Enem: concorrência preocupa alunos e professores

Dificuldades com aulas remotas, falta de acesso à internet e suspensão do período letivo nas escolas públicas deixam candidatos em condições de desigualdade para enfrentar o processo seletivo

ter, 26/05/2020 - 18:00
Divulgação/MCTIC Sem acesso à internet, muitos alunos ficam prejudicados nas aulas remotas Divulgação/MCTIC

A pandemia do novo coronavírus provocou mudanças no regime de aulas das escolas em todo o Brasil. A rede pública suspendeu as atividades e houve antecipação de férias para a maioria dos alunos de escolas privadas. A preocupação com o desempenho e com o Enem 2020 (Exame Nacional do Ensino Médio), ainda sem data definida, aumentou entre estudantes e professores.

Segundo o professor Roberto Braga Colares, que leciona Física em escolas da rede estadual do Pará e Matemática no município de Ananindeua (PA), alunos que têm dificuldade de acesso à internet e outros meios de informação ficarão prejudicados na concorrência com alunos que possuem acesso. “Penso que poderíamos adotar outras medidas de aulas remotas”, disse o professor.

Ainda de acordo com o professor, em algumas escolas públicas, os alunos são orientados por professores, que elaboram cadernos de atividades e quando possível acompanham pelo aplicativo de mensagens instantâneas WhatsApp.

Para Hiago Rocha, 17 anos, estudante do 3º ano do Ensino Médio que vai fazer o Enem, a dificuldade de focar nas matérias não se dá só por estar tendo aulas em casa, mas também por não conseguir manter o foco por muito tempo olhando para o celular ou notebook. “O foco, a atenção nas videoaulas por muito tempo é difícil e atrapalha na aprendizagem, no rendimento das aulas, exercícios”, afirmou Hiago.

De acordo com o estudante, o rendimento não está sendo o mesmo porque há muitas dificuldades pela plataforma on-line. “A dificuldade aumenta, a compreensão fica menos clara. Então as dúvidas são maiores”, reiterou.

Sobre o Enem, Hiago diz que manter o Exame é uma atitude irresponsável do Ministério da Educação (MEC), por não reconhecer que os estudantes não possuem os mesmos recursos. Segundo ele, a maioria não tem acesso à internet. “Reconhecer a minha posição de privilégio durante esse período vai muito além da minha posição social, da ética, mas sim da minha posição humana”, explicou. 

Por Quezia Dias.

 

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