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Paul Lane usa a boca, a bochecha e o queixo para apertar botões e guiar seu carro virtual pela pista de corrida "Gran Turismo" no console PlayStation 5. É assim que ele joga há 23 anos, depois que um acidente de carro o deixou incapacitado para usar os dedos.

Jogar videogame é um desafio para pessoas portadoras de deficiência há muito tempo, principalmente porque os controles padrão de consoles como PlayStation, Xbox ou Nintendo podem ser difíceis de manusear, ou até impossíveis, para pessoas com limitações de mobilidade. Perder a capacidade de jogar não é apenas perder um dos passatempos favoritos, podem também agravar o isolamento social em uma comunidade que já o vivencia em uma taxa muito mais elevada do que a da população em geral.

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Dentre as iniciativas da indústria de jogos para lidar com esse problema, a Sony desenvolveu o controle Access para o PlayStation, com a colaboração de Lane e outros consultores de acessibilidade. É a novidade mais recente no mercado dos controles acessíveis, para o qual contribuem desde a Microsoft e algumas startups, até amadores com impressoras 3D.

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"Eu gostava muito de esportes antes da lesão", conta Cesar Flores, de 30 anos, que usa cadeira de rodas desde que sofreu um acidente de carro oito anos atrás, e também deu consultoria para a Sony sobre o novo controle. "Eu lutava no ensino médio, jogava futebol. Levantava muito peso, todas essas coisas. E embora eu ainda possa treinar de algumas formas, existem coisas físicas que eu não posso mais fazer. Quando jogo videogame, isso me lembra que ainda sou humano. Isso me lembra que ainda sou um dos caras."

Deixando o controle tradicional de lado, Lane, de 52 anos, troca para o Access. É um dispositivo redondo e customizável, que pode ficar sobre uma mesa ou uma bandeja de cadeira de rodas e ser configurado de inúmeras formas, dependendo das necessidades do usuário. Isso inclui trocar botões e alavancas, programar controles especiais e emparelhar dois controles para serem usados como um só. O carro "Gran Turismo" de Lane corre por uma pista digital enquanto ele o guia com as costas da mão no controle.

"Eu jogo de uma forma meio estranha, então é confortável para mim poder usar as duas mãos quando jogo", diz. "Para isso, eu preciso posicionar os controles a uma distância tal que eu consiga usá-los sem ficarem esbarrando um no outro. Conseguir manusear os controles tem sido incrível, mas também o fato de que esse controle já sai da caixa pronto para funcionar."

Lane e outros jogadores colaboram com a Sony desde 2018 para ajudar a projetar o controle Access. A ideia era criar algo que pudesse ser configurado e funcionar para pessoas com uma vasta gama de necessidades, não apenas uma deficiência específica.

"Mostre para mim uma pessoa com esclerose múltipla e eu mostro uma pessoa que tem deficiência auditiva, ou alguém que tem uma deficiência visual ou motora", diz Mark Barlet, fundador e diretor-executivo da organização sem fins lucrativos AbleGamers. "Por isso, pensar no rótulo da deficiência não é a melhor abordagem. A ideia é pensar na experiência de que os jogadores precisam para fazer a ponte entre um jogo e um controle que não foi projetado para sua apresentação única no mundo."

Barlet diz que sua organização, que ajudou Sony e Microsoft a criarem controles acessíveis, vem defendendo os interesses dos jogadores com deficiência há quase duas décadas. Com o advento das redes sociais, os próprios jogadores puderam amplificar a mensagem e se dirigir diretamente aos criadores em fóruns que não existiam antes.

"Nos últimos cinco anos, vi o movimento pela acessibilidade dos jogos deixar de ser feito apenas por estúdios independentes trabalhando em alguns recursos e chegar a jogos AAA que podem ser jogados por pessoas consideradas cegas", conta. "Em cinco anos, foi de tirar o fôlego."

A Microsoft disse em um comunicado que se sentiu encorajada pela reação positiva ao controle Xbox Adaptive quando foi lançado em 2018, e que é "animador ver outros participantes da indústria adotarem uma abordagem semelhante para incluir mais jogadores em seu trabalho com foco em acessibilidade".

O controle Access estará a venda mundialmente a partir de 6 de dezembro, e custará 90 dólares (450 reais) nos EUA.

Alvin Daniel, um gerente técnico sênior de programa do PlayStation, diz que o dispositivo foi projetado com três princípios em mente para torná-lo "amplamente adequado" ao máximo de jogadores possível. Primeiro, o jogador não precisa segurar o controle para usá-lo. Ele pode ser colocado sobre uma mesa ou bandeja de cadeira de rodas, ou pode ser montado em um tripé, por exemplo. Era importante que ele se encaixasse em uma bandeja de cadeira de rodas, pois quando alguma coisa cai da bandeja, pode ser impossível que o jogador pegue de volta sem ajuda. Também precisa ser resistente, pelo mesmo motivo - para sobreviver a ser atropelado por uma cadeira de rodas, por exemplo.

Segundo, é muito mais fácil apertar os botões do que em um controle padrão. É um kit, que vem com capas de botão em diferentes tamanhos, formatos e texturas, para que as pessoas possam experimentar as formas de reconfigurá-lo da maneira que funcione melhor para elas. O terceiro são as alavancas, que também podem ser configuradas dependendo da funcionalidade para a pessoa que está usando.

Como pode ser usado com bem menos agilidade e força do que o controle de PlayStation padrão, o Access também pode ser um divisor de águas para uma população em crescimento: jogadores idosos que sofrem de artrite e outras doenças limitantes.

"Da última vez que verifiquei, a idade média dos jogadores estava na casa dos quarenta", conta Daniel. "E tenho total expectativa, falando por mim, de que eles vão querer continuar a jogar, assim como eu vou querer continuar a jogar, porque é uma diversão para nós".

Depois do acidente, Lane parou de jogar por sete anos. Para quem começou a jogar videogame ainda criança, usando o Magnavox Odyssey, lançado em 1972, ele diz que "ficou um vazio" em sua vida.

Começar de novo, mesmo com as limitações de um controle de jogo padrão, foi como reencontrar um "amigo perdido há muito tempo".

"O simples impacto social dos jogos mudou a minha vida. Passei a ter uma disposição melhor", conta Lane. Ele observa que o isolamento social muitas vezes acontece quando as pessoas que antes eram fisicamente capazes ficam incapacitadas.

"Tudo muda", diz. "E quanto mais tiram de nós, mais isolados nos tornamos. Jogar e ter a oportunidade de fazer isso em níveis muito altos, poder fazer isso de novo, é como um reencontro, (como perder) um companheiro próximo e poder se reunir novamente com essa pessoa."

O Instituto da Oportunidade Social (IOS), realizará na próxima segunda-feira (16), das 10h às 11h, o webinar “Formação Profissional para pessoas com Deficiência: uma estratégia de inclusão para sua empresa!”. O evento é gratuito e para participar basta se inscrever no link.

O IOS busca trazer a importância da formação e contratação de pessoas com deficiência para o mercado de trabalho e como pode contribuir para a estratégia de diversidade e inclusão (D&I) das empresas.

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Segundo estimativas feitas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base na Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) de 2022, o Brasil contabiliza 18,6 milhões de pessoas com deficiência, o que representa 8,9% da população. Mas, enquanto a taxa de ocupação da população brasileira é de 60,7%, a de pessoas com deficiência fica em apenas 26,6%. Mesmo com a Lei de Cotas nº 8.213, que prevê que a partir de um número de colaboradores um percentual das vagas deve ser destinado para pessoas com deficiência, de acordo com o Relatório Anual de Informações Sociais (RAIS) de 2019, apenas 53% das empresas no Brasil cumprem a Lei de Cotas.

Após formados, o IOS atua para a inserção dos alunos no mercado de trabalho, por meio do Programa de Empregabilidade do instituto. “A formação e contratação de pessoas com deficiência, é uma maneira de contribuir com a inclusão desses profissionais no mercado de trabalho além de promover políticas de D&I para além da Lei de Cotas”, comenta Kelly Lopes, superintendente do Instituto da Oportunidade Social.

Atuante há 25 anos com a empregabilidade de jovens e pessoas com deficiência que tenham menor acesso às oportunidades do mercado de trabalho, está entre as melhores ONGs do mundo de acordo com o ranking The Dot Good e qualificado como Entidade Beneficente de Assistência Social certificada pelo CEBAS, o IOS já formou mais de 42 mil profissionais para os setores de Tecnologia da Informação, Administração, RH e Atendimento ao Varejo.

Por Paloma Vieira.

Dados Censo Escolar 2022 mostram que 61.594 alunos da educação básica possuem alguma deficiência relacionada à surdez. Ainda segundo o levantamento, 1,5 milhão, do total de alunos, tem alguma deficiência e está matriculado em turmas da educação especial.

No que se refere ao participantes do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o mesmo levantamento expõe que, dos 3,9 milhões de inscritos, 38.101 contarão com atendimento especializado. Para o exame, que é a principal porta de entrada em universidades públicas e programas estudantis, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) disponibiliza 70.411 recursos de acessibilidade em 2023 como Tradutor-intérprete em Língua Brasileira de Sinais (Libras), Auxílio para transcrição, Leitura labial, entre outros.

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Uma professora da rede estadual de São Paulo foi afastada da sala de aula após ser gravada discutindo com uma aluna, de 13 anos, com deficiência intelectual. O caso ocorreu na Escola Estadual Capitão Getúlio Lima, em Sales Oliveira (SP), na última quinta-feira (24).

Na ocasião, a docente tenta chamar a estudante, que está reclinada sobre a carteira. No entanto, a adolescente reage e chega a tocar na professora, que irritada arranca a carteira e grita para que a adolescente se dirija até a diretoria. A família da aluna registrou boletim de ocorrência na Polícia Civil na tarde da última segunda-feira (28) para investigar os fatos.

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A postura da profissional em sala de aula chegou, através de um vídeo feito por um dos alunos, até a Secretaria de Educação de São Paulo. A pasta se manifestou, por meio de nota, sobre o ocorrido. No comunicado, a secretaria diz repudiar qualquer forma de agressão e afirma que a professora foi afastada para apuração dos fatos. Além disso, foi informado que o contrato da docente pode ser cancelado após o final do procedimento.

Nesta segunda-feira (21) inicia a campanha da Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla. Ela é caracterizada pelo funcionamento cognitivo que não corresponde à média esperada, ou seja, abaixo do que é considerado normal. Por isso, algumas pessoas confundem em identificar essa deficiência e optam por englobar essa forma como um xingamento às outras. O objetivo da data é promover a garantia da inclusão, conscientização e oportunidades sobre os direitos por essas pessoas. 

A dúvida de pais ou responsáveis, se deve aos campos que podem ser direta ou indiretamente afetados pelo desempenho cerebral da criança, por exemplo. Para alcançar o objeto da data por completo, é necessário entender que a igualdade é um processo contínuo e uma das formas de estimular esse processo é a explicação e colaboração do assunto na educação familiar e escolar, seja dos pais, responsáveis ou até mesmo os professores. 

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A equipe médica não trabalha com apenas uma linha de pesquisa objetiva para o resultado final da deficiência, ela deriva de um aspecto multifatorial. “Uma criança que tem o resultado positivo para a deficiência intelectual e múltipla, pode apresentar por vários motivos variados o desempenho inalcançado considerado dentro do normal. Cada especialista segue uma linha para a resposta”, ressalta a médica em clínico geral, Dra. Karla Nogueira. 

Os sinais para essa deficiência são: pouca interação com os colegas e com a professora; dificuldade em se adaptar aos mais variados ambientes; falta de interesse pelas atividades dadas em sala de aula; esquecer o que havia aprendido; dificuldade para identificar letras, desenvolver a fala de maneira satisfatória; dificuldade em coordenação motora e outros sinais. E o diagnóstico deve vir de um profissional da área, mas o tratamento pode ser realizado por meio de uma equipe multidisciplinar. 

 

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) publicou em seu perfil no Twitter neste sábado, 22, um pedido de desculpas à população com deficiência após fazer afirmações capacitistas durante evento do governo na última terça-feira, 28, para anunciar ações de combate à violência nas escolas.

Em discurso de improviso, Lula havia dito que "a Organização Mundial da Saúde sempre afirmou que a humanidade deve ter mais ou menos 15% de pessoas com problema de deficiência mental. Se esse número for verdadeiro, existem quase 30 milhões de pessoas com problema de desequilíbrio de parafuso no Brasil. Pode uma hora acontecer uma desgraça".

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Após muita repercussão, o presidente se retratou.

"Gostaria de pedir desculpas sobre uma fala que fiz na semana passada, durante reunião sobre violência nas escolas. Conversei e ouvi muitas pessoas nos últimos dias e não tenho vergonha de assumir que sigo aprendendo e buscando evoluir. É por isso que quero me retratar com toda a comunidade de pessoas com deficiência intelectual, com pessoas com questões relacionadas à saúde mental e com todos que foram atingidos de alguma maneira por minha fala. Não devemos relacionar qualquer tipo de violência a pessoas com deficiência ou pessoas que tenham questões de saúde mental. Não vamos mais reproduzir esse estereótipo. Tanto eu quanto nosso governo estamos abertos ao diálogo. Como presidente de um país com uma grande parcela da população de PCDs, estou disposto a aprender e fazer o possível para que todos se sintam incluídos e respeitados. É assim que avançamos enquanto pessoas, país e sociedade", escreveu o presidente.

Lula está em viagem oficial a Portugal, onde assinou acordos comerciais com o país europeu.

Um homem de 53 anos foi preso em flagrante após estuprar o enteado de 13 anos, um adolescente com deficiência, em Itamaracá, no Grande Recife. Uma das testemunhas do crime teria sido o irmão da vítima, uma criança de apenas seis anos, que teria sido forçada a assistir ao episódio de violência. O crime aconteceu na noite da segunda-feira (13), e a polícia prendeu o homem na terça-feira (14).  

De acordo com o g1, a vítima apresenta uma deficiência intelectual, e a mãe dele tem esquizofrenia. Por causa disso, o adolescente não conseguiu denunciar o caso no mesmo dia do crime. Entretanto, na terça-feira (14), o adolescente contou a uma tia que cuida dele que tinha sido estuprado. Ela levou os dois sobrinhos à delegacia, onde o crime foi denunciado. Como se trata de um crime contra menores de idade, as identidades não foram reveladas. 

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Foram encontradas lesões no ânus do adolescente e resquícios de sêmen. Com a confirmação do estupro, os policiais fizeram buscas pelo padrasto, que tinha fugido após saber que a tia levou o adolescente à delegacia. Ele foi encontrado no bairro do Socorro, em Itamaracá. 

O abusador foi preso por estupro de vulnerável. As penas variam entre oito e 15 anos de reclusão. “A Polícia Civil de Pernambuco informa que está investigando um caso de estupro de vulnerável, que vitimou uma criança de 13 anos. O fato aconteceu no dia 13/02/23, no município de Itamaracá. Foi instaurado inquérito policial para apurar o caso. Mais detalhes não podem ser informados por envolver menor de idade”, reiterou a Polícia Civil. O caso deverá correr em segredo de justiça. 

 

As empresas do segmento da obrigatoriedade da lei de acessibilidade nos cinemas do Brasil buscam modelos como a do CineSesc. Além da adaptação física, o público que frequenta a unidade localizada na rua Augusta também conta com o equipamento CineAssista, uma tecnologia fornecida gratuitamente ao público que integra: audiodescrição sincronizada para pessoas com deficiência visual; Libras com tradução simultânea e legendas descritivas, o que permite uma compreensão para pessoas com deficiência auditiva.  

O aparelho com a tecnologia é composto por uma tela sensível ao toque que proporciona imagem e som de alta qualidade, amparado por um suporte móvel e flexível encaixado no braço da poltrona.

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Para quem se comunica por Libras, tem a opção de escolher pela língua de sinais por um intérprete humano ou avatar virtual. Já os espectadores com deficiência visual, podem utilizar o fone conectado ao equipamento. O CineSesc já se destacava pela preocupação com acessibilidade, ao investir em rampas de acesso, piso tátil com sinalização para deficientes visuais, mapa tátil de localização, elevador, cardápio em braile, banheiros adaptados e uma área ampla e plana, adequada para circulação. 

Os ingressos para as sessões podem ser adquiridos na bilheteria ou no site do CineSesc (R$8,00, para quem possui credencial plena; R$12,00, meia entrada; e R$24,00, inteira).   

O Sesc São Paulo tem compromisso com a acessibilidade e amplia a quantidade de recursos para estimular a participação da pessoa com deficiência na programação socioeducativa e cultural. Em 2022, o CineSesc foi eleito o melhor cinema de rua de São Paulo pelo Guia da Folha. A unidade também foi reconhecida pela mesma publicação como o cinema da capital paulista com a melhor acessibilidade.

É importante lembra que, de acordo com o Estatuto da Pessoa com Deficiência, “as salas de cinema devem oferecer, em todas as sessões, recursos de acessibilidade para a pessoa com deficiência”. O Senado havia prorrogado o prazo para que sejam feitas as mudanças obrigatórias nas salas de exibição até 1º de janeiro: tela com tradução em Libras para surdos e fone com audiodescrição para cegos.   

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) registrou a candidatura de 475 pessoas com deficiência que vão concorrer a um cargo público nas eleições de outubro. O número representa 1,6% do total de 28.644 pedidos de registros de candidatura.

Dos candidatos com deficiência, a maioria (53,69%) possui alguma deficiência física. Em seguida, vêm os candidatos com deficiência visual (23,58%) e auditiva (11,58%), outras deficiências (8,42%) e autismo (2,74%).

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Para a Câmara dos Deputados, concorrem 161 pessoas com deficiência. Ou seja, 35% dos candidatos com deficiência disputam uma vaga na Câmara.

Os dados sobre candidaturas com deficiência começaram a ser contabilizados a partir de 2020. Assim, estas são as primeiras eleições de nível federal a contar com esse tipo de informação.

Dificuldades

Segundo Ewelin Canizares, integrante do Movimento Feminista Inclusivas de Mulheres com Deficiência, a pessoa com deficiência enfrenta uma série de dificuldades para ter acesso aos partidos e se candidatar. O principal obstáculo é a falta de acessibilidade.

“Um candidato cego, por exemplo. Se ele não tem o material do partido todo de forma acessível, as fotos, as figuras, os textos, ele tem dificuldade de fazer a sua proposta de mandato. A gente precisa que os textos estejam disponíveis em formato eletrônico, para que as pessoas cegas ouçam o texto”, esclarece Ewelin Canizares.

No caso de um candidato surdo, a documentação pode ser repassada ao candidato por escrito, mas ele precisaria de um intérprete da Língua Brasileira de Sinais (Libras) para ser entendido. “Se não, ele não tem como fazer sua comunicação de campanha e nem de relacionamento com os dirigentes do partido, porque normalmente as pessoas não usam Libras”, afirma ainda Ewelin.

Já a candidatura da pessoa com deficiência física esbarra na falta de acessibilidade das cidades brasileiras: escadas, calçadas esburacadas, inexistência de banheiros acessíveis, elementos necessários para que uma campanha seja feita de forma adequada e digna.

Por esses motivos, Ewelin Canizares defende um financiamento estipulado da campanha de pessoas com deficiência, que muitas vezes são de baixa renda e possuem gastos altos com medicamentos e adaptações. Ela também defende cotas de vagas, com paridade de gênero.

*Da Agência Câmara de Notícias

O total de eleitores que declaram ter algum tipo de deficiência ou mobilidade reduzida aumentou 35,27% em quatro anos, passando de 939.915 para 1.271.381, segundo o perfil do eleitorado divulgado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em Brasília. Segundo a Justiça Eleitoral, mais de 156 milhões de pessoas estão aptas a votar nas Eleições 2022.

Entre os mais de 1,2 milhão de eleitores com necessidades especiais, 30,47% declararam ter algum tipo de deficiência de locomoção, 13,3% visual e 7,97% auditiva. A fim de melhor atender essa parcela de eleitores, a Justiça Eleitoral implantou “diversos mecanismos que asseguram a essas pessoas a possibilidade de votar em locais com maior acessibilidade”.

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No entanto, para acessar esses mecanismos é necessário que o interessado faça uma solicitação junto ao cartório eleitoral “em tempo hábil”.

“A eleitora e o eleitor nessa situação têm prazo até o dia 18 de agosto para solicitar a transferência para uma seção com maior acessibilidade. As seções especiais são espaços adaptados pela Justiça Eleitoral que oferecem fácil acesso e maior comodidade e segurança no momento do voto”, informou o TSE.

O requerimento pode ser feito em qualquer cartório eleitoral pela própria pessoa interessada, munida de documento oficial com foto, ou por meio de curador, apoiador ou procurador.

Novos recursos

O TSE disse que aprimorou alguns dos softwares já existentes e que instalou “novos recursos de acessibilidade” nas urnas eletrônicas a serem utilizadas nestas eleições de 2022. Entre os novos recursos estão equipamentos que fazem tradução para a Língua Brasileira de Sinais (Libras).

“Além disso, um vídeo feito por uma intérprete de Libras será apresentado em todas as 577.125 urnas eletrônicas preparadas para o pleito, indicando para eleitoras e eleitores qual cargo está em votação no momento, nesta sequência: deputado federal, deputado estadual ou distrital, senador, governador e presidente da República”, acrescentou o tribunal.

Serão também disponibilizados nas seções eleitorais fones de ouvido para ajudar eleitoras e eleitores cegos ou com baixa visão. Sinais sonoros indicarão o número escolhido e será dado um retorno com o nome da candidata ou do candidato, por meio de voz sintetizada.

Uma vez por semana, Rosane Arruda, de 47 anos, sai com um carrinho de feira pela comunidade onde mora, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Mas não é para colocar frutas ou verduras; e, sim, gravetos, tábuas, restos de obra e o que mais encontrar pelo caminho. Sem dinheiro para comprar gás, Rosane tem cozinhado com lenha, embora, por lei, tenha direito a receber um auxílio que subsidia o botijão.

Ela, porém, nunca viu esse dinheiro, assim como milhares de outras mães solo que têm filhos com deficiência e recebem o Benefício de Prestação Continuada (BPC). Às vésperas do início do pagamento dobrado do vale-gás, instituído pela PEC Kamikaze, o governo federal deixou sem o benefício mães que têm filhos com deficiência e representam a parcela mais pobre da população. Nas últimas duas semanas, o Estadão conversou com mulheres desassistidas pela ação que subsidia metade do botijão a cada dois meses - e, a partir de agosto, passa a subsidiar 100%.

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O BPC concede um salário mínimo por mês a pessoas com deficiência ou idosos acima de 65 anos com renda per capita de até um quarto do salário mínimo (hoje, R$ 303). Já o vale-gás é pago desde janeiro a famílias inscritas no Cadastro Único com renda mensal per capita de até meio salário mínimo e a famílias que possuem integrante que recebe o BPC. No entanto, segundo a Rede Observatório BPC, de um universo de 13 mil mães solo pertencentes à associação - com os cadastros atualizados -, apenas uma recebe o vale-gás. Quando procuram os Centros de Referência de Assistência Social (Cras), saem sem respostas. Procurado pela reportagem, o Ministério da Cidadania preferiu não se manifestar.

Sem poder trabalhar

"Boto o fogãozinho a lenha lá no fundo, porque meu filho também tem bronquite", diz Rosane, que tem um filho deficiente visual e outro autista. "Eu sei que é perigoso, mas a gente não tem o que fazer. Não posso trabalhar, porque tenho de cuidar deles o dia todo. Tenho de me virar com o BPC, mas tem muito gasto, tem remédio, comida está caro… e o gás aqui está R$ 110. Não tem condições", diz.

Luana Paula, de 31 anos, é mãe de uma criança cadeirante de 11 anos. Ela também não recebe o vale-gás. Quando busca ajuda no Cras de onde mora, em Santo Antônio do Descoberto (GO), ouve que seu cadastro está atualizado, mas que o pagamento ainda não foi liberado e que nem há previsão. "Não temos direito a nada, só a um salário mínimo. Meu filho toma remédio, usa fralda, eu pago aluguel. Uma fralda está R$ 40, R$ 50. Um leite, quase R$ 10. Eu vivo com ajuda de cesta básica e doação", diz. Onde ela mora, o botijão está custando R$ 140. "Deixo o registro aberto pela metade para economizar. Faço a janta e já deixo para o almoço. Mesmo assim, é muito difícil", contou Paula. Segundo o IBGE, nos últimos 2 meses até junho, o preço do botijão de gás subiu 26,8%.

O presidente da Rede Observatório BPC, Vinícius Mariano, questiona o fato de o decreto que regulamentou o vale-gás, em dezembro, priorizar outros públicos no recebimento do benefício, incluindo beneficiários do Auxílio Brasil. Pelo texto, têm prioridade: Cadastro Único atualizado nos últimos dois anos, menor renda per capita, maior quantidade de membros na família, beneficiários do Auxílio Brasil e com cadastro qualificado pelo gestor por meio do uso de dados de averiguação.

"Além desse ordenamento, o decreto retira o valor do Auxílio Brasil do cálculo da renda per capita, mas não o BPC. Assim, as mães do BPC não conseguirão jamais ter acesso ao benefício", diz Mariano. "O que está acontecendo é um cerceamento de direitos econômicos desse grupo de mães que não podem trabalhar e não têm acesso a um benefício a que elas têm direito por lei."

Joseane Zanardi Parodi, coordenadora do Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário em São Paulo, avalia que essas mulheres se encontram em situação de muita vulnerabilidade. "Mãe solo nessa situação é muito comum, pois muitos homens 'caem fora' quando sabem que a criança tem alguma deficiência e precisará de cuidados especiais. Aí, normalmente ela acaba tendo de abandonar o mercado de trabalho para tomar conta em tempo integral dos filhos, já que é muito caro contratar uma pessoa para isso", diz.

"Vira uma bola de neve: fora do mercado, a mulher fica sem o suporte financeiro e não contribui para o INSS. Se algo vir a acontecer com a criança, ela fica totalmente descoberta. São mulheres excluídas - e que precisam de políticas públicas que as incluam."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Pensando na segurança de pessoas com deficiência física, projeto de lei propõe multa por qualquer conduta discriminatória, vexatória ou ofensiva cometida contra o deficiente, no estado de Pernambuco. O projeto foi apresentado pelo deputado estadual Antonio Coelho (DEM) à Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe).

O Projeto de Lei propõe uma alteração na Lei nº 14.789/2012, que instituiu a Política Estadual da Pessoa com Deficiência. A proposta considera ato discriminatório qualquer manifestação ou ação constrangedora, intimidatória ou vexatória de ordem moral, ética ou psicológica. Todas as formas de assédio ou de preconceito contra a pessoa com deficiência, seus acompanhantes ou familiares.

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Multa

Dessa forma, as pessoas que cometerem esse ato pagarão multa de R$ 500 a R$ 1 mil se o infrator for pessoa física; e de R$ 5 mil a R$ 20 mil em caso de estabelecimento, empreendimento ou prestador de serviços, sejam eles públicos ou privados. O valor da multa será definido conforme a capacidade econômica da pessoa ou do estabelecimento, a gravidade do ato e as circunstâncias da infração.

Por fim, o autor da proposta defende a importância da lei. “A integração de pessoas com deficiência na sociedade é de extrema importância para o desenvolvimento delas e fundamental para a inserção de uma cultura de igualdade e equidade. Só a convivência baseada na empatia e no respeito às diferenças e ao direito de cada cidadão, construiremos uma sociedade melhor”, destaca o parlamentar.

O Projeto de Lei 2630/21, do deputado Capitão Fábio Abreu (PL-PI), cria a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). Conforme a proposta, a pessoa com TDAH é considerada pessoa com deficiência, para todos os efeitos legais. 

São diretrizes da política nacional, conforme o projeto: 

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a intersetorialidade no cuidado à pessoa com TDAH; a participação de pessoas com TDAH na formulação, execução e avaliação de políticas públicas; a atenção integral à saúde da pessoa com TDAH, objetivando o diagnóstico precoce, o atendimento multiprofissional e o acesso ao tratamento, conforme protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas publicadas pela autoridade competente; o incentivo à formação e à capacitação de profissionais especializados no atendimento à pessoa com TDAH; o estímulo à educação em ambiente inclusivo, com a utilização de recursos pedagógicos especiais sempre que necessário; a inserção da pessoa com TDAH no mercado de trabalho formal, observadas as especificidades da deficiência; a responsabilidade do poder público quanto à informação pública relativa ao transtorno e suas implicações; o estímulo à pesquisa científica.

A proposta estabelece também os direitos da pessoa com TDAH: 

a vida digna, a integridade física e moral, o livre desenvolvimento da personalidade, a segurança e o lazer; a proteção contra qualquer forma de abuso e exploração; o acesso a ações e serviços de saúde, conforme protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas publicadas pela autoridade competente; educação e ensino profissionalizante; emprego adequado à sua condição; moradia, inclusive em residência protegida; previdência e assistência social. Conforme o projeto, a pessoa com TDAH não será impedida de participar de planos privados de assistência à saúde em razão de sua condição de pessoa com deficiência. 

Além disso, o dirigente do estabelecimento de ensino que recusar a matrícula de aluno com TDAH será punido com multa de 3 a 20 salários mínimos. Parágrafo único. Em caso de reincidência, se servidor público, perderá o cargo caso comprovada a ocorrência do fato em processo administrativo disciplinar.

  “O objetivo deste projeto de lei é assegurar às pessoas com TDAH os mesmos direitos já garantidos às pessoas com Transtorno do Espectro Autista. Ambas são classificadas como transtornos dos Transtornos do Neurodesenvolvimento, uma vez que se manifestam precocemente na vida da criança e causam prejuízos no funcionalmente pessoal, social, acadêmico ou profissional”, explicou o deputado Capitão Fábio Abreu. 

“Por serem doenças semelhantes, as deficiências também serão semelhantes e, por consequência, também deverão ser as garantias previstas em lei para permitir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas”, acrescentou. 

Definição Considera-se pessoa com TDAH aquela que preenche os critérios da décima revisão da Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-10), ou a que lhe suceder, ou da quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, da American Psychiatric Association (DSM-5).  Tramitação O projeto tramita em caráter conclusivo e será analisado pelas comissões de Educação; Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência; Seguridade Social e Família; Finanças e Tributação; e Constituição e Justiça e de Cidadania. 

*Da Agência Câmara de Notícias

Pessoa com deficiência intelectual, a estudante Jéssica Lopes Barboza, de 13 anos, surpreendeu a todos ao conquistar a medalha de ouro na Olimpíada Nacional de Ciências.

O professor de Ciências Victor Hugo, que realizou um trabalho com 113 estudantes do 6º ao 8º ano para a participação na Olimpíada, se emocionou ao comentar a conquista da estudante.

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“É um resultado surpreendente e que recebemos com muita emoção e alegria. E para a Jéssica, foi mais especial ainda. Não tenho dúvidas que essa medalha marcará para sempre, de maneira positiva, a vida estudantil e pessoal dela. E que possamos descobrir mais apaixonados pelas Ciências entre os nossos estudantes da rede municipal de Vitória”, afirma.

Aluna do 7º ano da Escola Municipal de ensino fundamental (Emef) Orlandina d'Almeida Lucas, em Vitória, no Espírito Santo, Jéssica sempre se mostrou curiosa e interessada em plantas e animais.

“Primeiro eu agradeço a Deus, por ter me motivado e me dado coragem para estudar, me preparar e realizar a prova. E também agradeço o apoio da minha mãe, em especial do professor de Ciências, Victor Hugo, e de todos os profissionais da escola que estiveram junto comigo”, diz Jéssica.

A solenidade de premiação será realizada no dia 27 de outubro.

Nesta terça-feira, dia 21 de setembro, o Brasil celebra o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência. No Recife, a data será lembrada com ato organizado pelo Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Recife (COMUD/Recife), marcado para acontecer a partir das 15h, na praça do Derby, na área central da capital pernambucana.

Dentre as organizações da sociedade civil que confirmaram presença estão: Fraternidade Cristã de Pessoas com Deficiência de Pernambuco (FCD/PE); Bloco Carnavalesco Me Segura Senão eu Caio; Aliança de Mães e Famílias Raras (AMAR); Associação Pernambucana de Cegos (APEC); Associação de Pais e Amigos do Centro de Reabilitação e Educação Especial (APACREE); Associação dos Usuários de Cateter Intermitente de Pernambuco (AUCIPE); Associação de Famílias Para o Bem Estar e Tratamento da Pessoa com Autismo (AFETO); Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência (CONED); IncluiPE; Instituto Arthur Vinícius (IAV); Centro Evangélico de Reabilitação e Treinamento Ocupacional (CERTO) e o Movimento de Mulheres com Deficiência de Pernambuco.

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De acordo com os organizadores, o Brasil possui uma legislação avançada voltada aos direitos da pessoa com deficiência, a exemplo do Estatuto da Pessoa com Deficiência, instituído pela lei federal nº13.146, de 06 de julho de 2015. Faltam, contudo, políticas públicas  de educação, saúde, trabalho, assistência social, esporte, cultura e lazer que promovam os direitos e a cidadania dessa população.

O Instituto Olga Kos de Inclusão realizará, nos próximos dias 13, 14 e 15, o "Webinário Nacional sobre Dados e Informações sobre Deficiência", em parceria com o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), por intermédio da Secretaria Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência (SNDPD).

O evento online visa debater o conceito de deficiência na Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e sua incorporação nas pesquisas públicas brasileiras. Fará também a releitura dos dados e pesquisas sobre as pessoas com deficiência no Brasil e criará o Índice Nacional de Inclusão Olga Kos da Pessoa com Deficiência, um sistema em desenvolvimento para identificar o grau de inclusão social das pessoas com deficiência no Brasil.

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A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável define compromissos para a construção de sociedades justas e inclusivas com base no respeito pelos direitos humanos. "Isso ressalta o reconhecimento das pessoas com deficiência como atores-chaves nesse processo e para isso é preciso ter um esforço coletivo para alcançar a plena inclusão", explica a secretária Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Priscila Gaspar. O Webinário terá transmissão ao vivo pelas redes sociais @mdhbrasil, legendasem tempo real e intérprete de Libras.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) 2019, divulgada nesta quinta-feira (26) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela que havia no Brasil, naquele ano, 17,3 milhões de pessoas de 2 anos ou mais de idade com deficiência em pelo menos uma de suas funções. O número correspondia a 8,4% da população nessa faixa etária. Do total de pessoas com deficiência, 14,4 milhões residiam em domicílios urbanos e 2,9 milhões na área rural; 10,5 milhões eram mulheres e 6,7 milhões, homens; 7,8 milhões eram pardas (8,5%), 7,1 milhões, brancas (8%), e 2,1 milhões, pretas (9,7%).

Por região, o maior percentual de pessoas com deficiência foi encontrado no Nordeste (9,9%), seguido do Sudeste (8,1%), Sul (8%), Norte (7,7%) e Centro-Oeste (7,1%). De acordo com o IBGE, todos os estados da Região Nordeste tiveram percentuais acima da média nacional, com destaque para Sergipe (12,3%).

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A pesquisa foi feita em parceria com o Ministério da Saúde, com base em amostra de 108 mil domicílios. Ela mostra também que 24,8%, ou o equivalente a 8,5 milhões de pessoas com deficiência, estavam no grupo etário de 60 anos ou mais, enquanto 332 crianças (1,5%) se encontravam no grupo de 2 a 9 anos. As entrevistas ocorreram entre os dias 26 de agosto de 2019 e 13 de março de 2020, embora a data de referência da pesquisa seja 27 de julho de 2019, segundo o IBGE.

Perda de funções

Por volta dos 40 anos de idade, ocorre aumento significativo no percentual de pessoas com deficiência (32,4%), indicando os primeiros indícios do processo de envelhecimento e, em consequência, alguma perda em suas funções visuais, auditivas, motoras e intelectuais.

Tomando por base o nível de escolarização, a sondagem identificou que nas pessoas com 18 anos ou mais com deficiência, o índice da população com nível superior completo era de 5%, contra 17% das pessoas sem deficiência. Em relação ao ensino médio completo ou superior incompleto em 2019, isso incluía 16,6% da população com deficiência, contra 37,2% das pessoas sem deficiência. Mais de 67% (67,6%) da população com alguma deficiência não tinham instrução ou tinham o ensino fundamental incompleto, percentual menor (30,9%) para as pessoas sem nenhuma das deficiências investigadas.

Embora a Lei 13.146, em seu Artigo 8º, assegure o direito ao trabalho para as pessoas com deficiência, a PNS 2019 constatou que o nível de ocupação das pessoas de 14 anos ou mais com deficiência foi de apenas 25,4%, contra 57% na população em geral, atingindo até 60,4% nas pessoas sem deficiência em idade para trabalhar. O desnível entre os dois grupos populacionais foi marcante em todas as regiões. A proporção de pessoas com deficiência em domicílios com renda per capita (por indivíduo) de meio a um salário mínimo foi de 10,7%, caindo para 6,3% nos domicílios com rendimento de mais de dois a três salários mínimos; para 5,8% naqueles com rendimento com mais de três a cinco salários mínimos; e para 4,6% nos domicílios que superavam cinco salários mínimos per capita.

Libras

Segundo o IBGE, 3,4% da população com dois anos ou mais de idade declararam ter muita dificuldade ou que não conseguiam enxergar de modo algum, o que correspondia a 6,9 milhões de brasileiros com deficiência visual, sendo de 2,7% na população masculina e de 4% na feminina. No caso da deficiência auditiva, 2,3 milhões de brasileiros com dois anos ou mais de idade declararam ter muita dificuldade ou não ouvir de modo algum, o que constituía 1,1% da população brasileira no período, atingindo homens e mulheres com 1,1%. Do total, 22,4% disseram conhecer a Língua Brasileira de Sinais (Libras).

A PNS investigou, pela primeira vez, se brasileiros, independentemente de serem pessoas com deficiência, sabiam usar Libras. Percebeu-se que 2,4% da população com cinco anos ou mais, totalizando 4,6 milhões, sabiam usar a língua. As pessoas com deficiência nos membros superiores ou inferiores somavam 4,9% da população em 2019, ou o equivalente a 10,1 milhões. A maior concentração de pessoas com deficiência física era na população fora da força de trabalho (10%),enquanto 1,2% (2,5 milhões de pessoas) apresentavam deficiência mental.

Envelhecimento

O envelhecimento da população foi objeto também da pesquisa do IBGE e Ministério da Saúde, tendo em vista o aumento da expectativa de vida, que passou de 74,9 anos, em 2013, para 76,6 anos, em 2019. As pessoas com 60 anos ou mais foram estimadas, em 2019, em 16,4% da população, atingindo 34,4 milhões, contra 13,2% ou o correspondente a 26,3 milhões, em 2013.

A PNS revela ainda que 9,5% (ou 3,3 milhões) das pessoas de 60 anos ou mais tinham dificuldade para realizar suas atividades diárias, como comer, tomar banho, ir ao banheiro, vestir-se, andar em casa de um cômodo para outro no mesmo andar, deitar-se ou levantar-se da cama sozinho. Todas as grandes regiões apresentaram níveis semelhantes à média nacional. O percentual de mulheres nessas condições (10,6%) superou o dos homens (8,2%).

A pesquisa identificou que quanto mais elevada a idade, maior a proporção de pessoas com limitações, variando de 5,3% para as de 60 a 64 anos, até 18,5% para as de 75 anos ou mais. Sobre o nível de instrução, constatou-se que quanto mais elevado ele era, menor era o indicador investigado: para as pessoas sem instrução, os maiores de 60 anos com limitações representavam 16%; com fundamental incompleto, 9,7%; e com fundamental completo ou mais, 6,3%.

Medicamentos

Outra abordagem se referiu ao uso de medicamentos. A estimativa foi que 75,4% das pessoas de 60 anos ou mais faziam uso regular ou contínuo de algum medicamento receitado por médico. Desse total, 81,1% eram mulheres e 67,8%, homens. Na população parda, o percentual alcançou 72,2%, contra 77,5% e 76% nas populações branca e preta, respectivamente. Os grupos de idade mais avançada registraram percentuais mais elevados (19%) que os de menor idade (3,3%). Por regiões, Norte (61,7%) e Nordeste (72,7%) apresentaram proporções abaixo da média nacional.

A vacina contra a gripe foi tomada por 72,3% das pessoas de 60 anos ou mais de idade nos 12 meses anteriores à data da entrevista. A população de 60 a 64 anos apresentou estimativas mais baixas que as dos demais grupos etários, com um percentual de vacinação de 66,3%, enquanto os grupos de 65 a 74 anos e de 75 anos ou mais registraram adesão de 74,4% e 75,8%, respectivamente. Para as pessoas que disseram não ter tomado a vacina, o principal motivo (41,8%) foi não achar necessário ou raramente ficar gripado, seguido de medo da reação por 19,8%.

Entre os idosos de mais de 60 anos, 15,5% sofreram alguma queda nos 12 meses anteriores à entrevista e 34,6% foram diagnosticados com catarata.

As informações da PNS 2019 serão utilizadas para subsidiar a formulação de políticas públicas nas áreas de promoção, vigilância e atenção à saúde do Sistema Único de Saúde (SUS), devendo seus resultados fomentarem a resposta e o monitoramento de indicadores nacionais e internacionais, informou o IBGE.

O município do Rio de Janeiro inicia nesta quinta-feira (26) a vacinação contra covid-19 em adolescentes sem deficiência. Hoje é o dia das meninas com 17 anos de idade, enquanto a sexta-feira (27) será a vez dos meninos com a mesma idade, de acordo com calendário divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde.

No sábado (28), será feita uma repescagem na qual poderão se imunizar todas as pessoas com 17 anos ou mais.

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Na semana seguinte, o calendário prossegue com as meninas de 16 anos (dia 30), os meninos de 16 anos (dia 31), a repescagem para quem tem 16 anos ou mais (dia 1º de setembro), meninas de 15 anos (dia 2) e meninos de 15 anos (dia 3).

Em todos esses dias, está permitida a vacinação, em primeira dose, para pessoas com deficiência, grávidas, puérperas e lactantes com 12 anos ou mais. Também está sendo aplicada a segunda dose de acordo com programação prevista.

O calendário original da prefeitura previa iniciar a vacinação de adolescentes na última segunda-feira (23), mas houve atraso devido à falta de imunizantes para aplicar a primeira dose nesse público.

A bancada do PSOL na Câmara dos Deputados entrou com uma representação no Ministério Público Federal pedindo a abertura de uma investigação contra o ministro da Educação, Milton Ribeiro, pelas declarações de que alunos com deficiência "atrapalham" o aprendizado dos demais e, em alguns casos, é "impossível a convivência".

O ofício foi encaminhado na sexta-feira, 20, ao subprocurador Carlos Alberto Vilhena, que coordena a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão. De acordo com os parlamentares, as falas do ministro foram "desrespeitosas" e "discriminatórias".

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"É inaceitável, no Estado Democrático de Direito, que a apologia à discriminação seja proclamada, abertamente, por um Ministro de Estado. A declaração preconceituosa e discriminatória utilizada pelo Ministro precisa ser repelida pelas instituições competentes", argumentam.

Os deputados pedem que Ribeiro seja obrigado a pagar uma indenização por danos morais coletivos a entidades de direitos humanos que atuem na defesa das pessoas com deficiência e necessidades especiais.

Em entrevista ao programa Novo Sem Censura, da TV Brasil, no último dia 9, o ministro da Educação criticou o que chamou de "inclusivismo". "O que é o inclusivismo? A criança com deficiência era colocada dentro de uma sala de alunos sem deficiência. Ela não aprendia, ela atrapalhava, entre aspa, essa palavra falo com muito cuidado, ela atrapalhava o aprendizado dos outros, porque a professora não tinha equipe, não tinha conhecimento, para poder dar a ela atenção especial", afirmou ao criticar as diretrizes anteriores para inclusão dos alunos com deficiência na rede pública.

Dias depois, em visita ao Recife, Ribeiro afirmou que existem crianças com graus de deficiência em que "é impossível a convivência em sala de aula" e defendeu o uso de salas especiais para esses alunos. "Nós temos 1,3 milhão de crianças com deficiência que estudam nas escolas públicas. Desse total, 12% têm um grau de deficiência em que é impossível a convivência", afirmou o ministro. "O que o nosso governo fez? Ao invés de jogá-los em uma sala de aula simplesmente pelo inclusivismo, nós estamos criando salas especiais para que essas crianças possam receber o tratamento que merecem e precisam", acrescentou.

Com a repercussão das declarações, o Ministério da Educação afirmou, por nota, que Ribeiro "manifestou publicamente o seu pedido de desculpas às pessoas que se sentiram ofendidas". A pasta disse ainda que "reafirma o seu compromisso com o desenvolvimento de políticas públicas que contemplem de fato as necessidades das modalidades especializadas".

A Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, que recebeu a representação do PSOL, também divulgou uma nota. Nesta caso, no entanto, o texto serviu para repudiar as declarações do ministro. "A concretização da política aprovada pelo governo federal representa retrocesso e vai na contramão da busca pela garantia de acesso à educação inclusiva", diz o texto.

COM A PALAVRA, O MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

A reportagem entrou em contato com o Ministério da Educação para comentar a representação e aguarda resposta. O espaço está aberto para manifestação.

O senador Romário (PL-RJ) criticou o ministro da Educação, Milton Ribeiro, em publicação nas redes sociais nesta terça-feira, 17. Segundo o ex-jogador de futebol, "deselegância, imbecilidade e idiotice" é o que ele vem fazendo com a educação do País. "Toma vergonha na cara", disse ainda. O parlamentar se irritou com comentários sobre alunos com deficiência feitos pelo ministro em uma entrevista. Ribeiro, contudo, alegou ter sido mal interpretado.

À TV Brasil no dia 9 de agosto, o ministro da Educação disse que, no chamado "inclusivismo", crianças com deficiência "atrapalhavam, entre aspas" o aprendizado de outros alunos sem a mesma condição. Os motivos que faziam isso ocorrer, segundo ele, é que "a professora não tinha equipe, não tinha conhecimento para dar a ela atenção especial".

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Com a repercussão da fala do ministro, Romário, que tem uma filha com síndrome de Down e carrega a inclusão como uma de suas principais bandeiras, dirigiu uma série de tuítes a Ribeiro na segunda-feira, 16, afirmando que "somente uma pessoa privada de inteligência, aqueles que chamamos de imbecil, podem soltar uma frase como essa. Eles existem aos montes, mas não esperamos que estes ocupem o lugar de ministro da Educação de um país".

O senador defendeu, além disso, que "pessoas com deficiência em sala de aula estão, com a sua presença, também contribuindo para uma importante lição, a de que somos diversos e que não podemos deixar ninguém pra trás". Por fim, Romário escreveu: "O ministro da Educação faltou a muitas aulas, deixando a imbecilidade tomar o lugar da inteligência e da humanidade."

O ministro da Educação, em resposta às postagens de Romário, rebateu que "é muito deselegante quando um representante do parlamento se dirige desta maneira a um ministro de estado, ainda mais com base em uma frase tirada do contexto."

Em seguida, Ribeiro anexou um print em que usuários contextualizam sua fala durante a entrevista concedida à TV Brasil e escreveu ainda: "Quero acreditar que o Sr. não tenha assistido à entrevista e caiu na onda de quem distorceu o sentido de minha frase."

Ministro disse que universidades deveriam ser para poucos

Durante a mesma entrevista concedida à TV Brasil, o ministro da Educação disse que as universidades brasileiras deveriam ser para poucos. Ao longo da conversa, Ribeiro defendeu ainda a volta às aulas na educação básica, ironizou a demanda dos professores por vacinação contra a covid-19 e se mostrou, mais uma vez, surpreso com o tamanho da pasta que ele chefia há mais de um ano.

Para o ministro, os institutos federais, com ensino tecnológico e profissionalizante, serão "as vedetes" do futuro. Ele disse estar cansado de encontrar motoristas que têm graduação completa. "Tem muito engenheiro, advogado, dirigindo Uber porque não consegue a colocação devida, mas, se fosse técnico em informática, estaria empregado porque há demanda muito grande", afirmou Ribeiro.

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