Clima de vale-tudo nos últimos dias do segundo turno

Com a diferença apertada, a conquista do voto indeciso deve elevar o tom da disputa à Presidência

qua, 26/10/2022 - 15:36
João Velozo e Júlio Gomes/LeiaJá Imagens Apoiador de Jair Bolsonaro e apoiadora de Lula João Velozo e Júlio Gomes/LeiaJá Imagens

   Chegamos a última semana da eleição à Presidência no momento de maior tensão entre as candidaturas. Nos próximos cinco dias, a tendência é que as campanhas de Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL) usem seus recursos para atacar o concorrente de forma mais contundente. Por isso, a expectativa é que os discursos sejam ainda mais direcionados às fraquezas do oponente. 

 Atrás nas pesquisas e com a desvantagem de cerca de 6 milhões de votos no primeiro turno, Bolsonaro recebeu doações de pessoas físicas que ultrapassam R$ 77 milhões para impulsionar a campanha na reta final. Se por um lado, o atual presidente ganhou visibilidade ao ser sabatinado por emissoras em razão da ausência do concorrente, a missão de conquistar os indecisos esbarrou em escândalos recentes como o atentado armado contra policiais federais cometido por um de seus principais apoiadores, o ex-deputado Roberto Jefferson, e os indícios de que o ministro da Economia, Paulo Guedes, pretende desvincular salários e aposentadorias da inflação em uma eventual reeleição.   

Na segunda (24), a equipe de Bolsonaro lançou uma denúncia contra rádios do nordeste por um suposto descumprimento do cronograma de inserções. Ainda sem apresentar provas, a acusação é apontada como uma forma de tumultuar o pleito. Por isso, a Justiça Eleitoral deu o prazo de apenas 24h para que os dados concretos sejam apresentados.   

Com menos tempo de TV após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) garantir direitos de resposta a Lula como punição por propagar fake news, Bolsonaro digitalizou ainda mais a estratégia e promoveu uma 'superlive' de 22 horas. Nos bastidores, o rumor é que a última cartada do presidente será o disparo ilegal de mensagens em massa nas plataformas digitais.   

Com a maior coligação e mais tempo de televisão, Lula tenta administrar a liderança e reforçar a consolidação de suas bases. Com menos recursos que o adversário e sem o apoio da máquina pública, a campanha foi resiliente em seu tom e, mesmo com certa vantagem, os petistas defendem que não é o momento de baixar a guarda e nem compartilham o clima de "já ganhou".   

As inserções concedidas pelo TSE comprovam que o discurso de Lula sobre o concorrente se aproveitar de fake news para atrair votos tinha fundamento. Nesse sentido, o ex-presidente deve enfatizar que sua candidatura defende as instituições democráticas e repudia a desinformação. Os concorrentes ainda vão estar frente a frente na próxima sexta (28), no debate da TV Globo. Pela importância de ser último confronto direto, o nível das acusações e o prazo curto para retratação pode influenciar o eleitor e, consequentemente, o resultado diante de uma parcial tão apertada entre os dois.

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