um processo), empresários (39%) e, também de forma mais óbvia, os que aprovam o desempenho presidencial (59%). 

 

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