Atletas paralímpicos disputam torneio no Recife

Na busca por um futuro melhor, os paratletas competem pelo Circuito Loterias Caixa, no Centro Esportivo Santos Dumont

por Rodrigo Malveira sab, 28/02/2015 - 15:08
Rodrigo Malveira/LeiaJáImagens Vileide Brito: "Agora eu sei que não existem limitações, a limitação está na sua cabeça" Rodrigo Malveira/LeiaJáImagens

Neste final de semana acontece no Recife o Circuito Loterias Caixa de Atletismo, Natação e Halterofilismo, organizado pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB). O evento realizado no Centro Esportivo Santos Dumont conta com atletas das regiões Norte/Nordeste do Brasil. O torneio serve como seletiva para o Campeonato Regional das Américas. E este por sua vez é qualificatório para os jogos Parapan-Americanos de Toronto em agosto de 2015.

Participantes do torneio dão uma lição de que o esporte pode ser praticado por todos. É fácil encontrar uma história de superação entre tantos atletas que enfrentaram barreiras para estar ali. Histórias que vão desde aceitação da prática esportiva pela família até um motivo para não desistir de viver. Mas estes competidores estão ali em sua maioria para conquistar o direito de viver daquilo que eles gostam, o esporte.

Poucos conseguem ganhar sua vida só da prática esportiva. Todos fazem alguma atividade longe das pistas, quadras ou piscinas, seja como funcionário público ou como ambulante. Não é a toa que o esporte Paralímpico brasileiro não esteja entre os melhores do mundo, atletas começam a se preparar no máximo três meses antes da competição. Mesmo assim com força de vontade eles proporcionam belas apresentações para o público.

O Público também merece destaque, grande parte era constituído por familiares ou membros das equipes dos atletas. Nenhuma surpresa para esportes que em sua grande parte são semi-profissionais. Em entrevista ao LeiaJá, Edilson Rocha, um dos membros do CPB, diz que a falta de profissionalização do esporte paralímpico se deve principalmente a falta de patrocínio das empresas para os atletas: “O incentivo das empresas privadas ainda é muito pouco, não dá para você dizer que é uma profissão. Mas grande parte dos atletas de alto rendimento no esporte paralímpico, atletas que vão aos jogos paralímpicos e campeonatos mundiais já consegue viver de esporte”, disse. 

Edilson também ressalta que o Comitê Paralímpico tenta oferecer a melhor estrutura possível para os atletas. “O atleta que vem aqui não tem gasto nenhum com passagem, hospedagem, alimentação, ele tem o transporte interno. Então para participar de uma competição como essa damos uma estrutura de 100%”, comentou. O organizador também se mostrou otimista com relação ao desempenho brasileiro nas Paralímpiadas do Rio em 2016: “Nós temos uma meta definida e já traçada desde os jogos olímpicos de Londres que é alcançar o quinto lugar no quadro de medalhas, pra isso, a gente precisa passar grandes países e melhorar com relação ao que a gente fez em Londres onde ficamos em sétimo”, avaliou.

Entre os competidores que buscam um futuro melhor está a cadeirante Vileide Brito de Almeida, paratleta paraense, que disputou pela primeira vez um campeonato oficial de atletismo e o resultado foi uma medalha de prata na prova de 800 metros no atletismo. Ela é uma das muitas que alimenta sonhos ligados ao esporte, e conta como começou essa relação: “Na verdade foi o esporte que me descobriu, eu nunca gostei de esporte e quando eu descobri o atletismo, o esporte em geral, pois eu também pratico basquete, foi amor à primeira vista. Já são oito anos me dedicando a isso e me esforçando a cada dia mais”. 

A paraense, através da prática esportiva derrubou preconceitos que tinha consigo mesma. “O esporte me descobriu para a vida, graças ao esporte eu consegui não ter preconceito comigo mesma, agora eu sei que não existem limitações, a limitação está na sua cabeça” relata a paratleta. A família também questionou a decisão de Vileide quando ela começou a praticar esporte: “Logo no início ficaram meio com receio porque eu tinha 15 anos e tinha que sair sozinha, andar de ônibus só, mas hoje eles vêm o quanto me sinto feliz e são tranquilos em relação a isso”. Vileide agora volta para o Pará com uma medalha de prata na bagagem e a vontade de melhorar cada dia mais para conquistar seu lugar ao sol.

Santos Dumont

Um ponto muito discutido por todos que estavam no local era a estrutura do Santos Dumont. O centro esportivo foi bastante criticado pelos atletas. O membro do Comitê Paralímpico Brasileiro, Edilson Rocha, comentou a decisão de trazer a competição para o local: “A estrutura precisa melhorar sem dúvidas, mas a pista de atletismo, por exemplo, é ótima, ela é nova. E é por isso que a gente vem pra cá, para incentivar o poder público a criar melhorias, melhorar a acessibilidade, melhorar a condição técnica da piscina. Então hoje posso dizer que a estrutura não tá perfeita, mas é possível realizar uma competição”, frisou.

 

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