Tailândia: Partidos medem forças para formar novo governo

A junta militar atualmente no poder tem as principais cartas na mão para virar um governo civil, já que os resultados preliminares indicam que seu partido conseguiu uma inesperada maioria do voto popular

ter, 26/03/2019 - 06:56
YE AUNG THU O primeiro-ministro da Tailândia, Prayut Chan-O-Cha, toca uma flauta tradicional em 26 de março de 2019, antes de uma reunião de gabinete YE AUNG THU

Grupos políticos rivais iniciaram uma disputa com a esperança de formar um governo na Tailândia, depois de eleições legislativas marcadas por denúncias de irregularidades.

A junta militar atualmente no poder tem as principais cartas na mão para virar um governo civil, já que os resultados preliminares indicam que seu partido conseguiu uma inesperada maioria do voto popular.

A Comissão Eleitoral informou que, com 94% das urnas apuradas, o partido Phalang Pracharat recebeu 7,6 milhões de votos.

O resultado dá ao partido e a seu candidato, o atual primeiro-ministro e líder da junta militar Prayut Chan-O-Cha, uma forte legitimidade, embora a legislação tenha sido projetada para favorecer o candidato governista.

Se o resultado for confirmado, representaria uma vantagem de 400.000 votos sobre o partido Pheu Thai, que foi afastado do poder pela junta militar no golpe de 2014.

O Pheu Thai, no entanto, deve confirmar o posto de maior partido na Câmara dos Deputados, com quase 40 cadeiras a mais que o partido do governo.

Neste cenário, os analistas preveem dias e até semanas de negociações, já que os dois partidos reclamam o direito de formar um novo governo.

Prayut, um rígido comandante militar, protagonizou inesperadas propagandas durante a campanha. "Se você quer alguma coisa, tem que fazer você mesmo", disse Prayut a um grupo de estudantes.

"Eles dizem que se lançarmos esperanças e sonhos no ar isto é como soltar uma pipa no céu", acrescentou, sem oferecer explicações sobre o significado da frase.

Além das frases enigmáticas, agora resta definir como e quem formará o novo governo. O Pheu Thai afirmou na segunda-feira que como partido majoritário tem o direito de formar uma coalizão no lugar da junta militar.

Para conquistar o objetivo precisa do apoio do partido Future Forward, que recebeu quase cinco milhões de votos e se consolidou como a terceira maior formação do país.

Este último partido conseguiu uma forte adesão dos mais jovens, atraídos por sua plataforma de reformas econômicas e no segmento militar.

"Estamos dispostos a formar uma coalizão com o partido com o maior número de cadeiras", afirmou o jovem candidato Thanathorn Juangroongruangkit.

Outro pequeno partido, Bumjaithai, que representa a milionários que alternam sua lealdade, deve ser crucial para definir a situação a favor ou contra da junta militar.

Este partido propôs para o cargo de primeiro-ministro Anutin Charnivirakul, 52 anos, quem prometeu reforçar a arrecadação no setor rural com o cultivo de maconha medicinal. Charnivirakul era um alto funcionário do governo que foi destituído pelo golpe de 2014.

As eleições também foram marcadas por questionamentos. Milhões de votos anulados, controle irregular dos centros de votação e críticas às autoridades eleitorais marcaram o processo.

Várias províncias anunciaram um número de votos superior ao número de eleitores registrados, algo que a Comissão Eleitoral atribuiu a uma "falha humana".

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