'Bolsonaro é filho de WhatsApp e fake news', diz Juninho

Em entrevista ao jornal The Guardian, o ex-atleta também fez críticas a Neymar

ter, 07/07/2020 - 13:53
OLFR Juninho é dirigente do Lyon atualmente OLFR

Juninho Pernambucano, em entrevista ao jornal inglês The Guardian, teceu críticas ao governo Bolsonaro, a Neymar e disse que não fala com cerca de 80% a 90% de sua família por divergências políticas. "Bolsonaro é um filho do WhatsApp e fake news", disse.

O ex-atleta criticou as medidas de combate ao novo coronavírus tomadas pelo governo federal. "Eu sinto uma profunda tristeza. Desespero. Estamos fazendo tudo errado, indo contra tudo que o resto do mundo está fazendo. sou brasileiro, eu sei que somos um país pobre e nosso povo precisa trabalhar, mas isso é uma questão de vida. Se tivéssemos um lockdown, poderíamos estar perto do fim disso, mas não, é desesperador ver nosso país agora", afirmou.

Atual dirigente do Lyon e residindo na França, Juninho  declarou que não está mais em contato com 80% a 90% de sua família por causa de desentendimentos sobre a política de Bolsonaro. "As pessoas que apoiavam Bolsonaro eram maioria e foi minha decisão me afastar delas. Eu sei que alguns estão se arrependendo de suas decisões agora. Eles acreditavam que Bolsonaro era a única opção."

"Bolsonaro é o resultado de um juiz orgulhoso como Moro no caso de Lula, uma cultura de ódio contra o Partido dos Trabalhadores e notícias falsas", completou.

Juninho disse que o Twitter, Facebook e WhatsApp decidiram a eleição no Brasil. O ex-jogador relatou que denuncia fake news constantemente. "Observe quantos canais de extrema-direita existem no YouTube. Eles ganham muito dinheiro para espalhar fake news, mas eles são autorizados pelo YouTube. Eu denuncio quase todo dia, mas eu raramente recebo uma resposta."

Na entrevista, Juninho também falou sobre a violência contra jovens negros na periferia no país. "Há milhares de George Floyds no Brasil e milhares de outros que têm sofrido em silêncio e nós não sabemos". A frase foi uma referência ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL), que disse não haver casos no Brasil como o de George Floyd, homem negro que morreu em abordagem policial nos Estados Unidos. "É desumano dizer que nós não temos George Floyds no Brasil. Os tiroteios acontecem todo dia. Gays são perseguidos também e essa é uma das coisas que mais fazem eu me irritar com apoiadores de Bolsonaro. No entanto, ninguém pode vencer o tempo. Algum dia todos descobrirão quem você realmente é."

O ex-atleta criticou Neymar e fez um paralelo entre o jogador e a sociedade brasileira, que seria gananciosa. "Ele foi para o PSG apenas por causa de dinheiro. O PSG deu tudo a ele, tudo que ele queria, e agora ele quer sair antes do fim do contrato. Mas agora é hora de devolver, de demonstrar gratidão. É uma troca. Neymar precisa dar tudo que ele pode no campo, mostrar dedicação total, responsabilidade e liderança. O problema é que o establishment no Brasil tem a cultura de ganância e sempre quer mais dinheiro. Isso é o que nos foi ensinado e o que nós aprendemos."

Ele continuou: "Eu preciso diferenciar entre Neymar como um jogador e Neymar como pessoa. Como jogador, ele está no top 3 do mundo, no mesmo nível de Cristiano Ronaldo e Leo Messi. Ele é rápido, forte, pode fazer gol e assistência como um verdadeiro número 10. Mas como pessoa, eu penso que ele é culpado porque precisa se questionar e crescer. No momento, porém, ele está fazendo o que a vida ensinou ele a fazer."

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