Rachadinha envolvendo bolsistas da Uerj é investigada

Os contratados eram escolhidos por pessoas ligadas a candidatos e precisavam devolver a maior parte da remuneração

qui, 27/04/2023 - 12:23
Divulgação Entrada da Uerj Divulgação

Um suposto esquema de rachadinha envolvendo verbas enviadas pelo governo Cláudio Castro (PL) à Universidade do Rio de Janeiro (Uerj) virou alvo de investigação. Pessoas ligadas a candidatos apareceram em uma lista secreta com as maiores bolsas da instituição, em torno de R$ 34 mil. 

Conforme reportagem do Uol, quase metade dos 92 contratados fizeram saques em dinheiro que somam R$ 2,2 milhões nos dois meses que antecederam a campanha eleitoral. A maior parte dos bolsistas ganhou cerca de R$ 8 milhões em serviços que sequer foram prestados. 

Dois deles relataram que ficavam com R$ 2 mil por mês e precisavam devolver o resto das suas respectivas bolsas, equivalente a aproximadamente R$ 23 mil. O valor era transferido através de Pix ou usado para pagar boletos de empresas, uma delas de terraplanagem.  

Conforme a publicação, 54 bolsistas não explicaram se trabalharam nos projetos da Uerj e 12 não sabem como seus dados foram parar na folha de pagamentos secreta - eles alegaram que nunca prestaram serviço à instituição e não sabem do destino do dinheiro. A responsável pelas contratações, a coordenadora-geral Eloíza da Silva Gomes de Oliveira, diretora do IFHT (Instituto Multidisciplinar de Formação Humana com Tecnologias) da universidade, foi quem mais recebeu com os programas. Ao menos R$ 641 mil de quatro projetos entre janeiro de 2021 e agosto de 2022. 

Outros casos também chamam a atenção, como o de um advogado que ganhou mais de R$ 100 mil brutos e admitiu não ter trabalhado. Além dele, o atual presidente do Departamento de Estradas de Rodagem do Rio (DER-RJ), um dentista, o presidente da Companhia de Trânsito de Petrópolis e sua esposa, um pastor religioso e a esposa, e sócios de clube de tiro que, coincidentemente, abriram o estabelecimento após os repasses. 

A Uerj disse que o projeto foi encerrado em dezembro do ano passado e que vai apurar as denúncias através de uma comissão permanente de apuração. "Após as investigações, serão adotadas as providências legais cabíveis, seja no âmbito interno, seja por meio dos órgãos de controle, que têm recebido permanentemente os resultados dos procedimentos internos da universidade", garantiu em nota. 

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