Professores se adaptam a uma nova rotina na pandemia

Educadores reformulam suas estratégias de ensino e contam com a ajuda dos próprios alunos no modelo remoto

por Alfredo Carvalho qua, 14/10/2020 - 15:49
August de Richelieu / Pexels August de Richelieu / Pexels

Nesta quinta-feira (15), celebra-se o Dia do Professor. E em 2020, a data será marcada pelos impactos da pandemia de coronavírus (Covid-19) na educação. A principal mudança foi na rotina dos educadores que, junto aos alunos, tiveram que enfrentar os desafios do ensito remoto.

Com a chegada da pandemia, os professores não tiveram tempo para se acostumarem com as plataformas escolhidas pelas instituições de ensino e precisaram aprender a usá-las na prática. "Quando o Microsoft Teams foi apresentado, houve um processo colaborativo entre nós professores para entender como a plataforma funcionava", lembra a antropóloga e professora dos cursos de Comunicação Social da Universidade Guarulhos (UNG), Ana Claudia Fernandes Gomes.

Antes da pandemia, os professores já utilizavam a tecnologia como ferramenta de auxílio às aulas, mas por conta do isolamento, os recursos digitais se tornaram a única opção de comunicação com os alunos. Por conta disso, os profissionais precisaram repensar os seus métodos de ensino para o modelo remoto. "Ter esse primeiro contato, entender se os alunos realmente estavam presentes, já que não víamos e nem ouvíamos as pessoas, e criar uma interação foi um desafio e uma grande novidade para nós professores", comenta Ana Claudia.

Ana Claudia Fernandes Gomes, professora da Universidade Guarulhos (UNG) | Foto: Divulgação / UNG

Outro grande desafio para os professores foi adaptar o espaço da casa para as aulas remotas. "Você precisa sair do seu espaço, entrar em outra área da casa, ficar lá por um tempo, e explicar para os demais moradores que você precisa dar aula e não conseguirá ouvir se houver barulhos externos", explica a professora da UNG, que também precisou adaptar o tempo de sua aula para o atual modelo de ensino.

Apesar dos desafios, o período conturbado também trouxe novos aprendizados, e a professora Ana Claudia tem utilizado os recursos tecnológicos de maneira estratégica. Segundo a educadora, apenas fazer uso das ferramentas disponíveis não resultará em uma aula interativa. "O educador deve pensar o processo de ensino a distância de maneira crítica, consciente, e não apenas pelo uso de uma ferramenta", diz.

Durante as aulas remotas, Ana Claudia relembra algumas cenas que viraram meme no período de pandemia, como alunos que sem querer deixam o microfone habilitado ou abrem a câmera de maneira involuntária e apresentam cenas que não gostariam de compartilhar.

A professora e coordenadora do Colégio Guarulhos, Raimunda Caldas | Foto: Arquivo Pessoal

Durante os primeiros 15 dias de aula a distância, a professora e coordenadora do Colégio Guarulhos, Raimunda Caldas, temeu o que poderia acontecer. Mas, com o passar do tempo, ela começou a se sentir confortável com as plataformas online. "Sempre tive facilidade em me adaptar com o novo. A princípio, aprendi pela dor e depois pelo amor", afirma.

Este processo foi importante para a professora, pois além de perceber que tem facilidade em se adaptar, ela também entendeu que nada é eterno. "Aprendi a direcionar e preparar minhas aulas de maneira muito tranquila, e sempre acrescento algo a mais. Também procurei conscientizar meus alunos de que teríamos que nos adaptar a esse momento, e que sairíamos melhores dessa pandemia", relata Raimunda, que ministra aulas de História e Sociologia.

A princípio, a educadora tinha dificuldades em administrar os links da plataforma Google Meet. Mas, graças a ajuda dos alunos, ela conseguiu entender as ferramentas online e trabalhar com tranquilidade. "Em 45 anos de magistério, eu sempre vi no meu aluno um parceiro, e o professor precisa assumir um papel de articulador do processo. De repente, eu vi aqueles meus alunos que estão fazendo curso técnico como meus mestres, e essa parceria está sendo uma experiência renovadora", finaliza Raimunda.

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