Especialistas dizem que técnicos resistem à crise

Em Pernambuco, os profissionais mais procurados são técnicos das áreas de refrigeração, eletrônica e eletrotécnica, segundo informações do IFPE

por Camilla de Assis sex, 30/10/2015 - 17:19

Que o mercado de trabalho está cada vez mais exigente e seletivo não é novidade para ninguém. Por isso, muitas pessoas que querem um “lugar ao sol” na empregabilidade recorrem aos cursos técnicos como garantia rápida de trabalho e boa remuneração. Em Pernambuco, os profissionais mais procurados são técnicos das áreas de refrigeração, eletrônica e eletrotécnica, segundo informações do Instituto Federal de Pernambuco (IFPE). 

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Recente pesquisa divulgada pela Page Personnel mostra que a procura por profissionais técnicos cresceu em 15% em comparação ao ano passado, nos quatro primeiros meses de 2014 e 2015. O levantamento é nacional, mas pode ser muito bem aplicado em Pernambuco. “O cenário pernambucano é muito favorável para os jovens que fazem um curso técnico. Indústrias estão fomentando no Estado, começando agora, como a Fiat, em Goiana, e outras”, explicou a pró-reitora de Extensão do IFPE, Maria José Gonçalves de Melo. 

Mesmo com a baixa geral do cenário econômico, as qualificações técnicas e tecnológicas são bastante procuradas por quem tem esperança de ingresso no mercado de trabalho. De acordo com a gerente da Unidade de Educação Profissional do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), Viviane Cordeiro, alunos optam pela experiência em cursos técnicos como melhor forma de conseguir emprego. “É comum que as pessoas quem têm curso superior voltem para fazer um técnico como forma de entrar no mercado de trabalho, já que não estavam conseguindo apenas com a graduação”, comentou.

No Senac, os mais procurados são de Rádio e TV, Segurança do Trabalho e Enfermagem. Viviane atribuiu o fato à rápida inserção no mercado de trabalho e boa remuneração financeira, além da constante necessidade de profissionais que atuem na área – neste caso específico para o técnico da área de saúde. 

Mesmo com o alto índice de desemprego – setembro fechou mais de 95 mil vagas, pior taxa desde 1992, segundo informações do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) – os profissionais, inclusive os técnicos, ainda são procurados pelas empresas. “Mesmo em quantidade menor, os profissionais ainda estão sendo contratados pelas corporações. Quanto aos cursos técnicos, vai depender muito do que cada empresa necessita para o momento, por isso é importante que os profissionais estejam cada vez mais capacitados”, explicou a diretora da empresa de recrutamento e seleção JBV Solução em Recursos Humanos, Vanci Magalhães. 

Segundo a especialista, as empresas procuram profissionais que tenham disposição, estejam disponíveis e sejam competentes. “Mesmo com um técnico, é importante que os profissionais ainda se especializem, façam cursos ainda mais específicos”, explicou Vanci. 

Apesar de mercado favorável segundo especialistas, estudantes passam por sufoco

A estudante de graduação de administração Mariana Duarte escolheu fazer o curso técnico na área em 2013. A jovem optou primeiramente pelo técnico porque pensou que teria mais oportunidades no mercado de trabalho, mas acabou não encontrando na área requisitada. “Fui paga só para estudar e no final do curso a experiência simplesmente não contava porque a carteira estava assinada. Quando as pessoas perguntavam se eu tinha experiência, não tinha porque o curso técnico, junto com a Odebrecht, que foi na época que eu fiz, só pagou para que os alunos estudassem”, explicou Mariana.

Mariana conseguiu a oportunidade no mercado de trabalho apenas quando entrou na graduação. “Consegui estagiar, mas só depois de ter começado a faculdade de administração”, finalizou a estudante. 

A estudante Nínive Letícia ingressou no curso de edificações e também não entrou no mercado de trabalho. “Já estagiei, porém foi um sacrifício conseguir o estágio. E agora que eu tenho diploma, vai ser difícil de arranjar um emprego”, disse Nínive.

Confira a média salarial dos profissionais técnicos: 

Técnico de refrigeração: R$ 2 mil

Técnico em eletrônica: R$ 2 mil

Técnico em eletrotécnica: R$ 3 mil

Técnico em rádio e TV: R$ 4 mil

Técnico em edificações: R$ 3 mil

Técnico em segurança do trabalho: R$ 1,6 mil

Técnico em enfermagem: R$ 1,5 mil

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