Especialista alerta para controle do endividamento
Compras de fim de ano podem contribuir para quebrar orçamentos. Economista orienta consumidores.
As compras de fim de ano são sempre uma preocupação para o brasileiro. As semanas que hospedam a Black Friday, o Natal e o Ano-Novo são de grande movimento nas lojas. Muitas vezes, os gastos extras se tornam uma dor de cabeça para os consumidores.
As técnicas para reduzir o peso no bolso são muitas. Algumas pessoas compram com antecedência; outras, em cima da hora. Muitas pagam à vista, e outras, em várias prestações. Cada um escolhe o que mais vantajoso, e as ofertas ao resultam em uma verdadeira corrida com os carrinhos de compra.
Simone Lucena e Brenda Moab são mãe e filha. Cada uma tem seu próprio jeito de planejar as compras de fim de ano. “Eu geralmente compro as minhas coisas em cima da hora, mesmo. Mas às vezes, há situações assim, por exemplo: eu já comprei o sapato que vou usar no Natal, porque eu achei que estava com um bom preço, bonito e daria pra qualquer tipo de roupa que eu fosse usar”, diz Brenda. “Então varia muito: se eu tenho dinheiro, se eu não tenho dinheiro; se vai dar pra pagar, se não vai dar pra pagar...”, comenta.
“Quando os meus filhos eram pequenos, eu tinha essa preocupação de organizar com antecedência a roupa do Natal, do Ano-Novo, até porque eu viajava. Mas há mais ou menos seis, sete anos que eu não me organizo mais. Eu apenas espero a data acontecer e ela passar”, diz Simone. “Eu cheguei ao ápice de comprar uma coisa pra usar no Natal em março. Mas depois eu perdi um pouco esse encanto de ficar me organizando, e digamos que hoje eu me detenho apenas em ver a comida que vai ser, o que vai ser servido”, comenta.
Como nem sempre se compra apenas o planejado, e por vezes isso resulta em endividamento, é necessário estar alerta para esse risco, que pode trazer diversos problemas para os consumidores. João Claudio Arroyo, mestre em Economia e professor da UNAMA - Universidade da Amazônia, observa que a aproximação do fim de ano, com o décimo-terceiro, beneficia os trabalhadores assalariados e, também, os empreendedores, pequenos, médios e principalmente os grandes. “Com esse aumento de renda circulando, o consumo, que é a base da economia de mercado, ativa a economia, e várias oportunidades são criadas. Mas ao mesmo tempo em que gera um aquecimento geral da economia, também exige do consumidor um esforço de racionalidade”, comenta.
João Arroyo dá dicas de como economizar e evitar transtornos financeiros. “O primeiro trabalho que o consumidor tem que fazer é de autopercepção, de autoconsciência da sua disponibilidade de renda e daquilo que é realmente importante fazer”, diz o economista. “É preciso que a gente qualifique esse ato de consumo. Primeiro, planejando. Se for possível, antecipar a compra, porque quando você compra fora do grande fluxo, a tendência é que o preço esteja um pouco mais baixo”, explica. “É muito importante que a pessoa pense nesse consumo, no significado desse consumo, pense no valor que esse consumo vai estar proporcionando para as pessoas envolvidas”, conclui.
Por Afonso Serejo.