Mulheres se destacam no caratê paraense
Atletas conquistam títulos importantes e quebram preconceitos no mundo das artes marciais
Quebrando preconceitos ainda presentes no universo das artes marciais, as mulheres paraenses têm ampliado sua participação e conquistado títulos importantes no caratê. Bruna Magalhães, 19 anos, é instrutora na Academia Machida e membro da Seleção Brasileira da Japan Karate Association (JKA Brasil). Em sete anos de prática do esporte, Bruna já alcançou pódio em competições nacionais e continentais.
Campeã pan-americana em setembro do ano passado, no Peru, Bruna também foi campeã brasileira de kata em 2018. "Já participei de campeonatos mundiais no Japão e na Irlanda, neste eu fiquei em 7º lugar no kata”, relembra a atleta.
Bruna Magalhães se tornou instrutora de caratê em agosto de 2018. Para ela, ter modelos femininos no ensino do esporte é fundamental para incentivar novas gerações a conquistarem a igualdade de gênero nos tatames. “Às vezes, com professores homens, muitas meninas não se sentem confortáveis, então é muito legal a gente se fazer como exemplo também, sinto que é uma forma de inspiração para outras garotas. Eu acho que a modalidade ainda é muito masculinizada, mas eu fico feliz em ver que cada vez mais mulheres entram no caratê”, relata.
A estudante de Direito Lívia Vale, de 18 anos, também é uma das representantes do Pará na Seleção Brasileira de Karatê da JKA. Com 10 anos de prática, a atleta faixa preta é pentacampeã brasileira pela JKA, além de ter subido aos pódios do campeonato sul-americano e pan-americano da modalidade.
Apesar das importantes conquistas, ela afirma que o fato de uma mulher praticar artes marciais ainda causa espanto em algumas pessoas. “Acho que ainda é um espaço em que a predominância de homens é muito maior, apesar do número de mulheres estar crescendo. Até a reação das pessoas é de surpresa quando eu digo que faço caratê. Muita gente ainda enxerga como um esporte masculino e acham que a mulher deveria fazer atividade delicada, que não tenha luta”, conta.
Para ela, espaços de treinamento que tratem com igualdade homens e mulheres são importantes para quebrar estereótipos e formar uma nova consciência entre os praticantes do caratê. “Na Academia Machida, onde treino, sempre me incentivaram e me colocaram como equivalente aos demais. Não há diferença e nós lutamos com os homens em pé de igualdade”.
Para este ano, Lívia está treinando para o Campeonato Pan-Americano de Karatê-Do Tradicional, que ocorrerá em agosto, na Colômbia. No futuro, a meta da atleta é chegar ao pódio em campeonatos mundiais. “Eu pretendo continuar no caratê até ficar bem velhinha, até quando der”, afirma.
Por Jobson Marinho, especialmente para o LeiaJá.