A poesia traduzida em imagens pelo olhar feminino

Fotógrafas paraenses homenageiam mulheres e a poeta Adélia Prado em mostra inédita, no Espaço Cultural Banco do Brasil, em Belém

seg, 04/02/2019 - 16:21

Nove artistas visuais paraenses interpretam poemas de Adélia Prado e dão vazão às suas verdades criativas na mostra de imagens “Nós. Inteiras?”, que será inaugurada nesta terça-feira (5), no Espaço Cultural Banco da Amazônia, em Belém. Participam da exposição as fotógrafas Ana Catarina, Elza Lima, Evna Moura, Fatinha Silva, Luciana Magno, Marise Maués, Paula Giordano, Tília Koudela e Ursula Bahia. Acima, veja algumas fotos da mostra.

Em fotos e vídeo, com tributo à poeta e filósofa mineira Adélia Prado, a mostra provoca um (re) fundamento do valor histórico da mulher na arte. “Com a licença poética da Adélia desdobramos a sua matéria, poesia, nas esquinas, águas, pedras, chão a transbordar do peito. São mulheres vistas, sentidas por todas nós e nós mesmas”, disse a fotógrafa Ana Catarina.

 Mobilizar as melhores energias na construção dessa mostra, acredita Ana Catarina, é uma maneira de reconhecer a existência de um tempo e lugar hostis, mas que não se bastam quando as próprias mulheres reivindicam, com a vontade de alegria de Adélia, um lugar na história da arte. Essa reivindicação é feita tendo como aparato muitas vezes o próprio corpo, evidenciado em trabalhos como o de Marise Maués que dialoga na mostra com as outras abordagens desse universo feminino. “É um corpo que sofre os impactos do dia a dia, que luta para conquistar o devido respeito”, descreve.

 Para Ana Catarina, a mostra apresenta uma diversidade que configura uma oportunidade ímpar de crescimento. Tília Koudela acrescenta que a mostra a levou a reconstruir o olhar sobre o universo feminino, refletir e fortalecer a luta pelo reconhecimento do valor de todas as mulheres.

Poemas da antologia “Com Licença Poética” – publicada em 2003 - inundam a exposição, com curadoria e edição de Fatinha Silva, Marise Maués e Paula Giordano. A obra de Adélia ilumina e inspira as 21 imagens fotográficas e um vídeo expostos pelo espaço. Tília Koudela e Ursula Bahia registram as marcas da região e a ancestralidade das amazônidas. O contorno das formas femininas revela-se pelos olhares de Fatinha Silva, Marise Maués e Paula Giordano. Um caminho cheio de flores e espinhos é trilhado por Ana Catarina, com a força e a alegria da mãe natureza. Por fim, para lutar sempre, a mulher que funda reinos aparece em Luciana Magno.

 As vão se identificando com as mulheres retratadas nos poemas, sejam elas mães, acadêmicas, esposas, profissionais liberais, donas de casa - seres humanos que buscam viver com liberdade e que dão o melhor de si. “Não tenho mais tempo algum, ser feliz me consome!“, escreveu Adélia Prado. “Que a poesia use de todos os meios de transporte para visitar os homens.” Ou, no caso, todas as pessoas que se permitirem ser visitadas pela sensibilidade da poeta homenageada e das nove fotógrafas paraenses.

Da assessoria do evento.

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