Pais enfrentam dificuldade em orientar os filhos nas aulas

Acompanhar as tarefas das crianças que estão estudando online é mais um dos desafios que as famílias enfrentam na quarentena

por Alfredo Carvalho qui, 20/08/2020 - 16:02
Pexels Pedagoga dá dicas de como organizar a rotina familiar para não comprometer o aprendizado das crianças e jovens Pexels

As aulas em escolas públicas e privadas tiveram que adotar o regime de aulas remotas por conta da pandemia do Covid-19. Diante deste cenário, muitos pais encontram dificuldades em orientar os seus filhos, para que eles consigam absorver o conhecimento do ensino a distância de maneira satisfatória.

No início das aulas remotas, a securitária Karina Celiberti, de São Caetano do Sul (SP), teve que acompanhar os estudos de sua filha Julia Carbonari, de 11 anos. A menina não era habituada ao uso do computador e, além disso, outros problemas surgiram, como as frequentes quedas na conexão de internet. 

Outro problema da securitária foi manter a concentração da filha em disciplinas que não eram do agrado de Julia. “Ela estuda no quarto dela e às vezes eu entrava e ela estava olhando para borboletas passando”, conta.

Karina Celiberti tem se desdobrado para ajudar a filha Julia a acompanhar as aulas online. Foto: arquivo pessoal.

Karina acredita que o fato de os pais participarem das aulas junto com os filhos pode deixar as crianças pouco à vontade para participar e tirar dúvidas. Para ajudar a filha, a securitária adotou um papel de segunda professora. 

“Nestes primeiros meses, eu comecei a estudar em um nível muito maior, já que antes era apenas algumas dúvidas”, comenta.

Apesar de já terem superado algumas dificuldades, mãe e filha ainda não encontraram o caminho para tirar o máximo proveito das aulas remotas, mas a securitária afirma que tem se esforçado para orientar sua filha da melhor maneira possível.

Dicas

Segundo a pedagoga Suéller Costa, a casa dos alunos é cercada não apenas pela família, mas também por animais de estimação, brinquedos, videogames e barulhos externos, que podem prejudicar a concentração no horário de aula. Diante disso, a colaboração dos pais tornou-se fundamental neste período de distanciamento social.

Uma dica fundamental é reservar um espaço para estudos com todo o material escolar e computador. Os pais podem ajudar a personalizar esse local e deixá-lo atrativo, afinal, o aluno passará cerca de quatro a cinco horas por dia nesse ambiente.

“Coloque bilhetinhos coloridos com alerta sobre os trabalhos a serem feitos; um cartaz com o horário escolar e os dias da semana com as respectivas matérias a serem estudadas; uma listinha com o nome de todos os professores e reserve um mural para escrever os recadinhos necessários”, orienta a pedagoga.

Suéller destaca que os pais podem escrever todos os dias um bilhete para seus filhos, com uma mensagem de incentivo aos estudos.

Outra dica é montar um cronograma de atividades, com períodos para estudos, intervalos, atividades de lazer e momentos em família. É importante seguir o horário de estudo dos filhos em tempos normais.

“Os pais, aos poucos, administram esse cronograma e o acompanham, mas logo os educandos já se adaptam e os filhos se conduzirão sozinhos”, indica a pedagoga.

Regras

Além do cronograma, a especialista recomenda também estabelecer regras dentro de casa. Todos devem seguir o cronograma estabelecido e os irmãos precisam respeitar os horários de estudos uns dos outros.

“Não dá para parar a rotina dentro casa, mas estabeleça acordos, como não falar alto, tentar fazer o mínimo de barulho, respeitar as atividades de todos”, aconselha.

Nesse período, os pais devem manter contato com os professores, para poder compartilhar todas as experiências, dificuldades e desafios. “Há mais de cem dias de ensino remoto, muitos alunos já estão desanimados, e o incentivo de todos os envolvidos neste processo de aprendizado é importante, por isso a parceria entre educadores e familiares é essencial”, destaca.

Acompanhar os filhos no atual momento também é indispensável, não apenas em suas tarefas escolares, mas os pais precisam ficar atentos aos aspectos emocionais, que têm abalado tanto jovens quanto adultos.

“Dialogue sempre, para entender os dilemas de cada membro familiar. Seja aberto para entender as dificuldades, que podem ser em todos os âmbitos, e compartilhe com o seu filho o que também está sentindo”, recomenda Suéller.

É importante buscar maneiras de amenizar o estresse causado pelo isolamento social, com momentos de diversão em família. “Não deixem que a pressão gerada pelo isolamento social impeça as gargalhadas, as brincadeiras, as interações e os momentos únicos em família, essenciais para a formação dos educandos, que terão muitas histórias para contar sobre este momento único”, aconselha.

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