Economia de internet: quando o preço justo é de graça

Que tipo de consequência a internet propõe para a venda de informação?

seg, 02/04/2012 - 15:23 Atualizado em: seg, 02/04/2012 - 18:27
Reprodução Games como o League of Legends são bons exemplos de como serviços gratuitos na internet podem gerar lucro Reprodução

Que a internet mudou a economia é uma afirmação que já virou lugar comum. Mas, o que geralmente não se observa é a evolução de outros modelos de consumo que só existem devido ao tipo de economia característico da rede: um consumo que não é baseado em escassês, de que o preço de uma coisa é diretamente relacionado ao acesso.

Com a reprodução digital, vários destes conceitos perdem importância. A quantidade de cópias de uma informação específica, por exemplo, é infinita, e sua propagação é rápida e fácil, o que favorece mercados de nicho, além de eliminar custos de armazenagem, postagem, etc.

Este modelo gera construtos econômicos em que o que antes não era vendável (produtos de público muito restrito), se torna uma fatia generosa do lucro gerado. É o modelo de vendas da Amazon, onde tudo pode ser encontrado, de Harry Potter a livros sobre circuitos avançados, poesia antiga e redes neurais.

Da mesma maneira, tudo se torna mais barato a um ponto em que as regras de oferta e procura não se comportam mais do mesmo jeito que os economistas e professores da escola nos disseram que o capitalismo funcionava. Com o barateamento da tecnologia, tornou-se mais fácil oferecer serviços a um público que supostamente teria um retorno economicamente inviável.

Este processo de "Cauda longa", dito pelo estudioso de economia de mídia no vídeo, Chris Anderson, pode chegar a um ponto em que tanto é oferecido por um preço tão baixo que o simples fato de cobrar pode se tornar problemático, o que exije outras formas de monetização.

Este comportamento reflete-se em batalhas judiciais sobre direito autoral, uma questão de "ovo e galinha" bastante comum: a incidência de pirataria é alta porque os originais são caros, ou são os originais caros porque a pirataria é grande? Esta dúvida e a facilidade de reprodução de dados e a troca rápida e anômina jogou a indústria fonográfica em uma crisa da qual não se recuperou até hoje, e a grande indústria do cinema mundial está indo no mesmo caminho.

Sob um aspecto mais positivo, algumas indústrias de propriedade intelectual estão abraçando este novo modelo de negócios baseado numa simples ideia: o serviço em sí é gratuito. Esta é uma opção que tem sido muito adotada pela indústria de jogos para computador, tanto no alto quanto no baixo nível. Grandes produções baseadas em multiplayer da rede, como o DC Universe Online, oferecem sua experiência de modo gratuito. O jogo mais executado no mundo, atualmente, (praticamente um esporte nacional na Coréia), é o League of Legends, que funciona em um modelo desses.

Este tipo de proposta econômica é chamada em alguns lugares de Freemium, e funciona de maneira aberta. As características básicas dos programas são oferecidos gratuitamente, mas 'extras' são cobrados por fora, um estilo de cobrança chamado de microtransações. Embora nenhum destes pacotes extras cause algum tipo de vantagem tática, eles são amplamente procurados por uma parcela dos jogadores - por exemplo, qualquer super herói pode usar capa, mas para ter 'A capa do Batman', você vai ter de abrir sua carteira.

O modelo Freemium parece estar consolidado também em empresas de desenvolvimento de softwares mais 'modestos'. O famoso jogo de facebook Farmville, que foi febre em 2011, também funciona no mesmo modelo, em que pequenas transações permitem a customização da fazenda, de recados e colheitas mais frequentes dentro do ambiente virtual. Para quem pensa que oferecer coisas de graça não gera renda, a empresa dona da Farmville, a Zynga, lucrou cerca de 311 milhões de dólares entre 2011 e 2012.

COMENTÁRIOS dos leitores