Exposição revela a rejeição a brasileiros em Portugal
Convidado a participar do Anuário 20, na cidade do Porto, o artista paraense Mauricio Igor mostra em fotolivro o racismo e a xenofobia que brasileiros sofrem no país europeu
O fotolivro “Ouro”, lançado em 2020 pelo artista visual paraense Mauricio Igor, compõe a exposição deste ano do Anuário 20, que visa destacar obras relevantes para o público em Portugal. O livro do paraense apresenta, com fotografias, as diversas manifestações de racismo e xenofobia de portugueses contra brasileiros. A obra está disponível para visitação em espaços da cidade do Porto até o dia 18 de julho, com entrada gratuita.
O racismo e a xenofobia estão enraizados na sociedade por meio de discursos de ódio e situações desrespeitosas contra imigrantes. Essa é a principal reflexão destacada na obra de Mauricio, artista visual com especialidade em múltiplas linguagens, que trabalhou cinco meses em um fotolivro que abordasse a discriminação cotidiana vivida por brasileiros no país europeu.
“Em pouco tempo em Portugal, percebi comentários e situações que vi como marcas da colonização que aconteceu anos atrás, e que se mantêm ainda hoje, ainda que de outras formas”, destaca.
A obra incentiva a percepção do público para a relação existente entre Brasil e Portugal, propondo analisar como a colonização afetou o comportamento da atualidade. “Há situações de racismo e xenofobia, que variam muito em suas manifestações. Há agressões ao português do Brasil, visto como 'incorreto', há perseguições em supermercados por suspeita de roubo, e por aí vai”, assinala Mauricio.
As referências de colonização condizem com o nome do fotolivro, “Ouro”. Conforme acrescenta o autor, o nome do livro foi decidido “por ter uma relação exploratória baseada em riquezas”.
Embora a discriminação denunciada entre as páginas seja contínua, o preconceito pode ser camuflado pela falta de reflexão sobre o tema. Segundo Maurício, um de seus amigos portugueses não havia pensado que situações como essas aconteciam. Por esse motivo, sua expectativa é que as pessoas observem por meio de sua obra a relação entre os países. “Espero que possam ver a obra e observarem estas relações”, acrescenta.
Essa não é a primeira vez que o fotolivro ganha espaço com o público. “Ouro” participou da exposição “As Fotografias e o Resto”, no Museu da Faculdade de Belas Artes da Universidade de Porto. Logo após, a obra foi convidada para integrar a atual exposição do Anuário 20, também em Porto, iniciada no mês de maio.
A obra ainda não conta com exemplares para distribuição, mas o artista não dispensa a ideia de futuramente produzir e apresentar ao Brasil. A exposição está disponível em vários espaços culturais da cidade portuguesa, sendo estes: Atelier Logicofobista, AL859, Armazém do Fundo, A Sede, Clube de Desenho, Espaço Birra e Ócio.
Por Quezia Dias.