Professor cobra mais consciência sobre a diversidade

Historiador Diego Pereira Santos diz que a sociedade brasileira contemporânea precisa entender que o país é formado por diferenças raciais, sociais e econômicas e que é necessário estabelecer debate sobre o assunto

sex, 29/03/2019 - 17:19
Brenna Pardal/LeiaJáImagens Para o professor Diego Pereira Santos, a melhor forma de combater a discriminação é por meio da educação Brenna Pardal/LeiaJáImagens

De cada 100 vítimas de homicídio no Brasil, 75 são negras, dizem estudos divulgados pela ONG Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Oa dados ganharam destaque neste mês de março por causa da passagem do Dia Internacional contra a Discriminação Racial (21), data que reacende o debate sobre o preconceito.

O Brasil, segundo a ONU, foi o último país a abolir a escravidão no mundo ocidental, em 1888, e somente um século depois o crime de racismo foi incluído na Constituição como inafiançável e imprescritível. O professor e coordenador do curso de História da UNAMA – Universidade da Amazônia, Diego Pereira Santos, diz que o preconceito é histórico no Brasil e decorrente da colonização europeia. “O nosso país por muito tempo vivenciou uma relação de práticas escravistas. Quando a gente soma a visão ocidental europeia do negro como inferior e se vale disso, compreende que o Brasil passou a pensar o negro também como um sujeito que não deveria ocupar o mesmo lugar social que os brancos”, relata.

A data é comemorada no dia 21 de março em alusão ao Massacre de Sharpeville: 69 pessoas foram mortas, em 1960, na África do Sul, durante o regime discriminatório apartheid. Para o professor Diego, nos dias atuais não seria possível a formação de um governo segregacionista ou racialmente branco, nos moldes do apartheid. Mas ações sectárias, como seitas racistas, podem dar voz ao preconceito e estimular a violência contra as minorias. “Quando você tem um governo que passa a pensar que a sociedade é feita por discriminação, e não como um todo, você dá voz a sujeitos racistas, faz com que eles não se tornem sujeitos calados”, observa.

O professor ainda alerta para o perigo do racismo velado. “Estamos em um momento muito complicado, porque as pessoas mascaram, mas por trás das suas ações nós conseguimos perceber o quanto elas discriminam, aí de fato a ação racista é mais concreta”, diz.

Segundo Diego, a melhor forma de combater o preconceito racial no Brasil é por meio da formação e, principalmente, educação. “Precisamos ter uma relação de equidade, não uma sociedade onde todos sejam iguais, mas sim uma na qual haja um equilíbrio dentro da própria sociedade, e esse equilíbrio permite que tenhamos uma relação de muito mais valor, e que a gente possa ter comportamentos de aceitação da diferença”, finaliza o professor.

Por Lucas Neves.

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