'Teve dia que quis deixar o Náutico. Vi gente chorando'

Frase do atacante Anselmo descreve a dura realidade do Náutico. Giovanni e Dudu pediram para deixar o clube e não enfrentam o Santa Cruz

por Renato Torres qui, 04/05/2017 - 18:32
Paulo Uchôa/LeiaJáImagens/Arquivo Atacante escancarou as dificuldades enfrentadas no Timbu Paulo Uchôa/LeiaJáImagens/Arquivo

Se a cabeça do Santa Cruz, para decidir o terceiro lugar do Pernambucano com o Náutico, não está em seu melhor momento, para o Náutico é ainda pior. Nesta quinta-feira (4), o lateral Giovanni e o meia Dudu pediram para deixar o clube e o atacante Anselmo abriu o jogo sobre a crise financeira que o clube está sofrendo. Quem está de fora sobre a real situação, pode ter uma noção com o que o centroavante contou à imprensa.

"A gente que continua vai buscar fazer a nossa parte da melhor maneira possível. Temos esperança de que tudo irá se acertar. Um senhor me encontrou em um mercado, olhando meu carrinho, perguntou se o Náutico tinha pago. Falei que se pagou, pagou errado. Esperamos que esse voto de confiança seja cumprido para seguir nosso cotidiano", disse.

O atacante revelou que a antiga diretoria alvirrubra omitiu detalhes sobre um movimento dos atletas que já vem acontecendo há algum tempo. "Distorceram muitas coisas. Nós criamos um vínculo de responsabilidade, onde não iríamos nos concentrar, a antiga diretoria veio aqui e disse que tirou a concentração. Depois, combinamos de não dar entrevistas sobre a situação porque estávamos todos no limite e não queríamos expor, mais uma vez, eles vieram dizer que foi uma atitude deles. Queremos trabalhar com a verdade sempre e que nossa situação seja resolvida o mais rápido possível", desabafou.

Anselmo diz que a forma com que as coisas aconteceram mexeram com o ambiente e se questionou em dois momentos se iria deixar o clube ou permanecer. "Todos estamos no limite. Queremos trazer leveza, mas coisas que acontecem aqui dentro são complicadas. Tiveram dois dias que eu cheguei aqui no Náutico e quis ir embora. Sentei para tomar café e peguei funcionário chorando, sem dinheiro para as contas e comida. Esse não é o ambiente para se fazer futebol, é difícil encontrar motivação em meio a isso tudo", afirmou.

Sobre as saídas dos companheiros, o centroavante se diz triste com a decisão, mas que prefere não julgar os colegas de trabalho, considerando a gravidade da crise. "É uma questão particular dos dois. A gente fica triste, são dois jogadores que nos ajudam bastante e precisamos estar somando forças neste momento e não perdendo. Não vou julgar a atitude deles, só eles sabem o que passaram e ainda passam", declarou Anselmo.

Falando do jogo de sábado (6), que vale o terceiro lugar e as vagas na Copa do Brasil e a Copa do Nordeste, o atacante diz que o grupo irá jogar com vontade, mas sabe que o extracampo atrapalha. Entretanto, vê do outro lado um adversário também fragilizado. "Se for a parte física é o Santa quem está mais desgastado. Talvez no lado mental, exista um certo empate, porque eles também atravessam o mesmo que nós. Mas, é hora de deixar isso de lado e focar só no campo. Atravessamos uma situação dificílima, mas vontade não vai faltar. Todos que permanecem, e vão ficar, vão lutar pelos atletas, torcedores e funcionários", garantiu.

Na greve da última semana, o meia Marco Antônio revelou que alguns atletas não estavam recebendo os pagamentos dos direitos de imagem há seis meses. Anselmo contou que no seu salário, o atraso está em quatro meses, ou seja, desde que chegou ao Náutico. A partida contra o Santa Cruz será na Arena de Pernambuco às 16h.

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