Operação em comunidades de Santa Teresa deixa 13 mortos

Nas intervenções, os agentes apreenderam três fuzis, 12 pistolas e seis gramadas, além de dois radiocomunicadores

sex, 08/02/2019 - 17:27
YASUYOSHI CHIBA O bondinho de Santa Teresa, no Rio de Janeiro, passa por um sinal de alerta contra roubos em um poste de eletricidade YASUYOSHI CHIBA

Uma operação da Polícia deixou pelo menos 13 mortos nesta sexta-feira (8) em comunidades de Santa Teresa, bairro do centro do Rio, informaram as autoridades locais.

"Deram entrada no Hospital Municipal Souza Aguiar 14 baleados, sendo 13 em óbitos e um segue em estado grave no CTI da unidade", informou a Secretaria Municipal de Saúde em nota enviada à AFP.

A Polícia Militar (PM) havia informado pouco antes, pelo Twitter, que a intervenção havia deixado 12 criminosos baleados nas comunidades do Fallet, Fogueteiro e Coroa, todas no bairro turístico de Santa Teresa.

Desde a madrugada de sexta-feira, os agentes realizavam operações em várias comunidades do centro da cidade, "devido a devido a tiroteios na região provocados por disputa entre grupos criminosos", informou a PM em um comunicado.

No morro do Fallet, os policiais do Batalhão de Choque "foram recebidos a tiros e houve confronto", após o qual "dez criminosos feridos foram encontrados em vias da comunidade e foram socorridos para o Hospital Municipal Souza Aguiar".

A operação no vizinho Morro dos Prazeres deixou outros dois suspeitos feridos, segundo o primeiro comunicado da Polícia, que não reportava mortos.

Nas intervenções, os agentes apreenderam três fuzis, 12 pistolas e seis gramadas, além de dois radiocomunicadores.

Um vídeo postado na página do jornal O Dia mostra vários policiais colocando corpos na parte traseira de um carro.

"Não iremos parar. Conte com a #PolíciaMilitar", diz o organismo ao final de um tuíte em que reportou o ocorrido.

- Letal -

As favelas, onde vivem quase um quarto dos seis milhões de moradores do Rio, são frequentemente cenário de tiroteios durante as operações policiais contra o tráfico de drogas ali instalado ou confrontos entre facções criminosas rivais.

Segundo a imprensa, uma guerra entre facções dos morros da Coroa e Fallet pelo controle do tráfico teria se intensificado desde a quarta-feira.

Segundo estado mais rico e o terceiro mais populoso do país, o Rio sofre com uma forte onda de criminalidade que se agravou no apagar das luzes dos Jogos Olímpicos de 2016.

No ano passado, o País registrou um recorde de 63.800 mortes violentas, 30,8 por 100.000 habitantes, mas no Rio, a taxa é de 40,4/100.000, segundo a ONG Fórum de Segurança Pública.

Além da letalidade do crime, organismos de direitos humanos denunciam o uso por vezes desmedido da força por agentes da lei, especialmente nas favelas. Em 2017, 1.127 pessoas morreram em intervenções policiais no estado do Rio, segundo o último informe do organismo. Este mesmo ano, 104 agentes foram assassinados, a maioria fora de serviço.

A criminalidade é, consequentemente, um dos temas que mais preocupam os brasileiros, que elegeram no ano passado candidatos com discursos favoráveis ao combate sem trégua contra a delinquência, caso do presidente Jair Bolsonaro e do governador do Rio, Wilson Witzel.

No mês passado, Bolsonaro publicou um decreto que autoriza a posse de armas e a bancada da segurança no Congresso quer autorizar também o porte em uma estratégia questionada para reduzir a criminalidade.

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