13° e FGTS: pagar conta? Consumidores querem comprar mais
No Centro do Recife, ruas intransitáveis e lojas que não cabiam mais ninguém
Nesta sexta-feira (20), com a liberação da última parcela do 13º salário, além do saque imediato complementar do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para os não correntistas da Caixa Econômica Federal nascidos entre janeiro e outubro, e para os correntistas nascidos em qualquer mês, o Centro do Recife estava tomado pelos consumidores que só pensam em uma coisa: comprar.
Em algumas lojas não cabia mais ninguém - até para acessar qualquer serviço nas agências bancárias estava difícil e filas se formavam para que as pessoas pudessem entrar e sair dos locais. Darana Nascimento, 25 anos, atendente de telemarketing, sacou hoje a segunda parcela do seu 13º salário. A jovem é uma daquelas pessoas que, mesmo com dívidas, pretende comprar presentes para a família e garantir a ceia de Natal.
"A gente passa o ano todo trabalhando, se estressando com os clientes e quando chega o fim de ano a gente só quer se presentear por conta de tudo aquilo que tivemos que passar para garantir o salário de todo mês", acentua Darana.
Em setembro deste ano a CAIXA começou a liberar o saque imediato de até R$ 500 por conta ativa ou inativa do FGTS. Neste mês de dezembro, o governo resolveu autorizar a liberação de saque da totalidade das contas que, em 24 de julho deste ano possuíam saldo de até R$ 998. Sendo assim, os R$ 498 restante da conta podem ser sacados pelas pessoas que estejam dentro das regras.
Essa liberação facilitou a vida de Kleide Oliveira, 46 anos. Desempregada e sem perspectiva de emprego, a mulher, que tem 4 filhos, até então não sabia como ia ser o seu fim de ano. Agora, com essa "renda extra", a desempregada vai poder vestir os seus filhos como tanto deseja. "A situação do país ainda não está boa, neh? Eles liberando esse dinheiro, que já era nosso, facilita muito a vida de quem não tinha conseguido um emprego. Estou muito feliz que meu ano vai acabar melhor do que imaginei.", exclama.
Só com o pagamento do 13º salário, o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) estima a injeção de, pelo menos, R$ 214 bilhões na roda financeira do Brasil. Segundo pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), neste ano, mais brasileiros vão utilizar o recurso para adquirir presentes. Houve um aumento de 23% para 32% em relação a 2018 no percentual. O pagamento de dívidas é a quarta opção mais citada, com 15%.