Indígena sofre atentado após reunião da Funai

Povo Ava-Guarani luta por demarcação de terra no oeste paranaense

qua, 07/11/2018 - 19:11
Acervo pessoal Ava-Guarani Donecildo Agueiro Acervo pessoal

O indígena Donecildo Agueiro, de 21 anos, do povoado Ava-Guarani, sofreu atentado a tiros, em Guaíra-PR, após sair de reunião da Coordenação Técnica Regional da Fundação Nacional do Índio (Funai) sobre demarcação de terras na região na terça-feira (6). Depois do ocorrido, Donecildo Agueiro não está sentindo as pernas. Ele se encontra internado no Hospital Regional de Toledo e será operado na quinta-feira (8).

Segundo o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), omissão e morosidade na regularização de terras indígenas são os responsáveis pelo ocorrido. O cenário de violência enfrentado pelos indígenas em Guaíra teria se acentuado desde 2012.

"Sofremos constantes ameaças, racismo, violência com arma de fogo, entre outras agressões. Os casos são extremamente recorrentes, inclusive com sequestro de indígenas para o Paraguai. A situação acalmou um pouco em 2017, com o trabalho do Ministério Público Federal (MPF) na região. Agora, as agressões voltaram a acontecer após a divulgação do Relatório Circunstanciado de Identificação e Delimitação da Terra Indígena, emitido pela Funai”, explicou o cacique do Tekoha Y'Hovy.

O cacique diz ainda que um grupo de fazendeiros estaria estimulando a violência contra os povos indígenas. A Polícia Civil ainda teria se recusado a registrar o Boletim de Ocorrência (BO) do atentado de Donecildo Agueiro. “O Registro foi feito somente após a presença de um representante da Funai na Delegacia de Polícia e não é a primeira vez que essa recusa é manifestada, infelizmente", lamentou uma missionária do Cimi.

Em 2013, os Ava-Guarani do oeste paranaense realizou manifestações por demarcação de terras, saúde e educação. De acordo com o cimi, o povo Ava-Guarani não tinha acesso aos direitos mais básicos, como água potável e saneamento, chegando também a passar fome.

Em 2017, foi assinado um manifesto de apoio às comunidades Guarani do oeste paranaense contra o discurso de ódio praticado por grupos que se opunham à presença dos índios. Grupos de trabalho da Funai estariam sendo coibidos de realizar estudos demarcatórios.

Já em setembro deste ano, o Observatório da Temática Indígena da América Latina (OBIAL), no âmbito do Instituto Mercosul de Estudos Avançados (IMEA) da Universidade Federal da Integração Latino-Americana, manifestou publicamente sua preocupação com relação as ações de reintegração de posse, em curso, impetradas por Itaipu Binacional contra comunidades Ava-Guarani.

Com informações da assessoria

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