Paulo Guedes admite offshore para fugir de impostos

Mesmo com a esposa e a filha como diretoras da empresa nas Ilhas Virgens Britânicas, o ministro da Economia defendeu que não há conflito de interesses com seu cargo

ter, 23/11/2021 - 13:06
Antônio Cruz/ Agência Brasil O ministro é ouvido por deputados no plenário da Câmara Antônio Cruz/ Agência Brasil

Convocado a explicar sobre sua empresa em paraíso fiscal à Câmara dos Deputados, nesta terça-feira (23), o ministro da Economia Paulo Guedes admitiu que mandou dinheiro para o exterior para fugir dos impostos do Brasil. Mesmo com informações privilegiadas sobre o mercado financeiro, ele defendeu que sua atividade como empresário não gera conflito de interesses com o cargo no Governo Bolsonaro. 

A offshore de Paulo Guedes nas Ilhas Virgens Britânicas tem como diretoras a filha Paula Drumond Guedes e a esposa Maria Cristina Bolivar Drumond, escolhas que também classificou como "absolutamente legal" para respaldar seu afastamento da empresa.

“Existe algum conflito de interesse? A resposta é não, mil vezes não”, assegurou.

O ministro disse que não aceitou o convite por oportunismo e que o dinheiro foi mandado para fora do Brasil - e consequentemente não foi revertido em recursos para os brasileiros - antes de ser chamado para compor a gestão federal. 

As transferências teriam ocorrido entre 2014 e 2015, sendo declaradas à Comissão de Ética da Presidência. Contudo, não foi detalhado os valores movimentados para sua empresa.

Guedes explica que o paraíso fiscal foi a opção para fugir de taxas no Brasil e Estados Unidos. O que também explicaria ter colocado a família no quadro de acionistas.

"Se tiver uma conta em nome da pessoa física, se você falecer, 46%, 47% é expropriado pelo governo americano. Tendo uma conta em pessoa física, todo seu trabalho de vida, ao invés de deixar para herdeiros, vira imposto sobre herança. Então o melhor é usar offshore. Se eu morrer, invés de metade ser apropriado pelo governo americano, vai para a sua sucessão. Isso é o que explica colocar um parente”, alegou.

O braço direito da presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ainda garantiu que declara seus rendimentos anualmente à Receita Federal e ao Banco do Brasil.

 

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