Caso Aldeia: julgamento é marcado para dezembro

O advogado de defesa diz que Jussara agiu em legítima defesa. Afirma ainda que o cardiologista Denirson era violento e batia em sua esposa

por Jameson Ramos qui, 25/10/2018 - 12:20
Reprodução/Facebook A perícia constatou que entre o dia 30 e o dia 31 de maio Denirson foi asfixiado em seu quarto Reprodução/Facebook

Está confirmado para os dias 7 e 14 de dezembro, no Fórum de Camaragibe, no Grande Recife, as audiências de instrução e julgamento da farmacêutica Jussara Rodrigues, de 54 anos, e do engenheiro Danilo Paes, 23; mãe e filho suspeitos de matar o médico Denirson Paes da Silva, 54. A confirmação foi dada pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco e pelo advogado de defesa dos suspeitos, Rafael Nunes.

O advogado de defesa alega que Jussara agiu em legítima defesa. Afirma ainda que o cardiologista Denirson era violento e batia em sua esposa, que em 2015 "cansou das agressões e procurou a Delegacia da Mulher, onde foi deferido medidas protetivas". Rafael aponta que Denirson "não cumpriu as medidas e continuou as agressões", tendo sido necessária a "requisição do apoio policial e ele saiu de lá [de sua casa] algemado no camburão da polícia", informa Rafael Nunes.

O jurista diz ainda que Jussara, com um tempo, foi ameaçada e por conta disso retirou o interesse da medida protetiva. "Ele maltratava, humilhava por ganhar melhor, alimentava um relacionamento paralelo, batia gratuitamente [na esposa] e no dia do fato ela cansou de apanhar e reagiu. Ele [Denirson] não esperava por isso e aconteceu a tragédia onde ele bateu com a cabeça no chão", aponta o advogado.

Segundo apontamentos das investigações, além da traição citada pelo advogado, seriam motivações do crime a separação iminente e a consequente mudança de padrão de vida a qual Jussara seria submetida.

A perícia constatou que entre o dia 30 e o dia 31 de maio Denirson foi asfixiado em seu quarto. O corpo foi arrastado por cerca de seis metros até um corredor na área externa, onde houve uma tentativa fracassada de carbonização e, em seguida, a serragem em duas partes do corpo da vítima.

A audiência de instrução e julgamento, previstos para acontecer nos dias 7 e 14 de dezembro, são audiências onde as pessoas arroladas no caso, como peritos, policiais, testemunhas de acusação e de defesa serão ouvidas. O advogado explicou ao LeiaJá que se no final dessas ouvidas o juiz entender que há elementos para "pronunciar", será marcado um júri popular que definirá o caso.

Já que nos crimes dolosos contra à vida o juiz não condena diretamente e o máximo que ele pode dar é uma sentença de pronúncia, ou seja, a competência para julgar é do júri popular e, depois de decidido pelo tribunal, o juiz definirá qual pena será imposta aos (possíveis) praticantes do crime. "Isso só não acontecerá se o juiz definir que não há elementos suficientes para culpar os envolvidos e decidir pela absolvição", relata o advogado de defesa da família Rafael Nunes.

O caso

A prisão preventiva da farmacêutica Jussara Rodrigues e o seu filho, o engenheiro Danilo Paes, foi definido na manhã do dia 31 de agosto, por homicídio triplamente qualificado (motivo fútil, meio cruel e sem possibilidade de defesa) e ocultação de cadáver.

Foi Jussara quem procurou a Delegacia de Camaragibe para registrar o desaparecimento do companheiro, ocorrido no dia 31 de maio. Na época, ela alegava que o marido teria viajado e não mais voltado.

A polícia começou a suspeitar porque Jussara havia demorado para relatar o desaparecimento do seu esposo, que estava sumido há mais de duas semanas quando ela denunciou e não havia movimentação na conta bancária dele. A polícia aponta que o crime pode ter sido premeditado.

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