Lula reconhece dificuldade em aprovar projetos na Câmara
A uma plateia formada, em grande parte por apoiadores, Lula disse que governar demanda esforço e negociações com quem não apoia o governo
Na esteira de derrotas na Câmara, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reconheceu, nesta sexta-feira (2), a dificuldade do governo no Legislativo. Durante discurso na Universidade Federal do ABC (UFABC), em São Bernardo do Campo, na Grande SP, o presidente disse que a esquerda não tem votos suficientes até mesmo para aprovar projetos de lei ordinários.
"É importante vocês saberem a correlação de forças no Congresso Nacional. A esquerda toda tem, no máximo, 136 votos, isso se ninguém faltar. Para votar uma coisa simples, precisa de 257", afirmou o chefe do Executivo, acrescentando que para aprovar emendas constitucionais a necessidade de votos na Câmara é ainda maior.
A uma plateia formada, em grande parte por apoiadores, Lula disse que governar demanda esforço e negociações com quem não apoia o governo. "Você ganha a eleição e depois precisa passar o tempo inteiro conversando para ver se você consegue aprovar uma coisa."
Em relação à reestruturação dos ministérios, Lula frisou que foi necessário conversar com "quem a gente não gosta" porque o governo corria o risco de a organização da Esplanada, estabelecida em medida provisória, não ser aprovada. Apesar das dificuldades, ele assegurou que, aos 77 anos, está "muito mais otimista".
Fake news
O presidente voltou a criticar também a disseminação de fake news nas redes sociais pela extrema-direita e convocou a população a fazer uma "guerra do bem contra o mal".
"É uma guerra que temos que fazer, a guerra do bem contra o mal. Não é guerra de direita contra esquerda, é guerra das pessoas do bem contra pessoas do mal", disse o petista. Lula reconheceu, no entanto, que o bolsonarismo tem vencido a guerra nas redes sociais. "A quantidade de mentiras que o bolsonarismo conta todo dia na rede digital é uma coisa maluca", constatou.
Dizendo que não imaginava que o fascismo pudesse voltar ao Brasil, ele voltou a criticar o governo de Jair Bolsonaro (PL), que comparou a uma "praga de gafanhotos que destruiu tudo o que a gente construiu", e disse que vai reconstruir o País. "Quero provar, mais uma vez, que um torneiro mecânico, sem diploma universitário, pode consertar outra vez esse País". Lula ainda reclamou da elite brasileira que, segundo ele, "nunca desejou que a gente estudasse".