Estudante é humilhado no porto hidroviário de Barcarena

Dono de embarcação negou gratuidade prevista em lei e tentou impedir que universitário viajasse

por Rosiane Rodrigues ter, 05/02/2019 - 11:37
Jhonata Chaves/LeiaJáImagens Terminal hidroviário de Barcarena: filas e confusão por causa da gratuidade Jhonata Chaves/LeiaJáImagens

Jhonata Chaves, 20 anos, estudante do curso de Jornalismo da UNAMA - Universidade da Amazônia, foi humilhado e constrangido na manhã de sexta-feira (1), no porto hidroviário de Barcarena, município onde o estudante mora. Isso porque o dono da embarcação não quis aceitar a gratuidade prevista em lei.

Todos os dias Jhonata, que cursa o último ano de Jornalismo, usa a embarcação para chegar até Belém. Na sexta-feira, porém, o funcionário da embarcação Josiane, da empresa Amazonat, identificado como Silas, se recusou a aceitar a gratuidade, conforme prevê a lei municipal Nº 1901/97. "O barco não queria me levar. Havia cinco vagas de gratuidade de estudante e eu era o único na fila. No guichê me mandaram ir pro final da fila normal de passagens. Há três filas. Idosos, aluno e pagante. Eu não fui pra fila do pagante porque isso nunca existiu. Os estudantes chegam no guichê e lá tem um caderno onde assinamos o nome, colocamos nosso RG e pegamos a gratuidade de acordo com uma cota instituída por cada embarcação em acordo com o Ministério Público, depois de muita luta dos estudantes, pela falta de cumprimento da lei", estudante, indignado.

Jhonata afirmou que, durante a confusão, o barqueiro ligou para o superior dele, mas este ordenou que o aluno fosse para o final da fila de pagantes, porque não existia fila de aluno, mas outros alunos que pagaram a passagem, porque ainda não estudando, se aproximaram e afirmaram que existe fila para estudantes. Só com a presença de policiais, que passavam pela frente do local, e foram chamados por Jhonata, a entrada do estudante no barco foi permitida. 

"A polícia ia passando e eu corri até a viatura. Chegando, a polícia pediu para falar com o tal superior. Eles mudaram todo o discurso, que existia sim a fila de estudante, que era para dar a passagem. Tudo isso é estratégia para não levar estudante que tem direito de gratuidade 100% com uma lei municipal de 1997. Enquanto eu exigia minha passagem, deu a lotação do barco e várias pessoas ficaram pra trás, para a próxima viagem. Ou seja, estratégia. Se eu tivesse ido para o final da fila do pagante, não ia ter passagem para mim. Como não teve pros pagantes. Assim eles não levam nenhum aluno e fica por isso mesmo. Com a polícia lá mandaram eu entrar no barco", ressaltou Jhonata.

O estudante disse que as pessoas que estavam no local se ofereceram para pagar a passagem dele, mas ele se recusou. "Não deixei. Porque é uma lei. Na lei do passe consta uma tal fiscalização no porto, mas não há. O aluno liga para a Secretaria de Educação, mas eles dizem que a função deles é só dar o passe. Ou seja, não fiscalizam e a gente sofre todo dia. Chorei muito. Só gostaria que a prefeitura criasse uma forma de fiscalização de uma lei. Ou trabalhar em conjunto com a Polícia Militar, ou pôr fiscais no porto de manhã e à tarde, ou disponibilizar uma equipe fiscalizadora que nos atenda por um número de telefone por qualquer desrespeito", afirmou.

Em nota, a prefeitura de Barcarena informou que "todo estudante que mora em Barcarena e é aluno de ensino superior em Belém tem direito a passe livre no transporte fluvial. Isso é garantido por lei municipal. O estudante, com o passe em mãos, que se sentir prejudicado na hora do embarque, deve denunciar o fato à Procuradoria do município. A lei garante o passe".

 

 

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