Avanços na medicina e prevenção ajudam a combater o câncer

No dia 8 de abril, data criada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), especialista alerta para a importância do diagnóstico precoce e dos tratamentos da doença

seg, 08/04/2019 - 15:13
Divulgação Oncologista Paula Sampaio: prevenção é o melhor caminho contra o câncer Divulgação

Até os 75 anos de idade, de acordo com as estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA), 1 em cada 5 brasileiros deve desenvolver algum tipo de câncer. Estar bem informado é o primeiro passo para se prevenir. Por isso são tão importantes essas ações que envolvem diversos países na luta contra a doença, como o Dia Mundial de Luta Contra o Câncer, comemorado nesta segunda-feira, 8 de abril. A data foi criada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Informação e diagnóstico precoce fazem toda a diferença no tratamento. Os avanços recentes da medicina no combate a doenças que ainda não possuem cura ou que são de difícil tratamento apontam para novas perspectivas.

Pesquisadores que atuam no aprimoramento de uma terapia que utiliza os recursos do próprio sistema imunológico para atacar as células cancerígenas, a chamada imunoterapia. A oncologista Paula Sampaio destaca que a imunoterapia é, de fato, um dos grandes avanços registrados no campo da oncologia. “A imunoterapia nada mais é do que estimular o seu próprio organismo a agir contra a doença, por isso ela é menos invasiva”, ressalta. “Infelizmente, não é todo mundo que responde à imunoterapia, mas aqueles que respondem, respondem muito bem”.

Os avanços no tratamento oncológico são relacionados ao que os médicos classificam como "medicina personalizada". "Antigamente a gente usava o mesmo tratamento para todo tipo de câncer. Hoje não é mais assim. Fazemos todo um estudo de cada paciente e se conseguimos verificar que ele responde melhor a uma determinada droga e outro, mesmo que tenha o mesmo tipo de câncer, pode responder melhor a outra droga”, explica a médica.



Essa conduta não se restringe exclusivamente ao tratamento quimioterápico. Paula Sampaio destaca que houve muitos avanços na radioterapia e na cirurgia, outros meios de tratamento oncológico tradicionais. “Tivemos grandes avanços na cirurgia. Antigamente, as melhores cirurgias eram as maiores. Hoje, mudou completamente: a gente tira o mínimo que a gente pode, mantendo a mesma eficácia.”



Diante do aumento das chances de cura e da obtenção de técnicas de tratamento que proporcionam uma melhor qualidade de vida ao paciente, a oncologista reforça que as perspectivas são de um avanço cada vez mais significativo na área. “As pesquisas não param. Então, a cada mês a gente tem novos lançamentos, novas drogas e novas indicações”, aponta Paula Sampaio.



“Nos casos de doença inicial, com o diagnóstico precoce, já temos a possibilidade de cura há muitos anos. O problema é quando a doença é diagnosticada em estágios avançados. Com as pesquisas, hoje já falamos em cura de pacientes com doença disseminada. Cada vez mais, temos conseguido a cura de mais pacientes e com tratamentos cada vez menos agressivos”, comemora.

Com cerca de 600 mil novos casos por ano estimados pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA) para 2019, o câncer é a segunda causa de morte, por doença, na população brasileira, resultando na morte de 25 mil pessoas por ano.



Incidência em alta

A medicina reconhece mais de 200 tipos de câncer. De acordo com Atlas do Câncer, editado em 2016, a estimativa é de que em 2030 o mundo terá 22 milhões de pessoas com câncer. Os maiores índices de aumento devem ser registrados nos países da Ásia, África e América Latina, com 70% de crescimento na incidência da doença.



O INCA aponta os cinco tipos de maior incidência no Brasil (excetuando o câncer de pele não melanoma): 1) Próstata 2) Mama 3) Colo de útero 4) Traquéia, Brônquios e Pulmão 5) Colon e Reto. Juntos, esses cânceres são responsáveis por 211.580 novos casos por ano no Brasil. No Pará, os mais incidentes são próstata, mama, colo de útero e traquéia, brônquios e pulmão - responsáveis por 3.170 novos casos por ano (excetuando o câncer de pele não melanoma).



Durante o I Simpósio Amazônico de Câncer de Mama, realizado em Belém, em 2018, o oncologista Sérgio Simon, presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), apresentou dados preocupantes. Enquanto a mortalidade por câncer de mama caiu 39% entre 1989 e 2015, nos Estados Unidos, a doença continua em crescimento no Brasil.



Ele lembrou que o tratamento do câncer de mama é responsável por 2/3 da redução de mortalidade, enquanto o rastreamento resulta em 1/3 da redução de mortalidade. Para melhorar esses índices, seria necessário ter registros de câncer mais completos, a fim de melhor entender as características, os tratamentos e os desfechos de câncer de mama no Brasil.



Mudança de hábitos 

A oncologista clínica Paula Sampaio ressalta que melhor do que tratar o câncer, obviamente, é não ter a doença. Por isso, antes de contar apenas com os avanços da medicina, as pessoas devem buscar a prevenção.



Mais de 30% dos cânceres são considerados evitáveis, pois possuem relação direta com o estilo de vida. A médica cita estatísticas oficiais, que comprovam os benefícios da chamada prevenção primária, que é aquela capaz de evitar o câncer. “De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), pelo menos 33% dos cânceres mais comuns podem ser evitados cortando o cigarro, diminuindo o consumo de álcool e adotando dietas mais saudáveis. Evitar a exposição ao sol sem proteção e o sedentarismo também são fatores fundamentais. A OMS estima que somente o abandono do hábito de fumar aumenta a proteção contra a doença em cerca de 50%”, destaca Paula.



A melhor maneira de diminuir as chances de ter câncer passa pela adoção de um estilo de vida saudável, o que significa seguir recomendações já bem conhecidas, como praticar atividades físicas e ter uma boa alimentação.



Quem se alimenta bem durante a vida toda dificilmente terá câncer de estômago. Para a prevenção do câncer de colo do útero, a vacinação contra o HPV e a prática de sexo seguro são recomendações extremamente importantes e os tumores de pulmão estão diretamente relacionados ao consumo de tabaco, que está na origem de 90% dos casos.

Por Dina Santos, especialmente para o LeiaJá.

 

 

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