Livro narra as origens do bairro mais populoso de Belém

José Messiano Ramos, escritor de “Entre dois tempos: uma breve história do bairro do Guamá”, fala sobre a proposta, construção e a relevância social da obra

ter, 29/06/2021 - 12:32
Paka-Tatu/Divulgação Pesquisa resultou em nova abordagem sobre o bairro do Guamá Paka-Tatu/Divulgação

O professor e historiador José Messiano Ramos realiza nesta quarta-feira (30), às 19 horas, a live de lançamento do livro “Entre dois tempos: uma breve história do bairro do Guamá”. O evento será no YouTube, no canal do escritor Paulo Maués Corrêa, responsável por mediar o encontro remoto.

Messiano Ramos, autor do livro e morador do bairro do Guamá, conta que a obra é fruto de uma pesquisa histórica desde a época de sua graduação, especialização e também mestrado. A partir disso, várias matérias e pesquisas sobre o bairro foram transformadas em uma ferramenta importante para que as pessoas conheçam a história do Guamá, como explica o historiador.

Messiano diz que a proposta do livro é falar sobre as origens do Guamá, bairro mais populoso de Belém, apresentando também os processos de ocupação. “Quais os imaginários, as ideias e os preconceitos que foram construídos sobre este lugar e sobre as pessoas que nele moram. A ideia do livro é essa”, acrescenta.

Segundo o historiador, dentre os fatos narrados, a obra resgata a história do Hospital de Lázaros do Tucunduba, fundado em 1815 e desativado em 1938, que isolava pessoas que sofriam de Hanseníase.

“Evidentemente que eu também trato sobre as ruas do bairro, como elas surgiram, os pontos culturais, as escolas, as igrejas, os mercados, pontos de comércio, os portos. Falo do Igarapé do Tucunduba, que divide o bairro do Guamá com outros bairros da cidade. São várias abordagens”, destaca.

Messiano relata que escrever o livro foi um desafio muito grande, demandando muita pesquisa, esforço intelectual e leitura de outros trabalhos, para mostrar a história por outra perspectiva, que não fosse sobre grandes personagens e heróis.

A intenção é apresentar a versão construída pelos moradores, por aqueles que, de certa forma, tiveram um papel determinante na construção do bairro, a partir da união e da mobilização da comunidade.

“É um bairro constituído de gente lutadora, que busca os seus objetivos, muito diferente do que é apregoado, como um bairro violento. A nossa ideia foi de mudar um pouco o foco da historia e construir a partir dos anseios e das perspectivas dos moradores”, enfatiza o historiador.

Durante o processo de escrita do livro, duas questões relacionadas ao Guamá chamaram a atenção de Messiano. A primeira, segundo ele, foi perceber que muitos moradores do bairro, especialmente a juventude e estudantes de modo geral, pouco conhecem a história do lugar e como ele foi constituído ao longo do tempo.

Entretanto, o historiador revela que também existem moradores, principalmente os mais antigos, que possuem muita história para contar. Messiano ainda afirma que muito do que há na obra não é possível encontrar em outros livros de história que falam sobre Belém e sobre o Estado do Pará.

“Tampouco você vai encontrar os personagens que são oriundos do bairro, trabalhadores, pessoas comuns, do povo e que de certa forma ajudaram a fazer com o que bairro seja o que é hoje. Acho que são dois pontos divergentes e, ao mesmo tempo, convergentes. É uma população que pouco conhece da sua história e outro grupo que tem muita história para contar”, complementa.

O historiador reitera que o objetivo principal do livro é ampliar o olhar dos moradores – e de todos que conhecem Belém – sobre o Guamá, consequentemente sobre a cidade, que é uma das mais importantes da região amazônica. “[Para que] saibam que existe um bairro de periferia, com uma população muito trabalhadora, com uma diversidade cultural muito grande. É isso que a gente quer mostrar”, conclui.

Por Isabella Cordeiro.

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