Impressão 3D a serviço das crianças com deficiência física
Fundação americana lançou uma rede filantrópica que coloca em contato pessoas que têm impressoras 3D com famílias com filhos que não possuem algum dedo ou mão
Maxence, de seis anos e que nasceu sem a mão direita, se converterá nesta segunda-feira (17) na primeira criança francesa com uma prótese impressa em 3D, uma tecnologia barata e lúdica que não conta com nenhum aval médico. Desde 2013, uma fundação americana, a e-NABLE, lançou uma rede filantrópica que coloca em contato pessoas que têm impressoras 3D com famílias com filhos que não possuem algum dedo ou mão. Até a data, foram produzidas mais de 1,5 mil próteses através desta plataforma.
"Foi assim que entramos em contato com Thierry Oquidam. Ele já havia produzido gentilmente este tipo de prótese para crianças no exterior e queria beneficiar uma criança na França", conta o pai de Maxence, Eric Contegal. Maxence forma parte das centenas de crianças que nascem todos os anos na França com uma malformação em um ou vários membros. Em seu caso se trata de agenesia, ausência de formação de um membro durante o desenvolvimento embrionário.
Desde que nasceu, este menino da localidade de Cessieu, entre Lyon e Grenoble, conseguiu encontrar soluções sozinho para viver sem a mão direita. Seus pais decidiram, quando nasceu, não colocar nenhuma prótese médica. Agora, esta prótese 3D lhe permitirá experimentar novas atividades, sobretudo porque é muito fácil de usar. Não é necessária nenhuma operação. A prótese se acopla com um velcro e é utilizada tão facilmente quanto uma luva. "Agora terá uma mão da cor que gostar, de super-herói, que poderá tirar ou colocar quando quiser. Vai ser divertido durante as brincadeiras com os colegas", afirma sua mãe, Virginie.
"O mecanismo da prótese, muito simples, não permite fazer coisas com muita precisão, como amarrar os sapatos, mas permite fazer coisas que são complicadas quando você não tem os dedos, como brincar no balanço, no patinete ou pegar uma bola", explica o fabricante Thierry Oquidam, interrogado pela AFP. Para este engenheiro, o maior interesse está na diversão que pode representar para as crianças, já que dá a elas a impressão de se disfarçar, algo que não ocorreria com uma prótese feia, como as fornecidas pelo circuito médico tradicional.
Também há o baixo custo de fabricação, de menos de 50 euros. Algo fundamental para uma criança que terá que mudar de prótese várias vezes ao longo de seu crescimento. Além disso, se ela quebrar, a família pode consertá-la diretamente com uma impressora disponível localmente. No entanto, todos relativizam o alcance de uma prótese deste tipo. "É possível dizer que terá mais uma ferramenta, mas não se sabe se servirá para muito", disse o pai. De fato, a família e o fabricante não escondem que não há nenhuma prescrição médica por trás.