Crimes virtuais colocam em xeque a segurança da internet

Professor adverte para o perigo da "pornografia da vingança" e do "cyberbullying"

qui, 03/03/2016 - 12:24
Jhonatan Rafael Confira algumas dicas de especialista para garantir a sua privacidade no ambiente da internet Jhonatan Rafael

Você já pensou como seria hoje a vida sem internet? Seja no trabalho, em casa ou na escola, a rede é essencial para comunicação e desenvolvimento das atividades diárias em grupo. Redes sociais, e-mails, pesquisas acadêmicas, aplicativos e convívio social - tudo requer conexão com a internet. Isso sifgnifica diversão e facilidades como nunca houve em outras formas de interação social, mas também trás muitos riscos no que diz respeito a privacidade e segurança dos usuários.

As dicas de especialistas são essenciais para o uso correto e seguro da internet. Já existe até o Dia Internacional da Internet Segura, 5 de fevereiro. “Esse dia visa alertar os internautas sobre os perigos e ameaças a que estão expostos, além de conscientizá-los sobre o modo como usam a rede. No Brasil, a data é coordenada desde 2009 pela SaferNet Brasil, instituição sem fins lucrativos, referência nacional contra crimes e violações aos Direitos Humanos na Internet”, afirmou o coordenador do curso de Ciências da Computação da Universidade da Amazônia, professor Romulo Pinheiro.

O professor afirma que alguns cuidados devem ser tomados ao se acessar a internet, como a utilização de dados pessoais na rede, por exemplo. Quanto a isso, ele sugere que os usuários tenham uma senha forte e diferente para cada serviço. O uso de autenticação em dois passos também é uma forma de dificultar a ação de pessoas mal-intencionadas. Trata-se do uso de um código de login e um código enviado por SMS, tornando o acesso mais seguro. “É importante ressaltar que, em se tratando de internet, nunca estamos totalmente seguros, sempre existe uma possibilidade de quebra de segurança”, afirmou.

Não se expor demasiadamente também é uma dica de Rômulo. Segundo ele, algumas pessoas se expõem sem se preocupar com o conteúdo compartilhado e isso pode ser perigoso, já que na internet tudo está ao alcance de todos. Segundo o especialista, é preciso ter cuidados com o conteúdo publicado em redes sociais, senhas, compras e transferências bancárias.

A aposentada Maria Auxiliadora teve recentemente um problema ao comprar um aparelho de celular pela internet. O produto foi pago, mas não chegou à sua residência. “Quando a caixa do meu produto chegou, só estava o carregador e foi então que comecei uma batalha de ligações para a empresa virtual. Depois de muitas ligações recebi o telefonema de uma pessoa me orientando que fizesse um B.O. e passasse por e-mail. Assim fiz no dia 06/01. Somente depois de aproximadamente um mês tivemos uma resposta de que era para esperarmos 22 dias úteis para que a loja providenciasse outro celular”, contou a aposentada.

Auxiliadora afirma que a compra foi um constrangimento por adquirir um produto que não chegou e também, segundo ela, pelo descaso da empresa em dar uma solução. “A loja agiu sem o menor respeito pelo cliente. Agora tomarei mais cuidados, eu jamais comprarei qualquer produto pela internet. Estou traumatizada!”, afirmou. Segundo o professor, crimes relacionados a compras virtuais não são as únicas formas de violência encontradas na web. Ele afirma que hoje outras duas formas têm chamado atenção pelo crescente número de casos que chegam às delegacias e tribunais - a “pornografia de vingança” e o “cyberbullying”.

Rômulo explica que o “cyber vingança” ou “pornografia de vingança” pode ser definida como o compartilhamento de fotos e vídeos íntimos pela internet sem autorização de todos os envolvidos ou com o propósito de causar humilhação da vítima. Já o “cyberbullying” se caracteriza pelo uso de palavras, imagens e vídeos que ameaçam, humilham ou constrangem determinada pessoa por sua aparência, etnia, religião ou condição financeira, por exemplo, principalmente pessoas conhecidas no ambiente escolar ou trabalho. 

“A legislação atual permite o enquadramento do crime de cyber vingança sob a ótica da responsabilidade civil (danos morais) e criminal. Nesta última esfera, além dos crimes contra a honra (injúria, calúnia e difamação), as mulheres vítimas adultas, se sofrerem violência psicológica e danos morais, encontram amparo na Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006), e as menores de idade também são protegidas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. Dependendo o caso pode se enquadrar até por extorsão e/ou roubo”, explicou Rômulo.

Caso alguém esteja sofrendo algum tipo de ameaça, extorsão, injúria, difamação ou outro tipo de violência, a recomendação do professor é procurar imediatamente a polícia (se morar em Belém, a Delegacia de Proteção e Repressão a Crimes Tecnológicos (DPRCT). A DPRCT fica localizada entre a travessa 9 de janeiro e a avenida Alcindo Cacela, no bairro Umarizal.

Respeito, educação e uso da internet em prol de coisas boas são os caminhos para a paz no meio virtual. “Acho que o grande passo começa dentro de casa, com a conscientização dos pais para com os filhos. Hoje os pais não podem mais fingir que celulares, tablets e afins sejam apenas brinquedos nas mãos das crianças, existe um perigo sim, existe uma quantidade enorme de pessoas ruins que esperam apenas um deslize para se aproveitar de crianças inocentes e ou adultos sem informações de como se proteger. Devemos educar dentro de casa e reforçar nas escolas e universidades”, concluiu o coordenador. 

Por Vanessa van Rooijen.

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