Lotado, Cine Olinda exibe 'Aquarius'

O espaço cultural, que recebeu aproximadamente 400 pessoas, registrou um marco para a sociedade civil que ocupou o local

por Roberta Patu dom, 09/10/2016 - 07:58

Aproximadamente 400 pessoas ocuparam o Cine Olinda, na noite deste sábado (8), durante a apresentação do filme ‘Aquarius’, de Kleber Mendonça Filho - longa que concorreu à Palma de Ouro em Cannes este ano. A exibição reuniu um público expressivo, registrando um marco histórico da sociedade civil, que aguardou por 51 anos a reabertura do cinema, ocupado de forma espontânea, no dia 30 de setembro.

Foi com nostalgia e entusiasmo que centenas de pessoas formaram filas para garantir os ingressos que acabaram em vinte minutos após o início da distribuição. A artista plástica e moradora de Olinda Marcela Lacerda exaltou a importância do espaço cultural e relembrou o tempo que assistiu aos filmes no Cine Olinda. “Acho extremamente positiva a iniciativa de manter o cinema aberto, inclusive todos os moradores estão empenhados para deixar o espaço funcionando como deveria estar há anos”, disse ao LeiaJá.

Ela relatou a emoção de poder voltar a entrar no Cine Olinda. “Parece que foi um anjo que ajudou a tudo isso está acontecendo. Além de assistir ao filme de Kleber Mendonça, vou poder relembrar momentos únicos que vivi aqui, como a experiência de trazer os meus filhos aqui quando eles eram pequenos”, contou.

O estudante Lucas Araújo, que garantiu lugar na fila para conseguir sua entrada, exaltou a importância do lugar e a relação o Cine Olinda com o filme Aquarius. “O espaço é cultura e proporciona a produção dela. Sinceramente era inadmissível ver um espaço como esse sem promover atividades ligadas à arte, como vem acontecendo hoje”, defendeu Lucas que ainda relacionou o longa com a ocupação. “Eles possuem um laço muito forte, se a gente não ocupar, no final, vão querer demolir a estrutura, como no filme”, finalizou.

Assistindo o filme pela terceira vez, Marcela Cavalcanti disse que poder ver no Cine Olinda tem um caráter especial.  “É um ato de resistência. Além disso, o filme de Kléber tem tudo a ver com o cenário pernambucano que está sendo ‘engolido’ pelas empreiteiras. Todos nós temos um pouco da Clara e precisamos resistir”, reforçou.

O espaço ficou repleto de cinéfilos que se acomodaram nas cadeiras e até no chão do cinema. Antes da sessão começar, houve uma encenação dos ativistas que apoiam a causa da ocupação e um recado do diretor do filme, que não pôde comparecer. Confira a seguir: 

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