PE: Professor cria "tartaruga" para capturar tubarão

Dispositivo simula sons do réptil e possui anzóis camuflados nas "patas"

por Jorge Cosme ter, 05/05/2015 - 12:06
Reprodução Ilustração mostra equipamento que atrai e fisga o tubarão Reprodução

O engenheiro florestal e professor aposentado Fernando Encarnação diz possuir a solução para combater os ataques de tubarão em Pernambuco. Ele é inventor e desde 2004 vem desenvolvendo o que chama de Armadilha Seletiva para Tubarões (AST), equipamento que simula uma tartaruga e que atrai e fisga o tubarão. O projeto seria apresentado nesta terça-feira (5) em audiência pública na Câmara Municipal do Recife, que foi cancelada após tumulto ocorrido durante a votação do projeto de lei para a área do Cais José Estelita.

A AST seria capaz de emitir sons da respiração e da mastigação da tartaruga, audíveis ao tubarão. Quando o animal mordesse uma das “patas” do dispositivo, ficaria preso em anzóis camuflados. “O animal continuaria podendo se locomover e respirar, e aí ele não morreria, ao contrário do espinhel, que faz com que o bicho morra rapidamente afogado e ainda atrai outros tubarões. O tubarão não pode ficar parado – parou, morreu”, destaca Encarnação.

A ideia é que o animal seja trazido para a praia, onde receberá um chip de monitoramento, sendo devolvido imediatamente ao mesmo local em que foi capturado. 

O equipamento também seria sustentável, pois não usaria combustível, apenas energia solar. A central de processamento e transmissão de dados wireless da tartaruga também permitiria o acesso de imagens em tempo real, inclusive da arcada dentária do tubarão, garante o engenheiro florestal. Além disso, no momento da mordida, o dispositivo também ergueria uma bandeira, avisando aos banhistas da presença do peixe.

A tartaruga eletrônica pesa 50 kg e é feita de inox aplicado sobre uma base flutuante, com pernas de poliéster e polipropileno expandido. Ela possui cerca de 1,3 metro de comprimento e 80 cm de largura, tendo um raio de alcance de até 15 metros de onde estará ancorada e alcançando profundidades superiores a 80 cm. 

Fernando Encarnação é crítico do modelo atual de estudos de combate a ataques de tubarão. “O governo já gastou mais de R$ 30 milhões e ainda não se sabe nem o básico, que é qual é o tubarão, qual é a sua espécie, se está presente o ano inteiro ou em que época está”, aponta. O professor espera que com a audiência possa convencer o governo a utilizar sua criação ou conseguir algum patrocínio. Até o momento todos os gastos com os testes saíram do bolso do inventor. A audiência pública deverá ser reagendada para o dia 2 ou 9 de junho. 

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