Março Lilás marca prevenção ao câncer de colo do útero

No Brasil, a doença é o terceiro tipo mais comum de câncer em mulheres e o que maior incidência tem na região Norte

sex, 06/03/2020 - 17:36

Embed:

O mês de março, além de marcar o Dia Internacional da Mulher, é dedicado também à campanha de prevenção do câncer de colo do útero. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), a região Norte se destaca no cenário nacional pela alta incidência de câncer uterino. É a maior causa de morte por câncer entre mulheres, superando o câncer de mama, que é o maior do país. O Março Lilás busca conscientizar as mulheres sobre a importância de se prevenir contra o câncer e os riscos da doença.

Um dos principais fatores que levam ao desenvolvimento do câncer de colo de útero é o vírus do HPV (Papiloma Vírus Humano), que infecta a pele ou mucosas (oral, genital ou anal), tanto de homens quanto de mulheres, provocando verrugas anogenitais (região genital ou o ânus) e é transmitido por meio de relações sexuais. Outras formas de transmissão, muito mais raras, são pelo contato com verrugas de pele, compartilhamento de roupas íntimas ou toalhas e a transmissão vertical, ou seja, da mãe para o feto, que pode ocorrer durante o parto.

Por ser sexualmente transmissível, a forma de prevenção do HPV é o sexo seguro, com o uso da camisinha. Outra medida preventiva é a vacinação contra o HPV. Disponibilizada na rede pública desde 2014, a vacina é considerada segura e de alta capacidade de imunização. O Ministério de Saúde, desde 2017, estendeu a vacina para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos.

Carolina Moraes, 19 anos, universitária, nunca deixou de se vacinar, pois a mãe é farmacêutica e tem como prioridade informar sobre a importância da vacina a todos que estão ao redor. “Tomei a primeira dose da vacina do HPV com 13 anos, e quando abriu a segunda, não estava mais na faixa etária, e para tomar teria que pagar em hospital particular”, afirma.

De acordo com a oncologista Paula Sampaio, a vacina deve ser feita de modo isolado das outras. São recomendadas duas doses com intervalo de seis meses entre uma e outra. “Acredita-se que tem nove anos de imunização”, afirma.

Existem mais de 200 tipos de HPV. Até hoje 150 foram identificados. Entre esses tipos, 14 apenas podem causar lesões precursoras de câncer, como câncer de colo de útero, garganta, ânus, cabeça, língua, pescoço e boca. Essa vacina protege contra os tipos de 6, 11, 16 e 18 do HPV. Os dois primeiros causam verrugas genitais e os dois últimos são responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer do colo do útero.

Segundo a oncologista Paula, os pré-adolescentes vacinados antes do primeiro contato sexual têm menos possibilidade de ser infectados. Apesar de o HPV ser contagioso, ele não é patogênico, ou seja, capaz de produzir doenças infecciosas aos seus hospedeiros sempre que estejam em circunstâncias favoráveis. “A doença é silenciosa, pois não basta ter o contágio, tem que ter uma infecção persistente, e o sistema imunológico está fragilizado”, disse a médica. “Cerca de 70% das mulheres já tiveram contágio sexualmente ou contato com o vírus do HPV. Menos de 5% vão evoluir para um câncer de colo uterino. No Brasil, são esperados 16 mil casos, e 30% vêm a falecer.”

Toda mulher que tem ou já teve vida sexual e que está entre 25 e 64 anos de idade deve realizar o preventivo do câncer do colo do útero (Papanicolau) para detectar lesões precursoras e fazer o diagnóstico precoce da doença. É indolor, simples e rápido. O exame pode ser realizado a cada três anos. Para maior segurança do diagnóstico, os dois primeiros exames devem ser anuais. Se os resultados estiverem normais, sua repetição só será necessária após três anos.

“Costumo ir com frequência à ginecologista e fazer os exames preventivos. Sei da importância de se cuidar para prevenir o câncer do colo de útero, entre outras doenças”, afirma Carolina.

Para garantir um resultado correto, a mulher não deve ter relações sexuais (mesmo com camisinha) no dia anterior ao exame; evitar o uso de duchas, medicamentos vaginais e anticoncepcionais locais nas 48 horas anteriores à realização do exame. É importante também que não esteja menstruada, porque a presença de sangue pode alterar o resultado.

Mulheres grávidas também podem se submeter ao exame, sem prejuízo para sua saúde ou a do bebê. Pode ser feito em postos de saúde da rede pública. A realização periódica permite reduzir a ocorrência e a mortalidade pela doença.

Por Amanda Martins.

 

 

COMENTÁRIOS dos leitores