Haddad diz que continuará negociando com a Câmara
O futuro ministro voltou a argumentar que o atual rombo orçamentário não foi causado pelo novo governo, mas sim pela gestão atual que ampliou os gastos em meio às eleições
Questionado nesta segunda-feira (19) se a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes sobre a retirada do Bolsa Família do teto de gastos fará o novo governo desistir da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição, o futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, respondeu que continuará negociando com a Câmara dos Deputados para votar nesta semana o texto já aprovado pelo Senado.
"Acredito muito na construção de instituições fortes e acredito que o caminho que temos que trilhar nesta semana, hoje e amanhã, é o fortalecimento das instituições. Toda decisão, por mais agradável que seja, se for precária, é pior que uma situação negociada", afirmou Haddad, no Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB), onde funciona o governo de transição.
O futuro ministro voltou a argumentar que o atual rombo orçamentário não foi causado pelo novo governo, mas sim pela gestão atual que ampliou os gastos em meio às eleições. "Precisamos que o Congresso compreenda que aquilo que foi contratado pela sociedade tem que ser pago. Temos esse compromisso, com a noção de neutralidade fiscal. O orçamento de 2023 em proporção do PIB não pode ser menor que o de 2022. Não estamos acomodados, estamos estudando formas de resolver isso", completou.
O petista repetiu que sempre que o governo eleito procurou o Congresso, obteve "boa vontade" dos parlamentares para entender o rombo orçamentário para o próximo ano. "É óbvio que há negociação a ser feita, mas não me parece que na Câmara haja razões para ser mais difícil que no Senado. Não é muita compreensão que se está pedindo", avaliou.
Haddad reclamou ainda que o atual governo não tem sido colaborativo na transição e voltou a prometer um cenário de sustentabilidade para as contas públicas já no começo do novo mandato. "Eu sei que muita gente quer soluções de curto prazo, mas o governo precisa tomar posse. Tomaremos medidas estruturais, mas teremos medidas conjunturais também para equilibrar as contas públicas", acrescentou.