"Sou mãe solteira desempregada, quero emprego"
Taciana Alves, de 22 anos, circula com o apelo escrito em uma placa, em busca de uma oportunidade de trabalho
Entre os prédios e comércio no centro da cidade, a figura de uma jovem moça se destacava em relação aos outros que circulavam em uma das avenidas mais movimentadas do centro do Recife, a Conde da Boa Vista. Em suas mãos, uma placa, desgastada de sol e chuva, fazia um pedido: "Sou mãe solteira desempregada. Quero Emprego". O seu olhar vago, deslumbrada pelas vitrines, não encara os curiosos em sua volta, que retribuem a ação com um ar de dúvida, rejeição e pena.
Os que circulavam não conheciam a história de Taciana Alves, de 22 anos, que é um retrato da realidade brasileira. Com os altos índices de desemprego, as atitudes em busca de um emprego se tornam um grito de desespero. O LeiaJá encontrou a mãe, de uma menina de 1 ano, na sua volta de mais um dia na luta em busca de uma oportunidade.
O dia tinha sido longo para ela, que saiu de casa, na comunidade do Detran, Zona Oeste do Recife, e foi a pé até a frente do Palácio do Campo das Princesas, sede do Governo de Pernambuco, com o propósito de chamar a atenção das autoridades a sua situação. Foi silenciada, segundo ela, por um segurança que impediu sua presença no local.
Há mais de um mês desempregada, Taciana encontrou na placa a chance de atrair os olhares e se sentir vista pela sociedade, como a mesma diz. Seu jeito quieto e envergonhado não esconde o desejo de mudar a realidade de sua família, sustentada pela jovem. "Não consigo ver meus parentes passarem dificuldades e eu não fazer nada. Sou a única que pode ajudar", conta.
Com a ideia de ir aos semáforos da Avenida Caxangá, Taciana mandou imprimir as letras que formam a mensagem e as fixou em um papelão. E, todos os dias, a jovem vai sozinha às ruas com a mesma esperança de atender uma ligação com uma boa notícia. A rotina se repete por semanas, o telefone tocou algumas vezes, mas propostas de prostituição e trabalhos que envolvem atividades ilícitas eram recorrentes. “Quero algo honesto. É muito triste ver as pessoas oferecerem esse tipo de ‘serviço’ para mim. Eu não aceito, não faz parte de meu caráter”, explica.
Em suas antigas experiências de trabalho, a jovem já exerceu funções de cuidadoras de idosos e operadora de caixa. Sendo a única apta a ir à luta pelo mantimento da casa, com 5 pessoas, incluindo sua mãe e irmã com problemas de saúde, Taciana, como toda jovem, tem planos para o futuro. Desejava ter mais tempo para se dedicar e estudar, concluinte do ensino médio, ela sonha em realizar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e entrar numa universidade, jornalismo e publicidade e propaganda estão entre os cursos dos sonhos.
Na última quarta-feira (25), dia em que conversamos com a jovem, ela foi questionada de como voltaria para casa. “Algumas pessoas me ajudaram. Consegui o dinheiro da passagem e alguns trocados para comprar algumas coisas. Dessa vez, não vou a pé. Amanhã será um novo dia. Não sei como vai ser”, conta. Para ajudá-la é só entrar em contato com a telefone: (81) 98348-9296. Taciana está em busca de uma função em qualquer área.