Cofundador do WhatsApp revela por que deixou o Facebook
"Eu vendi a privacidade dos meus usuários para um benefício maior", lamentou Brian Acton
Na mesma semana em que os criadores do Instagram divulgaram que estão deixando o Facebook, a revista americana Forbes divulgou uma entrevista com o cofundador do WhatsApp em que ele revela por que também decidiu deixar a rede social, abrindo mão de uma enorme quantia de quase US$ 1 bilhão. O motivo? Divergências com Mark Zuckerberg.
Em um longo artigo da Forbes, Brian Acton - que criou o WhatsApp ao lado de Joun Koum - se refere a si mesmo como um vendido. Segundo ele, o Facebook decidiu buscar maneiras de ganhar dinheiro com o WhatsApp, afinal, a rede social tem uma das maiores redes de publicidade do mundo. Mas Koum e Acton odiavam anúncios.
De acordo com Acton, após a venda para o Facebook, não demorou muito para que ele e sua equipe do WhatsApp fossem pressionados por Mark Zuckerberg e a diretora de operações do Facebook, Sheryl Sandberg, a monetizar o aplicativo de mensagens.
Ele conta que recuou quando o Facebook questionou a criptografia de ponta-a-ponta que protege o conteúdo do aplicativo e anunciou planos para apresentar anúncios direcionados e facilitar o envio de mensagens comerciais na plataforma.
O lema de Brian Acton no WhatsApp era simples - sem anúncios, sem jogos, sem truques. A frase tem um contraste direto com o Facebook, que gera 98% de sua receita com publicidade. Essa dissonância frustrou Zuckerberg.
"No final do dia, vendi minha empresa", disse ele à Forbes. "Eu vendi a privacidade dos meus usuários para um benefício maior. Eu fiz uma escolha e um compromisso. E eu vivo com isso todos os dias", disse Brian Acton.
Durante algum tempo, Acton tentou convencer o conselho do Facebook de não implementar esses planos, lutando para encontrar outra forma de ganhar dinheiro com o WhatsApp – as respostas que recebia, porém, eram sempre negativas.
Brian Acton deixou o Facebook em setembro de 2017. Ao sair da companhia, o cofundador do WhatsApp renegou US$ 850 milhões em parcelas de ações que ainda não tinham sido completamente adquiridas. Mesmo assim, Acton diz não guardar rancor do Facebook e seus executivos.
"Eles são pessoas de negócios, são boas pessoas de negócios. Eles só representam práticas, princípios e éticas de negócios, que são políticas que não concordo necessariamente", afirmou.
Depois de sair da rede social, Acton investiu US$ 50 milhões no aplicativo Signal, que possui um protocolo de mensagens criptografadas usado, inclusive, pelo WhatsApp. Ele ainda doou US$ 1 bilhão para a filantropia. Sua fortuna, segundo a Forbes, está avaliada em US$ 3,6 bilhões.
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